Há 25 anos, 55 morriam no naufrágio do Bateau Mouche; entenda
Embarcação naufragou no trecho entre a Ilha de Cotunduba e o Morro da Urca, em frente à Praia Vermelha, matando 55 pessoas no Réveillon de 1989. Tragédia ainda tem ações pendentes na Justiça
Na noite desta terça, dia 31 de dezembro, pouco mais de 250 barcos deverão circular no mar de Copacabana em busca de uma posição privilegiada para ver o espetáculo de fogos de artifício que atrai milhões de pessoas a cada Réveillon. Há 25 anos, na noite de 31 de dezembro de 1988, 153 pessoas seguiam a bordo do iate de luxo Bateau Mouche em busca do mesmo objetivo. Com o dobro da capacidade permitida, o barco não conseguiu chegar à posição desejada. Em torno de dez minutos antes da meia-noite, a embarcação naufragou, no trecho entre a Ilha de Cotunduba e o Morro da Urca, em frente à Praia Vermelha.
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A tragédia matou 55 pessoas, e mais de duas décadas depois, a sensação de impunidade impera. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) ainda tem pelo menos cinco recursos relacionados ao caso pendentes de julgamento. Ninguém está preso pelas mortes, e os três sócios estrangeiros que haviam sido condenados no regime semiaberto, não chegaram a cumprir nem um ano da pena, e fugiram para a Espanha. O português Álvaro Pereira da Costa e os espanhóis Avelino Rivera e Faustino Puertas Vidal haviam sido condenados a quatro anos no regime semiaberto por homicídio culposo, sonegação fiscal e formação de quadrilha. Numa das saídas da prisão, não retornaram mais. Como o Brasil não tinha acordo de extradição com a Espanha, ficaram livres e impunes na Europa.
Com capacidade para 62 pessoas, o Bateau Mouche partiu em direção ao mar de Copacabana com autorização da Marinha com mais do dobro de pessoas permitido. Posteriormente, um laudo da própria Marinha apontou que o convés superior do barco tinha recebido uma camada de cimento que causava excesso de peso. O relatório indicou ainda que a bomba de esgoto do navio não estava em boas condições.
Ao todo, nove sócios da empresa responsável pelo Bateau Mouche e outros três funcionários foram indiciados. Outros dez militares também foram acusados por suspeita de suborno. Apenas os três sócios que fugiram chegaram a ser condenados.
Para as famílias das vítimas, além do sofrimento com a perda de pessoas próximas, sobrou a inglória batalha na Justiça pela condenação dos acusados e por indenizações para reparar as perdas com a tragédia. Inúmeros processos se arrastam na Justiça, e poucos são os ganhos de causa. Em 2002, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) bloqueou todos os bens dos condenados pela tragédia do Bateau Mouche. Em 2013, o STJ ainda tem pelo menos cinco recursos relacionados ao caso pendentes de julgamento, a maior parte impetrada pelos sócios da empresa dona do Bateau Mouche.
Entre os mortos na tragédia estavam a atriz de TV e teatro Yara Amaral, o dono dos cosméticos Payot, Silvio Grotkowski, e Maria José Teixeira, mulher do ex-ministro do Planejamento Aníbal Teixeira, que sobreviveu ao naufrágio.