Homem jogado de ponte em SP por PM: veja o que se sabe sobre o flagrante
Corporação instaurou um inquérito policial militar (IPM) na terça, 3, e afastou 13 policiais envolvidos na ocorrência. MP classificou caso como 'inadmissível' e governador pediu punição rigorosa
Um policial militar jogou um homem de uma ponte na região de Cidade Ademar, zona sul de São Paulo, na madrugada de segunda-feira, 2, durante uma abordagem. O caso ganhou repercussão e indignação nacional após o vídeo com o flagrante ser divulgado nas redes sociais.
Na terça, o Ministério Público considerou a atitude da PM estarrecedora e inadmissível. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), classificou como absurda a ação e pediu punição rigorosa. Veja abaixo o que se sabe e que ainda falta saber sobre o caso.
Qual foi o flagrante?
Pelas gravação, é possível ver três agentes da PM sobre a ponte. Um deles levanta uma moto do chão e a encosta na mureta. Outro policial aparece segurando pelas costas um homem usando uma camiseta azul.
O vídeo registra o momento em que o policial levanta o rapaz pelas pernas e o joga do alto da ponte sobre um córrego. Na sequência, é possível ver nas imagens o homem nas águas do córrego.
O que sabe sobre o homem jogado de ponte em SP? Ele sobreviveu?
O indivíduo que foi alvo da agressão do policial ainda não foi identificado, mas ele teria saído do local andando, segundo testemunhas relataram posteriormente à polícia. Não há informações sobre o estado de saúde do motociclista.
Em entrevista à TV Globo, o pai do rapaz disse que o filho está bem, trabalha como entregador e não tem passagem pela polícia. A família do jovem cobra esclarecimentos do governo sobre a ação.
O que ocorreu com os policiais envolvidos no caso?
A corporação afastou 13 policiais envolvidos na ocorrência, mas as identidades deles não foram reveladas. Os agentes são do 24° Batalhão de Polícia Militar, de Diadema, região metropolitana da capital. A investigação segue em andamento. Também devem ser esclarecidos o motivo da abordagem.
'Violação de direitos humanos grave', diz porta-voz da PM
"É uma ação que sugere uma violação de direitos humanos grave." É assim que o coronel Emerson Massera, porta-voz da Polícia Militar de São Paulo, classificou o caso. "É claro que (os casos) preocupam, que nos acendem um sinal de alerta, mas, diante de todas as ações que a Polícia Militar faz, nós não podemos considerar isso como regra, muito pelo contrário", afirmou ele.
O que disseram outras autoridades?
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) classificou como absurda a atitude do PM flagrado atirando um homem de uma ponte em São Paulo.
"A Polícia Militar de São Paulo é uma instituição que preza, acima de tudo, pelo seu profissionalismo na hora de proteger as pessoas. Policial está na rua pra enfrentar o crime e pra fazer com que as pessoas se sintam seguras. Aquele que atira pelas costas, aquele que chega ao absurdo de jogar uma pessoa da ponte, evidentemente não está à altura de usar essa farda. Esses casos serão investigados e rigorosamente punidos. Além disso, outras providências serão tomadas em breve", disse o governador de SP em publicação no X.
Mais cedo no Instagram, Guilherme Derrite, secretário da Segurança Pública do Estado, prometeu "severa punição" aos envolvidos.
"Anos de legado da PM não podem ser manchados por condutas antiprofissionais. Policial não atira pelas costas em um furto sem ameaça à vida e não arremessa ninguém pelo muro. Pelos bons policiais que não devem carregar fardo de irresponsabilidade de alguns, haverá severa punição", disse na postagem.
O comandante-geral da Polícia Militar de São Paulo, o coronel Cassio Araújo de Freitas, disse, em entrevista à GloboNews, que em mais de três décadas de serviço nunca tinha visto uma cena tão chocante quanto o caso do homem que foi jogado da ponte por um PM durante uma abordagem. "Tenho 34 anos de serviço e não tinha visto algo parecido com isso", disse. Ele, no entanto, considera o erro como "individual" e nega que a letalidade policial seja um problema sistêmico no Estado.
Procuradoria-Geral pede punição exemplar
Procurador-geral de Justiça do Estado, Paulo Sergio de Oliveira e Costa considerou as imagens "estarrecedoras e inadmissíveis".
Ele determinou nessa terça-feira que o Grupo de Atuação Especial de Segurança Pública (Gaesp) associe-se ao promotor natural do caso para que o Ministério Público de São Paulo "envide todos os esforços no sentido de punir exemplarmente, ao fim da persecução penal, os responsáveis por uma intervenção policial que está muito longe de tranquilizar a população".
Questionada, a Polícia Militar disse, em nota, repudiar "veementemente a conduta ilegal adotada pelos agentes públicos no vídeo mostrado." No texto, a PM ainda afirma que instaurou um inquérito policial militar (IPM) para apurar os fatos.
Mortes por intervenção policial
A polícia de São Paulo matou neste ano 496 pessoas entre janeiro e setembro, o maior número para o período desde 2020, quando houve 575 óbitos desse tipo. Desde o ano passado, a alta da letalidade pelas forças de segurança foi impulsionada por operações policiais na Baixada Santista e, em novembro, chamaram a atenção os casos de Ryan Andrade, de 4 anos, e do estudante de Medicina Marco Aurélio Acosta, de 22, baleado na Vila Mariana, zona sul da capital, no feriado.