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Fortes chuvas deixam ao menos 16 mortos no Rio; Paraty e Angra são as mais atingidas

Mãe e seis filhos estão entre as vítimas; Estado teve um dos verões com mais óbitos por causa de temporais nos últimos anos

2 abr 2022 - 09h50
(atualizado em 3/4/2022 às 10h19)
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Busca por desaparecidos após deslizamento no bairro Monsuaba, em Angra dos Reis
Busca por desaparecidos após deslizamento no bairro Monsuaba, em Angra dos Reis
Foto: Defesa Civil/Divulgação

Os temporais que atingem o Rio de Janeiro provocaram deslizamentos de terra que deixaram pelo menos 16 mortos no Estado, incluindo crianças e adolescentes, segundo informaram as autoridades neste domingo, 3. Entre as áreas mais atingidas, estão Angra dos Reis e Paraty, onde uma mãe e seis filhos morreram soterrados. Ainda há outros desaparecidos na região. Neste ano, as chuvas em Petrópolis, na região serrana do Estado, já haviam causado mais de 240 óbitos entre fevereiro e março.

A família de Paraty foi soterrada no bairro de Ponta Negra – os filhos tinham entre dois e 17 anos. As vítimas foram a mãe Lucimar e  seis filhos: João, de dois anos, Estevão, de cinco anos, Yasmim, de oito anos, Jasmin, de 10 anos, e Luciano, de 15 anos e Lucimara, de 17 anos. Um sétimo filho foi resgatado com vida e levado ao Hospital Municipal, sendo transferido para o hospital de Praia Brava. Segundo a prefeitura de Paraty, 219 famílias foram atingidas por alagamento ou perdas materiais, em 22 bairros. Há 15 famílias abrigadas em escolas municipais.

Leia mais: "Perdi tudo, lama para todo lado", diz vítima das chuvas no Rio

Em Angra dos Reis, foram confirmadas outras sete mortes. Os desabamentos atingiram ao menos quatro casas no bairro Monsuaba. Entre as vítimas encontradas pelo Corpo de Bombeiros, estão uma menina de aparentemente 4 anos e um menino de onze. Outras pessoas permanecem desaparecidas. Conforme a prefeitura, choveu nas últimas 48 horas o equivalente a 655 milímetros, um recorde. O Corpo de Bombeiros do Estado informou ainda ter sido acionado também em socorro a vítimas de um deslizamento na Praia Vermelha, na Ilha Grande, onde haveria três pessoas soterradas.

Houve deslizamentos de encostas em vários pontos, o que interrompeu a circulação de ônibus que ligam o centro de Angra aos bairros de Jacuecanga, Monsuaba, Ponta Leste e Conceição de Jacareí, a pedido da Secretaria Executiva de Ordem Pública e Mobilidade Urbana. Outra linhas operavam com restrições nesta manhã. 

O Corpo de Bombeiros informou ter sido acionado também em socorro a vítimas de um deslizamento na Praia Vermelha, na Ilha Grande, onde também haveria soterrados. O trânsito foi totalmente interrompido em pelo menos oito trechos da BR-101, entre os quilômetros 446 e 599. Em Angra, havia dois pontos de interdição por queda de árvore e barreira. Paraty e Mangartiba também tinham pontos de interdição. A Polícia Rodoviária Federal disse que havia ainda diversos outros pontos de interdição parcial ainda não mapeados "devido à impossibilidade de acesso".

A região metropolitana do Rio também foi fortemente atingida por alagamentos, como Belford Roxo e Mesquita, onde um homem de 38 anos morreu eletrocutado quando tentava socorrer outra pessoa. Em Nova Iguaçu, a prefeitura chegou a decretar estágio de alerta máximo, quando há risco muito alto de enxurradas, inundações e deslizamentos por causa dos temporais. A Defesa Civil da cidade informou na manhã deste sábado ter atendido cerca de 50 ocorrências relacionadas às chuvas. O Hospital Geral de Nova Iguaçu foi atingido por infiltrações em dois Centros de Terapia Intensiva. Os alagamentos forçaram a transferência de 13 pacientes de uma das alas para os setores de pós-operatório.

A Rodovia Presidente Dutra chegou a ser parcialmente interditada nesta madrugada, na altura de Nova Iguaçu, no quilômetro 185, devido à queda de uma árvore, informou a Polícia Rodoviária Federal.  O governo federal informou que aeronaves das Forças Armadas foram acionadas para transportar militares do Corpo de Bombeiros às regiões mais afetadas do Estado

Na capital fluminense, o Centro de Operações da prefeitura informou na manhã deste sábado que o município entrou em estágio de atenção, diante da previsão de chuva moderada e ao volume relevante de ocorrências provocadas pelos temporais desta sexta-feira, 1º. A cidade esteve sob estágio de alerta a partir de 18h15 desta sexta, quando houve alagamentos em diferentes bairros da cidade. Cerca de 57 sirenes foram acionadas em 31 comunidades, de acordo com o Centro de Operações Rio. 

Apesar do alerta, os órgãos orientam que a população pode seguir a rotina normalmente. No entanto, pede atenção aos moradores das regiões mais afetadas para ficar atentos às atualizações dos canais de comunicação, além de se cadastrar no serviço de alertas da Defesa Civil via SMS. 

Em sua conta oficial do Twitter, o prefeito do Rio Eduardo Paes (PSD) compartilhou um vídeo apontando algumas regiões que ainda precisam de atenção redobrada. “Meu pedido para vocês é: fiquem atentos, se puderem evitar fazer deslocamento desnecessário, a gente agradece”, ressaltou. 

Temporais fizeram mais de 240 vítimas em Petrópolis

Deslizamentos neste ano deixaram vítimas principalmente em Petrópolis, na região serrana do Rio. As chuvas intensas de 15 de fevereiro causaram ao menos 240 mortes no município, enquanto novas chuvas entre 19 e 20 de março vitimaram pelo menos outras sete pessoas.

Levantamento feito pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) identificou 3.758 óbitos causadas por deslizamentos no País de 1988 até 8 de fevereiro de 2022. Desastres do tipo estão ligados à ocupação das cidades, à destruição ambiental e às mudanças climáticas em curso.

*Com informações da Redação Terra.

Estadão
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