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João de Deus aparece em Abadiânia após denúncias de abuso

Médium fez uma visita de menos de 10 minutos na casa Dom Inácio de Loyola e disse somente que é inocente

12 dez 2018 - 10h47
(atualizado às 11h00)
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ABADINIA - Foram dez minutos de tumulto e gritaria. Assim que desembarcou num Ford Ka branco, João de Deus foi cercado por seus funcionários, fez uma visita de menos de 10 minutos na sala de atendimento e retornou. Jornalistas acompanharam o trajeto, mas foram impedidos de se aproximar do médium, que fez a primeira visita ao centro Dom Inácio de Loyola depois de ser acusado de abuso sexual por mulheres que buscaram a casa em busca de tratamento espiritual.

No trajeto, funcionários gritavam: "Respeitem! Ele vai falar." A promessa, no entanto, nao se concretizou. Apesar do amplo espaço , não foi providenciado um local para a entrevista. Ele saiu sem dar entrevista, apenas disse, entre um grito e outro de seus funcionários, que cumpria uma missão dada há 60 anos. E disse somente: "Eu sou inocente".

João de Deus chega à Casa Dom Inácio de Loyola para rápida visita após as denúncias de abuso sexual
João de Deus chega à Casa Dom Inácio de Loyola para rápida visita após as denúncias de abuso sexual
Foto: Paulo Giovanni / Futura Press

Na confusão, voluntários chegaram a agredir jornalistas. A chegada no centro ocorreu por volta das 9h20, um horário pouco usual. João de Deus, cujo nome de batismo é João de Faria, horas antes havia desembarcado no aeroporto de Anápolis, de um voo procedente de São Paulo.

Esta foi a primeira aparição pública do médium, depois que mulheres vieram a público acusá-lo de abuso sexual. Passados cinco dias após as primeiras denúncias, mais de duas centenas de mulheres procuraram o Ministério Público para fazer relatos semelhantes. Pelo menos quatro inquéritos já foram abertos.

As denúncias afetaram o movimento da casa, onde atendimentos são realizados. Por volta das 8h30, cerca de 400 pessoas - incluindo crianças e duas pessoas de cadeiras de rodas - aguardam a chegada do lider espiritual. Isso representa um terço do movimento habitual. Chico Lobo, um dos funcionários da casa, afirmou que três ônibus - de São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas - chegaram à cidade. "É menos que o de costume. Mas há também o impacto da proximidade das festas. Nesta época, tradicionalmente o movimento cai."

Funcionários e voluntários da casa começaram a chegar na casa Dom Inácio de Loyola mais cedo. "Sabíamos que seríamos necessários aqui. Ele sempre esteve presente com seu amor, agora estamos prontos para defendê-lo", disse Jacilda Oliveira Soares, que desde 1985 frequenta a casa. Há alguns anos, ela se dedica a organizar as filas de atendimento.

Primeiro, ingressam fiéis escolhidos pelo médium para formar a corrente de oração. Eles ocupam uma sala próxima onde o líder costuma atender e ficam concentrados durante todo atendimento. Para enfrentar as longas horas, muitos trazem travesseiros ou uma almofada especial, dobrável, para proteger as costas e o quadril. Essas pessoas já estão posicionadas. São cerca de 200. Outras 200, a maioria usando roupas brancas, estão sentadas em cadeiras situadas num pátio coberto, aguardando atendimento. As pessoas são chamadas em grupos, de acordo com a frequência que vem à casa. De acordo com funcionários, mesmo sem a presença de João de Deus, os trabalhos podem ser realizados. "Onde ele estiver, a energia dele estará aqui", dizia Jacilda.

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