Exército contra a dengue: ‘ajuda é tardia, mas bem-vinda’
Militares do Exército acompanham agentes de saúde da Prefeitura de São Paulo no combate à dengue; operação começou pelo bairro do Limão, um dos mais críticos
Uma equipe de 50 militares do Exército iniciou nesta quinta-feira um trabalho de apoio à Prefeitura de São Paulo no combate à dengue. De acordo com o último balanço divulgado pela Secretaria Municipal da Saúde, já são 8.063 casos confirmados de dengue na capital só em 2015 – quase o triplo do que foi registrado no primeiro trimestre de 2014.
Cada soldado atuará em dupla com um agente de saúde, visitando casas de moradores em busca de criadouros do Aedes aegypti, o mosquito transmissor da dengue. A prefeitura pediu ajuda do Exército para facilitar a entrada dos agentes nas residências, já que muitos moradores são resistentes à visita.
O trabalho começou no bairro do Limão, na zona norte de São Paulo, que está à beira de uma epidemia: são 294 casos confirmados para cada 100 mil habitantes – a partir dos 300, a situação passa a ser tratada como epidemia. Para a dona de casa Dirce Cetra, 77 anos, que há um mês e meio estava com dengue, a ajuda do Exército, embora tardia, é bem-vinda (veja relato em vídeo abaixo).
“Acho bom. Tem muita gente que não deixa (o agente de saúde) entrar, que faz de conta que não está em casa. É uma ajuda quase que tardia, porque o período crítico termina daqui um mês, mas toda ajuda é bem-vinda”, disse, referindo-se ao fato de que, tradicionalmente, os meses de março e abril são marcados por um aumento nos números dos casos dengue no País.
A previsão é que os militares atuem no combate à dengue por 30 dias, mas esse prazo pode ser prorrogado. Segundo o coronel Ricardo Piai Carmona, chefe da comunicação do Exército, a experiência tem sido “positiva”. “O morador sente segurança ao abrir a porta da sua casa para um militar do Exército“, afirmou.
Água armazenada
Muitas das casas vistoriadas na manhã desta quinta-feira no Limão contavam com recipientes para estocar água nos quintais. A reportagem do Terra acompanhou o trabalho de uma dupla formada por um soldado e um agente de saúde e ouviu relatos de falta d´água à noite, o que leva à necessidade de armazenamento.
“Aqui falta água quase todos os dias. A gente brinca que o (governador Geraldo) Alckmin corta a água às 22h, mas tem dia que às 17h já não tem mais água”, disse a dona de casa Maria Amélia Marques Vilhena.
Na casa de Maria Amélia, a equipe encontrou um foco com larvas – que podem ser do Aedes aegypti – em um prato colocado embaixo de um vaso de plantas. O agente de saúde, então, eliminou a água do recipiente e orientou a dona de casa a evitar tais pratos.