Horário de pico muda em São Paulo e torcida recorre ao celular para acompanhar jogo do Brasil
Para quem não saiu do trabalho antes do jogo, o jeito foi acompanhar a partida pelo telefone; operação de transporte foi reforçada
Em uma cidade que praticamente parou para acompanhar a derrota da seleção para Camarões de acordo com os indicadores de mobilidade urbana, torcedores que estavam em trânsito na hora do jogo recorreram aos aparelhos celulares para saber ao menos o placar da partida. Para manter a segurança e permitir que os funcionários acompanhassem ao jogo, concessionárias dos trens aumentaram as equipes.
Na estação Vila Sônia, zona sul de São Paulo, Melquisedeque Silva estava contente por ter vendido todos os pães de queijo que havia previsto no centro da cidade. Foram 70 vendidos. Mas ele se atrasou para o jogo. Por isso recorreu ao celular para ver os lances. Ele não tirou os olhos da tela diminuta nem para conversar com o Estadão. "Depois vou ter de ver os melhores lances. Estou acompanhando o placar porque a internet cai muito", disse o comerciante de 20 anos.
Esse foi o mesmo problema enfrentado pelo preparador físico James Fernandez, de 42 anos, que atua nas áreas de musculação, futsal, handebol e voleibol do São Paulo Futebol Clube. Ele lamentou não ter conseguido sinal de internet para ver a partida na estação Pinheiros.
As estações de trens apresentam cenários distintos antes, durante e depois da partida. A estação República, por exemplo, estava vazia às 17h45, situação que mudou totalmente em 15 minutos com o final do jogo.
Dados da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) também ilustram essa movimentação do torcedor. Antes do jogo com a Suíça, realizado às 13h de segunda-feira, o pico de congestionamento foi de 175 quilômetros às 12h30, patamar superior aos 73 quilômetros no mesmo dia e horário da semana anterior. Na hora do jogo, a média foi de 3 quilômetros de lentidão; na semana anterior o patamar chegou a 93.
Nos dias de jogos do Brasil, algumas empresas ligadas à Secretaria dos Transportes Metropolitanos ajustam as operações. O horário de pico no Metrô e na CPTM vem sendo antecipado nos jogos às 16h com a entrada de mais trens. A EMTU informa que também aumentou a oferta de viagens.
Considerado serviço essencial ao lado das atividades de segurança, saúde, abastecimento, coleta de lixo, serviços funerários, telecomunicações, distribuição de água, energia elétrica, entre outros, os transportes não podem parar. Por isso, algumas empresas mudam sua rotina.
A ViaQuatro, concessionária responsável pela operação e manutenção da Linha 4-Amarela de metrô, dobrou o número de colaboradores no dia do jogo no Centro de Controle Operacional, que monitora mais de 2.500 câmeras espalhadas por 11 estações. "A ideia foi diversificar a equipe entre aqueles concentrados na operação e aqueles que pudessem acompanhar um pouco do jogo" afirmou o coordenador Hilson Ferreira Neto. O Centro de Controle Operacional instalou um televisor para que os colaboradores pudessem acompanhar o jogo.
Os trens circularam praticamente vazios durante o jogo. Dentro dos vagões, a ocupação do espaço, em metros quadrados por passageiro, era de 0,9%. Um deles foi o segurança Josenildo Pereira que teve de abandonar o primeiro tempo em casa, na zona norte, para chegar ao trabalho na zona oeste. Ele disse que não estava acompanhando o jogo porque o celular estava sem bateria.