Greve dos rodoviários continua até quinta-feira em Salvador
A greve dos rodoviários baianos deve durar até a próxima quinta-feira, quando será julgado o dissídio coletivo pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT). A decisão foi tomada pelos trabalhadores no início da tarde desta terça-feira, em Salvador, segundo o vice-presidente do sindicato da categoria Fábio Primo. A capital baiana amanheceu com ônibus nas garagens, pontos de ônibus lotados e longos congestionamentos.
De acordo com Primo, após mais uma tentativa de conciliação na sede do TRT na manhã desta terça-feira, a reunião terminou sem acordo entre as partes. “Tanto os empresários quanto a categoria não aprovaram a proposta do TRT, que mantém o reajuste salarial de 9% e amplia o ticket-alimentação para R$ 14. Os rodoviários querem, agora, 12% de aumento de salário e ticket de R$ 17”, destaca.
A greve, no entanto, é resultado de um impasse dentro da própria categoria. Parte de rodoviários alega não ter participado da assembleia realizada nesta segunda-feira, em que foi acatada a proposta apresentada pelos patrões. “Foi o estopim. Queremos negociação direta”, reclama o motorista Romildo Paz.
Embora tivesse descartado a greve, Primo afirma que o sindicato recuou e aderiu ao movimento. “Decidimos voltar atrás e apoiar à greve por que muitos trabalhadores só chegaram após a assembleia. Não temos como aceitar essa proposta do TRT”, afirma o vice-presidente da entidade que representa os trabalhadores.
Segundo Jorge Castro, assessor de relações sindicais do Sindicato das Empresas de Transportes e Passageiros de Salvador (Setps), os patrões não podem avançar por dificuldades orçamentárias. ”Voltou tudo ao normal, inclusive a jornada de trabalho. Agora é só julgamento. Não vamos nem mais discutir o assunto”, enfatiza.
Diante do impasse, o desembargador Valtércio de Oliveira antecipou para quinta-feira o julgamento do dissídio coletivo, que pode beneficiar rodoviários ou empresários. A análise estava prevista para sexta-feira. O prefeito de Salvador, ACM Neto, comandou uma reunião na manhã dessa terça-feira, quando foi criado um grupo de acompanhamento e ação formado por representantes da Secretaria da Segurança Pública, Secretaria Municipal de Transportes e Setps para avaliar os rumos do movimento.
O grupo criado busca viabilizar o cumprimento da liminar do TRT que determina a circulação de 70% dos ônibus em horários de pico. “A prefeitura segue aberta para intermediar o diálogo entre rodoviários e empresários. Essa é a nossa disposição. Entendemos ainda que o retorno ao trabalho é o melhor caminho para que a pauta de reivindicações possa avançar”, afirma o prefeito.
O secretário da Segurança Pública, Maurício Barbosa, garantiu escolta policial aos rodoviários que cumprirem a liminar do TRT. Na capital baiana, mais de dois milhões de usuários do sistema de transporte coletivo são afetados pela greve que surpreendeu a população na tarde desta segunda-feira.
Passageiros recorrem ao “plano de contingência” da prefeitura, que disponibiliza 300 micro-ônibus do sistema de transporte complementar. Além disso, para chegar ao destino, usuários utilizam transportes considerados irregulares.
Paralisação em São Luis
Em São Luís, o secretário administrativo do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário do Estado do Maranhão, Isaías Castelo Branco, garante que, nesta terça-feira, quase 100% dos rodoviários aderiram à paralisação iniciada na última quinta-feira. A informação foi confirmada pela assessoria da prefeitura, que admitiu que o sistema público de transporte foi bastante comprometido pelo movimento.
Uma reunião entre os representantes dos trabalhadores e das empresas de ônibus, acompanhada por representantes da prefeitura, do Ministério Público, Procon e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) está marcada para as 16h (horário local) desta terça-feira, na Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes.
“A categoria está mobilizada. Vamos aguardar até o fim da reunião desta tarde com a esperança de sairmos de lá com algo que possa ser avaliado em assembleia, amanhã cedo. Agora, se não houver nenhum avanço, vamos continuar parados por tempo indeterminado”, disse Castelo Branco.
Os rodoviários de São Luís reivindicam 16% de aumento salarial; tíquete-alimentação de R$ 500; inclusão de um dependente no plano de saúde e implantação do plano odontológico, redução da jornada de trabalho de sete para seis horas, seguro de vida no valor de dez vezes o piso – que atualmente é R$ 1.298. Os donos das empresas de ônibus afirmam que só podem conceder aumento salarial aos seus empregados caso a prefeitura autorize o reajuste dos preços das passagens – proposta com a qual a prefeitura não concorda.