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"Houve negligência do hospital", diz filho de idosa morta

Emanuel Ricardo dos Santos Melo estava com Luzia, de 88 anos, no Hospital Badim: 'Não tinha brigada de incêndio nem orientação'

13 set 2019 - 12h26
(atualizado às 12h55)
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Foto: Onofre Veras/Agência O Dia / Estadão

Emanuel Ricardo dos Santos Melo estava com a mãe, Luzia, de 88 anos, no Hospital Badim, no Maracanã, desde a manhã de quarta-feira, 11. Ela havia sido internada por problemas respiratórios, mas se recuperava bem, segundo o filho, e poderia ter alta na semana que vem. Luiza foi uma das 11 vítimas do incêndio no hospital, ocorrido na noite desta quinta-feira, 12.

Maranhense, a idosa morava em Cascadura, no subúrbio do Rio, e deixa cinco filhos e netos. Nesta sexta, 6, Polícia Civil informou que calor e fumaça dificultam perícia. A Rede D'Or Sâo Luiz, dona do Hospital Badim, divulgou nota em que lamenta "profundamente o incêndio" e afirma ter colocado todos os hospitais da rede para receber pacientes, familiares e funcionários.

Confira a seguir o depoimento de Melo:

"Estava com a minha mãe como acompanhante (no Hospital Badim) desde quarta-feira às 11h30. Estava direto no CTI, que fica no andar G1. Ela estava no boxe 12. Pela manhã, teve uma primeira falta de energia muito forte e depois de um tempo veio a segunda. Na primeira, o pessoal da manutenção do Badim foi passando nos boxes tranquilizando, dizendo que estava tudo resolvido, que a energia ia voltar, como voltou. Depois de 20 minutos no máximo, faltou (energia) de novo. Houve uma explosão e começou fumaça muito densa, muito cheiro de diesel, muito forte.

Os funcionários estavam totalmente perdidos, batendo cabeça, sem saber o que fazer. A enfermeira que era responsável pelo setor sumiu. Fechei o boxe para que minha mãe não respirasse fumaça. Peguei minha blusa para me proteger. E quando vieram pegar ela, para levar para onde estava o Corpo de Bombeiros, eu tentei deixar ela tranquila. Arrumei a máscara nela. Só falava para ela não tirar, para não falar. Ela só balançava a cabeça.

Quando ela chegou no Corpo de Bombeiros, pensei: pô, finalmente, agora está tranquilo. Mas os bombeiros não permitiram acompanhamento, além de violência física em quem tentava ficar com seu acompanhante. Não permitiram de jeito algum, embora pedíssemos a todo instante. Alegaram que a gente tinha de sair por outro canto. Não tinha ninguém conduzindo. Podíamos ter morrido também.

Não tinha brigada de incêndio nem orientação. Zero. Não houve nada (de orientação), absolutamente nada. Tinha muita fumaça e muito cheio.

Minha mãe estava no hospital desde quarta-feira, com pressão alta e pneumonia, duas coisas tratáveis. Chegou com dificuldade respiratória, mas ontem (quinta-feira) ela já estava melhor, respirando normal, quase em aparelho respiratório. A médica disse que na semana que vem ela poderia ter alta. Estava tranquilo. Até acontecer toda essa situação.

Eu e meu irmão percorremos o Rio de Janeiro atrás da nossa mãe, as informações estavam totalmente desencontradas. O Badin não falava coisa com coisa, a Defesa Civil muito menos. Dizem que tinha muitos médicos, balela.

Com certeza a morte dela poderia ter sido evitada. Foi um assassinato, houve negligência do hospital. E houve sim truculência do Corpo de Bombeiros. Só faleceram as pessoas que estavam no G1. Morreram idosos."

O Estado aguarda manifestação da Rede D'Or Sâo Luiz e do Corpo de Bombeiros sobre o relato.

Estadão
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