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GO: grupo tenta invadir assembleia durante protestos em Goiânia

21 jun 2013 - 00h17
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Nesta quinta-feira, milhares de pessoas foram às ruas de Goiânia protestar de forma pacífica contra muito mais do que o aumento da passagem de ônibus - objeto das cinco outras manifestações anteriores
Foto: Mirelle Irene / Especial para Terra

Nesta quinta-feira, milhares de pessoas foram às ruas de Goiânia protestar de forma pacífica contra muito mais do que o aumento da passagem de ônibus - objeto das cinco outras manifestações anteriores. O protesto de hoje abrigou várias bandeiras, como a luta contra a aprovação da PEC 37, o preconceito, a homofobia, gastos excessivos das obras da Copa, valorização de categorias profissionais, mas, principalmente, contra a corrupção.

Ao contrário de outras capitais, a passeata em Goiânia foi, em geral, pacífica. Porém, dois incidentes foram registrados pela Polícia Militar agora à noite. O primeiro aconteceu na Praça Cívica em frente ao Palácio Pedro Ludovico, onde um cordão humano de policiais foi formado para proteger a sede administrativa do governo de Goiás. Um manifestante, Tiago Oliveira da Silva, 25 , sem antecedentes criminais, mas aparentando estar drogado, atirou pedras na direção do Palácio e agrediu um PM nas costas usando uma mangueira. Ele foi contido por outros manifestantes, preso pela PM e levado ao 1º DP. Antes de ser preso, Tiago atingiu também com uma das  pedras o ombro de outro policial, causando escoriações.

O outro incidente aconteceu na sede da Assembléia Legislativa. Segundo a assessoria de comunicação da PM, um grupo de manifestantes - possivelmente ligado a torcidas organizadas - tentou invadir o prédio, quebrou vidros, e uma agência bancária que funciona no local, ao atirar pedras e outros objetos. A Tropa de Choque e a Cavalaria usaram a força para conseguir conter o tumulto, que durou cerca de 20 minutos. A assessoria não confirma o uso de balas de borracha e nem se houve prisões. Um soldado da PM foi ferido na cabeça e foi encaminhado para o Hospital Samaritano.

Apesar destes fatos, porém, os goianienses, em sua maioria, protestaram com ordem. A concentração dos manifestantes, anunciada pela internet para acontecer às 17 horas na Praça do Bandeirante, no centro da cidade, na verdade já havia começado por volta às 13h. Por medida de precaução, o comércio fechou as portas por volta deste horário. As repartições públicas também dispensaram seus servidores no período da tarde.

A PM informou que cerca de 20 mil pessoas participaram do protesto. A fim de contribuir com o clima de paz, a PM, com um efetivo de 4 mil soldados - 2 mil nas ruas e outros 2 mil aquartelados - procurou não interferir no protesto, e distribuiu 10 mil rosas brancas para o público nas ruas. Além do cordão humano isolando a Praça Cívica, reforçou a vigilância sobre outros pontos, como a Assembléia Legislativa, e o comércio que ainda estava aberto.

<p>Manifestante passa mensagem para os policiais durante o protesto</p>
Manifestante passa mensagem para os policiais durante o protesto
Foto: Mirelle Irene / Especial para Terra

Os manifestantes lotaram as avenidas do Centro, como a Avenida Goiás, mas se espalharam também em grupos por várias direções e outras avenidas e ruas da região. Gritando palavras de ordem, os manifestantes lembraram escândalos no Estado que abalaram o país, como o caso Carlinhos Cachoeira e seus envolvidos, e mostraram intolerância a mera menção de partidos e políticos no movimento.

O estudante Frederico Mateus estava empolgado com a participação em um movimento popular com dimensão nacional. Para ele, um dos pontos positivos da passeata foi a ausência de cores partidárias. "Estamos protestando contra os políticos e o manifesto é apartidário. Não faria sentido ter a presença de partidos ou políticos aqui. A galera está certa de não aceitar. É melhor que eles não apareçam para não correr nenhum risco", disse.

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A representante comercial Magda Beatriz da Silva, 52, foi com a filha Geórgia, 21, ao protesto. "Hoje no Brasil nós não temos partidos para nos defender. Nós só temos corruptos e ladrões. Bicheiros que tiram o dinheiro da Saúde e da Educação, por exemplo, para seus interesses pessoais. São todos uns safados”, disse.

Jonathas Noleto, 22, militar, foi bem específico em relação ao alvo de seu protesto. "Os políticos são desonestos. Isso aqui não tem nada a ver com partidos: é revolta de todos os cidadãos", acredita. Aos 60 anos, o servidor público Joel Lemos não escondia a empolgação com o protesto. "A passeata está bonita, bastante organizada e ordeira. Somos todos apartidários, não aguentamos mais estes políticos. Estou aqui fazendo minha parte", definiu.

O tema do transporte coletivo esteve ainda presente. Mesmo com a decisão anunciada ontem pelo governo do Estado e pela Prefeitura de Goiânia de cancelar o aumento da passagem e mantê-la a R$ 2,70, o estudante universitário Vítor Hugo Silva, por exemplo, disse que hoje ele e as pessoas do seu grupo foram na passeata protestar por um transporte público de mais qualidade. "A gente quer o ressarcimento do que foi roubado do povo durante o aumento abusivo e a revogação do contrato de concessão das empresas", disse.

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O encadernador Julio Cesar Borges, 46, disse que é anarquista, mas gostou da manifestação ter transcorrido com tranquilidade. “Gosto de um pouco de barulho, mas está bonito. Acharam que baixando a passagem iam calar o povo, mas isso não vai acontecer”, disse. Cleiton Piagem, 30, identificou na manifestação uma renovação do poder jovem de protesto. “Sou da geração anos 80. O último movimento com esta força toda que aconteceu aqui no Brasil foi em 1992, mas não participei”, relatou. “Naquela época havia influências políticas no movimento, mas hoje estamos protestando contra muita coisa, essa palhaçada toda que está acontecendo no país”, completou.

Ativista do grupo gay “Eles por Eles” , Odílio Torres, 23, disse que foi na passeata protestar contra o projeto da “cura gay”, do deputado federal goiano João Campos (PSDB). “Estamos todos aqui, gays, lésbicas, bissexuais, transexuais  e travestis para protestar contra a homofobia, contra este projeto vagabundo e sem nexo deste deputado”, afirmou ao Terra, enquanto segurava uma enorme bandeira do arco-íris, símbolo do movimento gay.

Fonte: Especial para Terra
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