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Irmão de homem linchado diz à polícia que vítima já havia sido agredida antes a mando de mulher

Osil Vicente Guedes, comerciante que morreu após acusação injusta de roubo de uma moto, já havia sido agredido dois dias antes

8 mai 2023 - 17h34
(atualizado em 9/5/2023 às 11h37)
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Um dos irmãos de Osil Vicente Guedes, comerciante que morreu linchado após acusação injusta de roubo de uma moto na quarta-feira, 3, no Guarujá, no litoral de São Paulo, afirma que a vítima já havia sido agredida dois dias atrás. Essa agressão teria sido cometida pelo mesmo grupo a mando da ex-mulher de Osil. A informação foi fornecida em depoimento no 2º Distrito Policial do Guarujá, neste domingo.

O irmão da vítima, que não teve o nome revelado, afirmou que teve acesso ao celular de Osil e que encontrou mensagens de áudios que se referiam a uma briga de Osil com a ex-mulher. Ele afirmou que, antes de ser espancado, Osil havia 'tomado uma surra' por causa do antigo relacionamento. A nova versão para o linchamento foi publicada inicialmente pelo portal Metrópoles e confirmada pelo Estadão.

Os policiais investigam o caso para confirmar a motivação do crime e afirmam que "nenhuma linha de investigação está descartada no momento".

Em nota, a Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou que a autoridade policial realiza oitivas de testemunhas e aguarda o laudo pericial para análise e esclarecimento de todas as circunstâncias dos fatos. "Mais detalhes serão preservados para garantir autonomia ao trabalho policial", diz o órgão.

Entenda o caso

Quem é a vítima?

Trata-se do comerciante Osil Vicente Guedes, de 49 anos. Ele foi acusado injustamente de roubar uma moto e espancado no meio da rua na quarta-feira passada, no Guarujá, na Baixada Santista. Ele foi atacado com pedaços de madeira e capacete por três pessoas, segundo mostra um vídeo gravado por celular.

Osil estava internado desde o dia da agressão na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Santo Amaro, no Guarujá, onde foi declarada a morte encefálica no domingo. Ele era dono de uma empresa de reciclagem. Tinha um filho de 9 anos e morava no bairro Vila Áurea, que fica próximo de onde aconteceu o crime.

Como aconteceram as agressões?

Nas imagens filmadas por testemunhas, é possível perceber um homem caído, que recebe um golpe na cabeça dado com um capacete na cabeça. Ele é arrastado e arremessado no chão por um outro rapaz. "Não está bom para ladrão de moto, não. Ladrão de moto está se lascando", diz o autor da gravação. O linchamento ocorreu no bairro Pae-Cará. Testemunhas relataram à Polícia Militar que as agressões começaram após um grito de "pega ladrão" direcionado ao rapaz.

Como a polícia teve conhecimento de que a acusação era injusta?

Após averiguação da Polícia Civil, o dono da moto afirmou que havia emprestado o veículo a Guedes naquele mesmo dia e que mantinha contato há anos com a vítima. O proprietário da motocicleta, cuja identidade não foi revelada, ainda definiu Osil como uma "pessoa trabalhadora e que não se metia em confusão." A Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP) disse, em nota, que foi comunicada da morte da vítima no domingo.

Já houve casos semelhantes?

Também no Guarujá, um caso semelhante aconteceu nove anos atrás. Fabiane Maria de Jesus foi vítima de uma notícia falsa postada em maio de 2014 no Facebook. A postagem viralizou, também no dia 3 de maio daquele ano, e ela foi confundida com uma suposta sequestradora de crianças.

Fabiane foi amarrada e agredida por uma multidão após sair de casa no bairro Morrinhos para ir à igreja. Ela ainda foi levada ao hospital, mas morreu dois dias. Fabiane era inocente. Tinha duas filhas: uma de 13 anos e outra de um ano. O caso se tornou emblemático sobre a forma como a desinformação pode resultar em violência.

Estadão
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