Haddad: "novas cracolândias" acontecem desde a gestão Kassab
Prefeito disse que o aparecimento de pontos de drogas pela capital não é nenhuma novidade e que o programa Braços Abertos está sendo eficiente para barrar essa expansão
O prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) afirmou, nesta terça-feira, durante a inauguração de um complexo esportivo da capital, que o surgimento das "novas cracolândias" - como são chamados os agrupamentos de usuários de drogas que frequentemente aparecem em pontos distintos da cidade - não é nenhuma novidade. De acordo com ele, o fenômeno acontece desde a gestão anterior, de Gilberto Kassab.
"Não é de hoje que isso está acontecendo. Acontece desde 2011, aproximadamente. Às vezes, consolida-se um pequeno agrupamento que, depois, prefeitura e Estado acabando desfazendo. É um trabalho contínuo impedir o crescimento desse tipo de situação", disse. "O programa Braços Abertos, por exemplo, barra esse crescimento. Quando as pessoas têm oportunidade, elas abraçam", completou.
Nesta mesma manhã, a Folha de S. Paulo publicou uma reportagem sobre as "novas cracolândias" de bairros como Consolação, Vila Leopoldina, Jabaquara, Brooklin, Tatuapé e Vila Maria. Segundo o jornal, diversos pontos de uso de drogas que já estavam mapeados pela prefeitura desde 2013 ainda não foram extintos.
Também durante o evento, o petista explicou que o programa, que hoje atende a cerca de 500 pacientes que manifestaram interesse em abandonar o vício e sair das ruas para conseguir um emprego, deve ser ampliado.
"Estamos dando todo apoio ao governo do Estado no combate ao crack. A parte do combate à droga propriamente dita, do combate ao traficante, é atribuição dos órgãos de segurança pública. Nós temos que dar assistência àqueles que buscam atendimento médico ambulatorial e querem se recuperar. Hoje estamos com quase 500 pessoas em tratamento, alojadas, em frentes de trabalho. Se pudermos, vamos ampliar o programa evidentemente para todos que querem sair da droga", afirmou.
Posicionamento da Secretaria da Segurança Pública
Após a publicação desta reportagem, a Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo enviou nota ao Terra com um posicionamento sobre a questão. Confira a íntegra:
A Secretaria da Segurança Pública informa que o combate aos traficantes de drogas tem sido duro, constante e resultou na apreensão de mais de 14,4 toneladas de drogas na Capital em 2014. Na região central da cidade, onde a Prefeitura de São Paulo mantém o programa "De Braços Abertos", o Denarc prendeu 132 traficantes e apreendeu 42 menores infratores envolvidos com o tráfico. No dia 27 passado, numa ação conjunta entre DEIC e DENARC, duas mulheres que armazenavam mais de 8 mil porções de crack, cocaína e maconha que seriam distribuídas na região conhecida como “Cracolândia” foram presas. Em seus apartamentos, no bairro Carandiru, foram encontradas 5.500 pedras e meio tijolo de crack, 1.900 pinos e meio tijolo de cocaína e 1.000 trouxinhas de maconha. Também foram apreendidos quatro facas, um estilete, celulares, três balanças de precisão e dois rolos de fita. Já a Polícia Militar prendeu outras 255 pessoas na mesma área. Por se tratar de um problema de saúde pública, a Polícia Militar também dá suporte aos agentes sociais e de saúde que fazem o atendimento aos usuários de drogas.
Posicionamento do PSD
O Partido Social Democrático (PSD), sigla atual de Kassab, também enviou comunicado à redação a respeito do tema. Leia abaixo:
A administração de Gilberto Kassab na Prefeitura de São Paulo fez inúmeros esforços, com pesados investimentos, para oferecer tratamento aos dependentes químicos na capital. Inovou ao reunir num mesmo local, o Complexo Prates, amplo e confortável, serviços de Saúde e Assistência Social para o acolhimento e tratamento de dependentes em situação de rua e vulnerabilidade social, reconhecido pelo então ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que participou de sua inauguração. O espaço conta com Centro de Convivência, Centro de Acolhida para Adultos Masculino e Abrigo para Crianças e Adolescentes, de Assistência Social, assim como a AMA e o CAPS III Álcool e Drogas, de Saúde, e o Telecentro e a Escola Estufa.
A Ação Integrada Centro Legal, por exemplo, iniciada em 2009 para combater o tráfico e oferecer atendimento integral de saúde às pessoas com dependência de substâncias psicoativas, em parceria com o governo do Estado. Nela foi estruturada uma rede de referência de equipamentos de saúde para receber os dependentes químicos, identificados, cadastrados e encaminhados por meio do Programa Saúde nas Ruas. Implantou-se um complexo para atendimento, constituído Assistências Médicas Ambulatoriais, Centros de Atenção Psicossocial, Unidades Básicas de Saúde, o Cratod da Secretaria Estadual da Saúde, nove hospitais municipais e prontos-socorros com psiquiatra, mais 17 hospitais gerais, quatro hospitais estaduais, quatro hospitais conveniados e comunidades terapêuticas. Em três anos, as quipes de Saúde realizaram mais de 215 mil abordagens, 12,5 mil encaminhamentos e mais de 3 mil internações, os agentes de Assistência Social fizeram 186 mil abordagens, com mais de 14 mil encaminhamentos.
Também foi criado pela gestão o Serviço de Atenção Integral ao Dependente (SAID), uma clínica pública e gratuita para o tratamento de dependentes químicos que atendia adolescentes e adultos de ambos os sexos, inaugurado em 2011 com 80 leitos, consultórios para atendimento odontológico, quadras poliesportivas, oficinas terapêuticas e salas de aula e de atividades individuais e em grupo.
É gratificante perceber que a cidade continua avançando em busca de soluções e, mantendo os investimentos, irá superar esse e outros problemas.