Greve em SP: as razões para a paralisação de trens e metrô
Trabalhadores das áreas de transporte, educação e abastecimento de água de SP protestam contra os projetos de privatização dos serviços públicos.
Trabalhadores de diversos sindicatos paulistas decidiram realizar uma greve unificada nesta terça-feira (28/11).
Eles protestam contra as propostas de privatização de diversos serviços no Estado, como linhas de trem e metrô ou o abastecimento de água.
A paralisação deve afetar uma série de serviços ao longo do dia e fez com que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), decretassem ponto facultativo para a maioria dos funcionários públicos, com exceção dos servidores da área de Segurança, Educação e do Bom Prato (que oferece alimentação a um preço baixo).
O rodízio de carros foi suspenso na capital, mas continua a valer para caminhões e fretados.
A greve está confirmada nas linhas de metrô geridas pelo governo estadual — a 1 - Azul; a 2 - Verde; a 3 - Vermelha; e 15 - Prata.
O mesmo também acontecerá na CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), o serviço de trens. As linhas 7 - Rubi, 10 - Turquesa, 11 - Coral, 12 - Safira e 13 - Jade terão funcionamento limitado nas próximas horas.
Nas redes sociais, o Sindicato dos Metroviários de São Paulo classificou como "irresponsável" a insistência "no modelo privatista que, mesmo com mais dinheiro, apresenta maiores falhas, dando prejuízo tanto ao Estado quanto à população".
Os órgãos que representam os trabalhadores do transporte público paulista também solicitaram que o governador de SP liberasse as catracas para que as pessoas tivessem acesso gratuito às linhas de metrô e trem ao longo do dia, mas a ideia foi descartada por Freitas.
Os ônibus devem funcionar normalmente — e, em alguns casos, até farão trajetos ampliados para cobrir áreas que as pessoas costumam transitar em linhas de trem ou de metrô.
Além dos trabalhadores do setor de transportes, a greve foi confirmada entre os funcionários da Sabesp, a empresa de fornecimento de água que atende a maioria das cidades paulistas, da Fundação Casa, que realiza medidas socioeducativas para jovens de 12 a 21 anos, e do setor de educação.
Em nota, o Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Sintaema) classificou a greve como "uma oportunidade de fazer chegar até a população o prejuízo que a privatização da Sabesp, Metrô e CPTM acarretará para o Estado de São Paulo, especialmente para a população que tem hoje um serviço de excelência no saneamento com tarifas justas".
"Se privatizar a Sabesp, assim como privatizaram o saneamento em outros lugares, a tarifa vai aumentar e o serviço vai piorar", defende o sindicato.
Na área da educação, o Provão Paulista — que avalia alunos de escolas públicas que querem entrar nas universidades públicas estaduais — foi adiado. Já as aulas estão mantidas, embora a expectativa é que alguns funcionários não compareçam. Os alunos terão as faltas abonadas.
A Justiça determinou que pelo menos 80% dos funcionários públicos dos setores que aderiram à greve trabalhem nos horários de pico.
Nos horários de menor procura pelos serviços, pelo menos 60% da força de trabalho deve estar presente. Caso os sindicatos não cumpram a decisão, precisarão pagar uma multa de R$ 700 mil por dia.
Nas redes sociais, Freitas classificou a greve como "abusiva e política".
"Lamentavelmente, assembleias que reuniram uma minoria da totalidade de metroviários e ferroviários decidiram impor novo caos a cerca de 22 milhões de moradores da Grande São Paulo, que devem ser afetados direta ou indiretamente pela greve", escreveu ele.
"Ao invés de reivindicar pautas salariais ou trabalhistas, o principal protesto é contra os estudos da atual administração para ampliar desestatizações, concessões e parcerias público-privadas."
"Importante destacar que tais processos, além de terem sido legitimados democraticamente pelas urnas, estão sendo amplamente discutidos no foro adequado", concluiu o governador paulista.