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Ex-subprefeita da Lapa é presa por suspeita de comandar esquema de corrupção

Taxas cobradas chegariam a até R$ 15 mil e teriam como foco a região de Pompeia; outros dois suspeitos estão presos

9 set 2022 - 15h45
(atualizado às 15h55)
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Sub-prefeitura da Lapa
Sub-prefeitura da Lapa
Foto: Google

SÃO PAULO - Ex-subprefeita da Lapa, a pedagoga Fernanda Maria de Lima Galdino, de 44 anos, foi presa preventivamente pela Polícia Civil de São Paulo nesta sexta-feira, 9, por suspeita de comandar um esquema para cobrar propina de comerciantes e moradores da região em troca de alvarás indevidos. A prisão foi determinada pela Justiça após provas coletadas em investigação do Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP).

Conforme informações preliminares, as suspeitas são de que as taxas cobradas chegariam a até R$ 15 mil e teriam como foco a região de Pompeia, onde fica o estádio Allianz Parque. Presa em um apartamento em Guarulhos, na Grande São Paulo, a ex-subprefeita tornou-se ré e agora responde pelos crimes de concussão e extorsão. Além dela, que foi exonerada do cargo no fim do último mês, dois suspeitos de integrar o esquema também estão presos. Fernanda estava no cargo desde julho de 2021.

Chefe da Divisão de Capturas do Departamento de Operações Policiais Estratégicas (Dope) da Polícia Civil de São Paulo, a delegada Ivalda Aleixo afirma que o esquema começou a ser investigado há alguns meses, com a prisão em flagrante de uma funcionária da Subprefeitura. "O Ministério Público passou a fazer as investigações com aquelas informações e chegou, vamos chamar assim, nos líderes dessa organização, que arrecada dinheiro mediante propina, liberação de alvará, benefícios, entre outros."

De acordo com a delegada, as informações coletadas até agora apontam que o grupo montou "um verdadeiro balcão de negócios na Subprefeitura para beneficiar algumas pessoas". "(O esquema permitia) Até construir em terreno da Prefeitura sem as formalidades legais, sem passar pelos trâmites de uma eventual licitação", explicou Ivalda, que afirmou que as investigações ainda podem chegar a mais pessoas.

"Tem uma associação criminosa aí, ouso a falar que talvez até uma organização criminosa. Tem líder, tem procedimentos, tem padrão, tem uma taxa, tem tabela. Então, ela sendo a líder, que é também o que tudo indica, ela hoje está sendo presa por concussão, porque está exigindo de alguém uma vantagem indevida em razão do cargo", explicou a delegada, que informou que a ré também responde por extorsão.

O Ministério Público do Estado de São Paulo informou, em nota, que as investigações indicaram a existência de esquema envolvendo exigências de vantagens indevidas para a expedição de Alvarás de Autorização para Eventos na área abrangida pela Subprefeitura da Lapa, "sobretudo no bairro da Pompeia".

O MP-SP informou ainda que a operação, nomeada Operação Vesúvio, foi deflagrada inicialmente no dia 23 de agosto pelo Grupo Especial de Repressão aos Delitos Econômicos (Gedec) e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). "No dia em que a operação foi colocada em prática, os promotores deram cumprimento a quatro mandados de busca e apreensão, recolhendo mais de R$ 30 mil e US$ 12 mil em espécie", disse. As investigações prosseguem.

Como foi feita a prisão

Em um primeiro momento, segundo Ivalda, os dois assessores suspeitos de integrar o esquema ficaram presos por cinco dias e, depois, tiveram a prisão temporária prolongada por mais cinco. Com as provas coletadas durante as investigações, foi determinada a prisão preventiva dos suspeitos e a prisão da ex-subprefeita, cujo mandado foi expedido pela Justiça na noite desta quinta-feira, 8.

"Temendo que ela deixasse a cidade, o Estado ou até o Brasil, nós imediatamente, com o mandado de prisão, já saímos ontem (quinta-feira, 8) para fazer uma campana nos três endereços que nós tínhamos", explicou a delegada. Dois deles são residências da ex-subprefeita na Grande São Paulo e um é a casa da família, no Tatuapé, zona leste. Foram cumpridos mandados de busca e apreensão nos três locais e Fernanda foi localizada às 6h em Guarulhos.

Após ser presa, ela foi levada para a delegacia-geral da Polícia Civil, no centro de São Paulo, e deve passar por audiência de custódia ainda nesta sexta. A Justiça e o Ministério Público foram comunicados, informou Ivalda. "Agora, ela vai passar pelo IML (Instituto Médico-Legal) por cautela, para mostrar que a prisão foi totalmente legal, e daqui ela vai para um distrito policial, provavelmente o 89 DP (Portal do Morumbi) para passar por audiência de custódia. Em seguida, deve ir para um CDP (Centro de Detenção Provisória) feminino."

Ivalda disse ainda ser difícil precisar o montante movimentado com o esquema, mas afirma que a suspeita é de que houve crimes em larga escala. "O número de vítimas é grande. São donos de terreno, camelôs… No Alto da Lapa, naquele Mercadão da Lapa, você tem muito. A população hoje está na informalidade", disse ela. As informações preliminares indicam que as taxas cobradas, acrescentou, chegam a até R$ 15 mil.

A reportagem ainda não conseguiu contato com a defesa de Fernanda Maria de Lima Galdino.

Prefeitura diz colaborar com as investigações

A Prefeitura, por meio da Controladoria Geral do Município (CGM) e da Secretaria Municipal das Subprefeituras (SMSUB), disse colaborar com as investigações policiais desde maio, quando houve a prisão em flagrante de uma funcionária de carreira da Subprefeitura da Lapa. "A referida funcionária foi imediatamente exonerada da função de confiança, a exemplo de um funcionário comissionado detido em 23/08, durante a Operação Vesúvio", diz a nota.

No dia 24, a gestão Ricardo Nunes (MDB) nomeou o coronel PM Marcus Vinicius Valério, que foi subcomandante da Polícia Militar, para o cargo de subprefeito da Lapa, em substituição a Fernanda Maria de Lima Galdino.

"A Prefeitura reafirma o seu repúdio a qualquer tipo de irregularidade, lamenta que servidores de carreira e comissionados se envolvam em atos ilícitos, reitera que a punição será exemplar dentro dos limites da legalidade e se mantém à disposição da polícia e das autoridades competentes", finaliza o texto.

Estadão
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