Governador de SP vai à Justiça contra greve do Metrô e da CPTM
A gestão estadual alega que a greve é motivada por "interesse político" e não teria relação com causas trabalhistas
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), protocolou um pedido de tutela antecipada na Justiça contra a greve de Metrô, CPTM e Sabesp prevista para esta terça-feira (28).
Na ação, o governo solicita que 100% dos funcionários do sistema de transporte trabalhem durante os horários de pico e de pelo menos 80% no restante do dia. A ação propõe multa de R$ 2 milhões ao sindicato em caso de descumprimento da decisão e requer a autorização para não repassar os descontos feitos em folha a título de mensalidade sindical.
A gestão estadual alega que a greve é motivada por "interesse político" e não teria relação com causas trabalhistas. Na última sexta-feira (24), o governador disse que o movimento é um "deboche contra a sociedade, uma piada, um desrespeito".
A aplicação do Provão Paulista, uma espécie de Enem das faculdades do estado, foi adiada, já que seria realizada nos dias 28 e 29 de novembro. Servidores devem ter ponto facultativo, segundo o governador.
Camila Lisboa, presidenta do Sindicato dos Metroviários, rebateu a declaração de Tarcísio. "Sabe o que é deboche? Deboche é falar que tá 'só estudando' a privatização, enquanto o PL de privatização da Sabesp está em tramitação na Assembleia Legislativa de São Paulo, a pedido do governo", escreveu, nas redes sociais. "Deboche é o trem da linha privada descarrilar mais de 10 vezes desde que a Via Calamidade assumiu e o governador continuar bancando esse contrato e dizer que a iniciativa privada é mais eficiente."
A greve vai provocar a paralisação das linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha e 15-Prata do Metrô, e as linhas 7-Rubi, 10-Turquesa, 11-Coral, 12-Safira e 13-Jade, da CPTM.
As categorias têm como objetivo central na paralisação se opor aos projetos de privatização do governo. A greve também deve ganhar a adesão de outras categorias, como professores do ensino público, que questionam o governo por cortes no financiamento da educação.
No dia 3 de outubro, uma greve unificada com os servidores do Metrô, CPTM e Sabesp teve grande impacto na capital paulista, que registrou mais de 600 km de lentidão. O rodízio foi suspenso e as administrações estadual e municipal decretaram ponto facultativo. Apenas as creches e escolas municipais e postos de saúde funcionaram.
As linhas do Metrô não funcionaram durante todo o dia e a CPTM teve linhas com operação parcial ou fechadas. Em meio à greve, a linha 9-esmeralda apresentou falha elétrica e os trechos entre as estações Morumbi e Villa Lobos-Jaguaré foram paralisados.
* Texto sob supervisão de Barbara Câmara.