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Homem morre porque hospital precisou revezar hemodiálise

Rubens Neves de Albuquerque Júnior, de 59 anos, morreu no sábado e família atribui piora no quadro ao apagão que atinge o Estado. 'Sempre acreditei que ele ia sair vivo', lamenta mulher

10 nov 2020 - 05h10
(atualizado às 07h30)
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O apagão no Amapá impôs a alguns moradores tragédias em combo. O Estado enfrenta problemas no fornecimento regular de energia elétrica desde a terça-feira passada. Aos poucos, a luz volta à região, mas as dificuldades ainda são sentidas. O governo federal fala em restabelecimento total em nove dias. Além da preocupação sobre como ter água para beber e para a rotina de casa, a professora Maria Adriana Silva Fonseca, de 36 anos, tinha apreensão com o quadro de saúde do marido.


22/08/2018
REUTERS/Nacho Doce
22/08/2018 REUTERS/Nacho Doce
Foto: Reuters

Aos 59 anos, Rubens Neves de Albuquerque Júnior contraiu o vírus. Com quadro de diabetes e pressão alta, não conseguiu a mesma pronta recuperação que Adriana e as filhas, de 13 e 14 anos.

De um hospital na cidade de Santana, a 20 quilômetros da capital, Rubens foi transferido para o HU, na capital. Foram dez dias internados, sem nenhum contato com a família. A última conversa com a mulher foi há duas semanas, por telefone.

O paciente morreu no sábado. "Estava esperando que ele fosse se recuperar. Ele lutou pela vida dele. Eu sempre acreditei que ia sair daqui com ele vivo, assim como deixei ele aqui vivo", lamentou Maria Adriana. A professora afirma que recebeu informações do hospital sobre a necessidade de revezamento dos pacientes nos aparelhos de hemodiálise.

"A situação dele se agravou por causa desse apagão. Tiveram de revezar na hemodiálise dele. Essa (falta) de energia também atingiu aqui", relatou. "O que chegou para nós foi que o que agravou foi o apagão mesmo", ressaltou.

Procurada por meio da assessoria de imprensa, a Secretaria de Saúde não comentou a denúncia. A direção do hospital também evitou se pronunciar.

Mortos pela covid-19 precisam ser enterrados rapidamente. Os corpos são tirados do hospital por funcionários com roupas especiais e logo levados para o cemitério. Entre a família de Maria Adriana receber a notícia da morte e enterrar Rubens, passaram-se apenas cerca de cinco horas.

O cemitério São José de Macapá, para onde foi levado o corpo do técnico, não permitiu que os parentes fizessem velório. A equipe de reportagem também não pode entrar no cemitério. A justificativa é evitar aglomerações por causa do vírus.

A ordem que é passada aos coveiros é limitar no máximo a dez o número de pessoas com entrada autorizada num sepultamento de algum parente. Diante disso, quase sempre a maior parte da família acaba ficando do lado de fora do cemitério, prestando as últimas homenagens à distância.

Estadão
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