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Homem preso que ajudou fugitivos de Mossoró diz que foi ameaçado: 'Iam matar minha família'

Ronaildo da Silva Fernandes deu abrigo e comida aos criminosos; depoimentos dele e da esposa divergem

4 mar 2024 - 10h50
(atualizado às 11h32)
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Mecânico Ronaildo da Silva Fernandes
Mecânico Ronaildo da Silva Fernandes
Foto: Reprodução/TV Globo

Até esta segunda-feira, 4, cinco pessoas suspeitas de ajudar os dois fugitivos do Presídio Federal de Mossoró foram presas. Um deles é o mecânico Ronaildo da Silva Fernandes. Em depoimento à Polícia, obtido pelo Fantástico, da TV Globo, ele conta que deu abrigo e comida aos homens e diz que agiu sob ameaça.

Segundo a reportagem, em 23 de fevereiro, às 13h45, Fernandes foi parado em uma barreira em Baraúna, no Rio Grande do Norte, e disse que os fugitivos estavam há quase uma semana escondidos em um sítio dele, na zona rural da cidade. No mesmo dia, ele foi ouvido pela Polícia Federal (PF).

"Estava eu, minha esposa e meu menino pequeno. Aí, por volta de 23h, 0h, a gente estava quase dormindo já, invadiram a porta, entraram para dentro [sic], pegaram eu e minha esposa. Disseram que se eu não fizesse o que eles me mandassem, iriam me matar, matar minha família. Aí eu fui obrigado a ficar assim", afirmou.

Ainda de acordo com o mecânico, os homens pediram para ele voltar para a casa em Baraúna e, diariamente, ir ao sítio para levar comida. Naquele dia, ele disse que levou mortadela e bolacha, por volta das 16h30, 17h.

Somente no dia seguinte, às 5h40, um grupo da PF foi até o sítio, mas os bandidos não estavam mais lá. À emissora, policiais disseram que a demora fez toda a diferença para os homens escaparem. Em nota, a PF rebateu a acusação de demora e informou que, desde a abordagem, Fernandes foi monitorado o tempo todo.

O mecânico já prestou três depoimentos. A mulher dele, Francisca Elizandra Miranda, foi ouvida duas vezes. O fato de a foto de outro preso no caso saindo de um carro dirigido por Fernandes deixa a dúvida se eles seriam vítimas ou estariam ajudando os homens. 

Tanto Fernandes quanto Francisca contaram que receberam um pagamento de R$ 5 mil, mas as versões deles foram diferentes em relação a quem teria ligado para falar sobre o dinheiro. 

"Quem ligou foi um cabra [sic] de fora, que o número é 21", disse o mecânico. O DDD 21 é do Rio de Janeiro. Já a mulher afirmou que foi um homem chamado Gustavo, que mora em Baraúna, seria do Comando Vermelho e está foragido.

O advogado de Fernandes afirmou que o homem foi vítima de ameaça e por isso fez o que os bandidos pediam. Francisca segue em liberdade.

Os fugitivos

Os fugitivos são Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento, também conhecido como "Tatu" ou "Deisinho". 

Eles fugiram da penitenciária no dia 14 de fevereiro. O caso marca a primeira fuga registrada na história do sistema penitenciário federal, que inclui cinco presídios de segurança máxima. Nesta segunda, a busca por eles completa 20 dias.

Ambos são naturais do Acre e estavam sob custódia na Penitenciária Federal de Mossoró desde 27 de setembro de 2023, conforme divulgado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública na época.

Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento
Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento
Foto: ecretaria de Estado de Segurança Pública do Acre

No ano passado, a Secretaria de Estado de Segurança Pública do Acre informou que Rogério e Deibson estavam entre os detentos envolvidos na rebelião ocorrida em julho de 2023 no presídio de segurança máxima Antônio Amaro Alves. Na ocasião, cinco prisioneiros foram assassinados. 

Deibson foi detido em agosto de 2015 e também cumpriu pena no presídio federal de Catanduvas, no Paraná. Ele tem condenações e é acusado de envolvimento em assaltos, furtos, roubos, homicídios e latrocínio.

Já Rogério estava cumprindo pena no Acre quando foi transferido para o Rio Grande do Norte. Ambos são membros de uma organização criminosa e deveriam cumprir uma sentença de dois anos, até 25 de setembro de 2025.

O presídio federal de Mossoró foi inaugurado em 2009 e é o único localizado no Nordeste. Com uma área de 13 mil metros quadrados, abriga mais de 200 detentos e nunca havia registrado uma fuga.

Além de Mossoró, o Sistema Penitenciário Federal conta com presídios em Catanduvas (PR), Campo Grande (MS), Porto Velho (RO) e Brasília (DF), que abrigam detentos de alta periculosidade.

Fonte: Redação Terra
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