Exército atua no combate à dengue em Campinas
Prefeitura entrou na Justiça com um pedido de liminar que permita a entrada de agentes de saúde para varreduras em residências fechadas
Com o avanço de casos de dengue e o estado de epidemia em Campinas (SP), o prefeito Jonas Donizete (PSB) anunciou na manhã desta quinta-feira que já tem o auxílio de equipes de soldados do Exército Brasileiro para as operações contra a doença e até impetrou na Justiça uma liminar que permite a entrada de agentes de saúde para varreduras em residências fechadas. "A saúde está acima dos direitos individuais", comentou.
"Sabemos que 80% dos criadouros está dentro de casa", disse o prefeito. De acordo com ele, a cidade convive com uma população circulante, por isso vem mantendo contatos com prefeitos da região no intuito de trocar informações e ações para combater uma doença de fácil contágio. "Campinas é uma cidade-sede, congrega cidades vizinhas", analisou.
Segundo o prefeito, um levantamento da Secretaria Estadual de Saúde mostra a região de Campinas com a concentração de 25% de dengue de todo o Estado de São Paulo. "A Ação Civil Pública na Justiça é para que se possa adentrar nas casas e áreas fechadas em busca dos criadouros do mosquito transmissor", disse o prefeito. Segundo ele, de janeiro a março deste ano, os agentes de saúde estiveram em 120 mil residências, mas houve resistência em pelo menos 49 mil casas.
Donizete explica que o Exército irá atuar principalmente na instalação de tela nas caixa d'água das residências, já que o mosquito se prolifera principalmente em água limpa parada. Para o prefeito, enfrentamento contra a dengue começa na prevenção a partir de distribuição de folhetos informativo, nebulização nos bairros com maior incidência da doença, limpeza e retirada de entulho em praças e terrenos baldios.
Quase 700 casos novos em dois dias
Os números de doentes divulgados nesta tarde estão acima da média de para o período de anos anteriores. Estão confirmados 2.793 casos. No começo da semana, eram 2.140. Também foram confirmadas 5.949 notificações, sendo 100 casos de estado mais grave da doença que necessitam de maior atenção. O consumo de soro também mostra a quantidade de doentes. "Só no mês de março foram consumidos 20 mil fracos de soro, quando a média mensal é de 4 mil unidades", segundo o secretário municipal de Saúde, Carmino de Souza.
O secretário disse que os 100 casos diagnosticados como de situação de alerta comprovam que a doença está instalada e que é prioridade um enfrentamento para evitar a proliferação. Segundo ele, os sinais mais evidentes nesta situação são as hemorragias, vômitos persistentes, dor abdominal continua, sonolência e irritabilidade, diminuição da urina, queda abrupta de plaquetas, desconforto respiratório são os principais.
A diretora da Vigilância em Saúde da Secretaria de Saúde, Brigina Kemp, explicou que a preocupação contra a doença é ressaltada ainda pelo fato de que o virus circulante é o tipo 1, que já afetou a população na década de 90, mas agora chega mais fortalecido. Para ela, é razoável crer que as ações adotadas daqui para frente vá atacar de frente o aumento da doença. "O mês de abril é considerado período mais comum do aumento da doença."