Greve nos Correios tem números e versões contraditórios
Funcionários dos Correios entraram em greve por tempo ideterminado. Até o momento, 10 Estados e três regionais aderiram à paralisação, que começou às 22h de quarta-feira. Segundo nota da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), os empregados são contra mudanças no plano de saúde. Os Correios garantem que os serviços postais não foram afetados pela paralisação.
A greve foi decidida durante reuniões em Minas Gerais, no Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Piauí; no Amazonas, Paraná, Ceará, em Santa Catarina; em Pernambuco e na Paraíba; no Vale do Paraíba, em Campinas e São José do Rio Preto. Segundo a Fentect, nessas localidades a paralisação atinge de 65% a 70% da categoria. Estão marcadas assembleias até terça-feira (4), em Roraima, Bahia, Alagoas e Sergipe.
O desentendimento vem desde abril do ano passado, quando foi criado o Postal Saúde, caixa de assistência que, de acordo com a Fentect, representa a privatização do convênio médico, o Correios Saúde. A Fentect estima que a estrutura do Postal Saúde custe R$ 120 milhões, a serem bancados não pelos Correios, mas pelos empregados.
A diferença é que pelo convênio antigo, os funcionários pagavam de 10% a 20% do valor dos serviços utilizados, de acordo com o salário que recebiam. Pelo Postal Saúde, os preços aumentaram e uma mensalidade passou a ser cobrada.
No ano passado, os servidores entraram em greve em setembro por cerca de um mês. O caso foi julgado pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) em outubro. Segundo a federação, ficou decidido que a empresa não implementaria a nova assistência sem consultá-la. No entanto, apesar da determinação do TST, os Correios iniciaram a migração a partir do dia 1º de janeiro, de acordo com a representação dos trabalhadores.
"O salário base da categoria é R$ 1.084. Temos notícias de um trabalhador que pagou R$ 40 por um soro. Outro pagou R$ 132 por um exame necessário a uma cirurgia. Isso não acontecia", disse o secretário-geral da Fentect, Edmar Leite.
Por causa do desacordo em torno do plano de saúde, a Fentect entrou com uma ação no tribunal, mas, segundo a entidade, o julgamento foi adiado quatro vezes. "Vamos lutar até o fim pelo benefício que conquistamos em 1985, após uma greve histórica de 30 dias", diz o diretor da Fentect, James Magalhães.
Procurado pela Agência Brasil, os Correios informaram, em nota, que todas agências estão abertas e que os serviços postais funcionam normalmente no País, com 96,12% do efetivo da empresa trabalhando, um total de 121.515 empregados.
A nota diz que "não há adesão significativa ao movimento" nas localidades em que as assembleias optaram pela paralisação. De acordo com a empresa, as assembleias contaram com a presença de 1,32% do efetivo. A estatal, no entanto, diz que está recorrendo a um plano de contingência para garantir o funcionamento normal das atividades.
Os Correios negam ter descumprido a determinação do TST em relação ao plano de saúde. "Todos os benefícios estão garantidos, incluindo dependentes cadastrados, porcentagem de compartilhamento, não cobrança de mensalidade ou tarifas, rede credenciada e cobertura de procedimentos entre outros", diz a nota.