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Idosos engrossam novo protesto contra a passagem em São Paulo

18 jun 2013 - 18h15
(atualizado às 18h50)
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<p>A vendedora Maria Aparecida Paes, 66 anos, resolveu ir às ruas principalmente em função do alto preço dos alimentos</p>
A vendedora Maria Aparecida Paes, 66 anos, resolveu ir às ruas principalmente em função do alto preço dos alimentos
Foto: Marina Azaredo / Terra

Um novo protesto contra o aumento da tarifa do transporte público em São Paulo acontece na noite desta terça-feira na praça da Sé, na região central da capital paulista. Entre os milhares de manifestantes, idosos engrossam os gritos, protestando contra o descaso dos políticos brasileiros com os problemas da população. Nadir Paulino, 71 anos, e a irmã, Aparecida Paulino, moradoras do bairro Cambuci, participam de seu primeiro ato desde o movimento Diretas Já, nos anos 80.

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“Vim porque percebi que, no decorrer da minha vida, eu trabalhei, trabalhei e fiquei 40 anos ganhando salario irrisório, com muitas despesas, água cortada, luz cortada. Percebi que o Brasil é uma mentira, que os que têm dinheiro estudam em escolam particular e os filhos dos ricos vão para a USP (Universidade de São Paulo) e pra Unesp (Universidade Estadual Paulista)”, disse Nair. A idosa afirmou que ela e a irmã não tem onde morar e vivem de favor em uma casa.

A vendedora Maria Aparecida Paes, 66 anos, também participa de seu primeiro protesto. Ela afirmou que resolveu ir às ruas principalmente em função do alto preço dos alimentos. “Falta vergonha para os políticos, eles precisam baixar a inflação. Feijão é muito caro e é uma necessidade do povo brasileiro”, disse a vendedora, que foi caracterizada para o protesto, levando uma panela com feijão.

Maria Aparecida disse que espera que os protestos não terminem com vandalismo. Para ela, violência é “perder a razão”.

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Adolescente foge para poder ir a protesto

O estudante Artur Sampaio, 15 anos, também estava no meio dos milhares de manifestantes que foram às ruas protestar. Ele disse que saiu escondido do pai. “É o primeiro que venho. Os outros, meu pai proibiu por causa da violência.” Nesta terça-feira, Arthur deixou uma mensagem na caixa postal do pai avisando que iria para o novo protesto.

Estudante de uma escola particular, Arthur foi ao protesto com o corpo colorido de verde e amarelo. Ele disse que fez a pintura no colégio e que foi expluso pelos seguranças da escola. “Vim assim para chamar a atenção”. “Gosto muito do Brasil, mas o governo está, vou até usar uma palavra suja, uma merda”, afirmou. “Não é por R$ 0,20 centavos, é por causa de tudo. Promessas eleitorais feitas todos os anos não são cumpridas”, disse.

Cenas de guerra nos protestos em SP

A cidade de São Paulo enfrenta protestos contra o aumento na tarifa do transporte público desde o dia 6 de junho. Manifestantes e policiais entraram em confronto em diferentes ocasiões e ruas do centro se transformaram em cenários de guerra.

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Durante os atos, portas de agências bancárias e estabelecimentos comerciais foram quebrados, ônibus, prédios, muros e monumentos pichados e lixeiras incendiadas. Os manifestantes alegam que reagem à repressão da polícia, que age de maneira truculenta para tentar conter ou dispersar os protestos.

Veja a cronologia e mais detalhes sobre os protestos em SP

Mais de 250 pessoas foram presas durante as manifestações, muitas sob acusação de depredação de patrimônio público e formação de quadrilha. A mobilização ganhou força a partir do dia 13 de junho, quando o protesto foi marcado pela repressão opressiva. Bombas de gás lacrimogêneo lançadas pela Polícia Militar na rua da Consolação deram início a uma sequência de atos violentos por parte das forças de segurança, que se espalharam pelo centro.

O cenário foi de caos: manifestantes e pessoas pegas de surpresa pelo protesto correndo para todos os lados tentando se proteger; motoristas e passageiros de ônibus inalando gás de pimenta sem ter como fugir em meio ao trânsito; e vários jornalistas, que cobriam o protesto, detidos, ameaçados ou agredidos.

As agressões da polícia repercutiram negativamente na imprensa e também nas redes sociais. Vítimas e testemunhas da ação violenta divulgaram relatos, fotografias e vídeos na internet. A mobilização ultrapassou as fronteiras do País e ganhou as ruas de várias cidades do mundo. Dezenas de manifestações foram organizadas em outros países em apoio aos protestos em São Paulo e repúdio à ação violenta da Polícia Militar. Eventos foram marcados pelas redes sociais em quase 30 cidades da Europa, Estados Unidos e América Latina.

As passagens de ônibus, metrô e trem da cidade de São Paulo passaram a custar R$ 3,20 no dia 2 de junho. A tarifa anterior, de R$ 3, vigorava desde janeiro de 2011. Segundo a administração paulista, caso fosse feito o reajuste com base na inflação acumulada no período, aferido pelo IPC/Fipe, o valor chegaria a R$ 3,40.

O prefeito da capital havia declarado que o reajuste poderia ser menor caso o Congresso aprovasse a desoneração do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) para o transporte público. A proposta foi aprovada, mas não houve manifestação da administração municipal sobre redução das tarifas.

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Fonte: Terra
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