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Gari que inalou gás lacrimogêneo no Pará é 2ª vítima dos protestos

Vítima trabalhava na limpeza noturna de Belém quando houve confronto entre manifestantes e policiais

21 jun 2013 - 13h41
(atualizado às 13h50)
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Morreu na manhã desta sexta-feira em Belém (PA) a gari Cleonice Vieira de Moraes, 54 anos, após ter inalado gás lacrimogêneo lançado pela Polícia Militar durante confronto com manifestantes na noite de ontem. Ela é a segunda vítima da onda de protestos que sacode o Brasil há duas semanas. Também ontem, Marcos Delefrate, 18 anos, morreu atropelado durante manifestação em Ribeirão Preto, interior de São Paulo.

Protesto contra aumento das passagens toma as ruas do País; veja fotos

Cleonice trabalhava na limpeza noturna no centro da capital paraense quando houve o confronto entre manifestantes e policiais em frente à prefeitura da cidade. Após a explosão das bombas, ela passou mal e teve uma parada cardíaca. Em nota, a PM disse "lamentar profundamente" a morte da gari.

"A PM utilizou no tumulto em frente ao paço Antonio Lemos as munições, granadas explosivas (sem presença de gás) e lacrimogêneas, as quais, segundo o fabricante, não tem efeito letal, destinando-se apenas a resultados inquietantes como irritação na garganta, lacrimogenização e ardência nos olhos. Não há nenhuma documentação pericial que se tenha ciência da relação inalação agente químico com a morte da cidadã, e informamos também que a corporação não trabalha com nenhum material ou equipamento que esteja fora do seu prazo de validade", argumentou a corporação.

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Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

O grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Fonte: Terra
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