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Justiça dá aval para cidade rebaixada permanecer na fase laranja em SP

São Roque consegue liminar; Ministério Público de São Paulo entrou com recurso

2 jul 2020 - 12h32
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SOROCABA - Contrariando entendimento predominante nos tribunais, a Justiça autorizou a prefeitura de São Roque, no interior de São Paulo, a permanecer na fase laranja do Plano São Paulo de reabertura da economia, mesmo tendo sido rebaixada à fase vermelha, de maior restrição. Em liminar concedida na quarta-feira, o juiz Diego Ferreira Mendes, do fórum local, entendeu que o município preenche os requisitos até para "progredir para a fase amarela" e considerou que o prefeito tem "o poder de decisão" sobre o tema. O Ministério Público de São Paulo (MPSP) entrou com recurso.

Com a classificação do município na fase vermelha, desde a segunda-feira (29), a cidade deveria ter fechado o comércio para atividades não essenciais, como acontece em outras 47 cidades vinculadas ao departamento estadual de saúde de Sorocaba. O prefeito Cláudio Góes (PSDB) considerou injusta a decisão do governo estadual e manteve o comércio não essencial aberto, incluindo lojas de roupas e sapatos. Na terça (30), o MPSP entrou com ação na justiça, por entender que o gestor municipal descumpria as regras do Plano São Paulo, instituído por decreto estadual.

Justiça dá aval para São Roque, cidade rebaixada, permanecer na fase laranja em SP
Justiça dá aval para São Roque, cidade rebaixada, permanecer na fase laranja em SP
Foto: Divulgação/Prefeitura de São Roque / Estadão

Com 91 mil habitantes, São Roque soma 226 casos positivos e 9 mortes pela covid-19. O juiz considerou que "o município atende a todos os requisitos para se manter na fase laranja ou mesmo progredir para a fase amarela, de forma que aquele a quem a Constituição Federal confiou a administração do município, pautado em base científicas e valendo-se da discricionariedade próprias do administrador, manteve o município na fase laranja". O MP alega que o prefeito vem liberando atividades privadas não essenciais em "evidente desrespeito" às legislações estadual e federal. O pedido é para que o município retorne à faixa vermelha, sob pena de multa diária de R$ 100 mil.

O prefeito informou que a decisão foi tomada com base em dados que indicam que a cidade pode permanecer na fase menos restritiva. Segundo o município, o comércio foi reaberto com restrições e a situação é avaliada diariamente. "Se a gente perceber que há aglomeração e que o menor isolamento se reflete nos números de forma negativa, vamos rever a posição independentemente de decisão superior", disse.

PRECEDENTES

Em sentido contrário, o juiz Diogo da Silva Castro, de Avaré, negou liminar pedida pela prefeitura para se manter na fase laranja do plano estadual. A cidade foi reclassificada para a fase vermelha, mas o gestor municipal entendeu que os dados locais permitiam o funcionamento do comércio com as restrições previstas para a fase 2. Na decisão, o juiz afirmou que, a despeito das informações coletadas pelo município no sentido de que a cidade estaria enquadrada na fase laranja, "a questão deve ser analisada sob o prisma regional, e não local, como pretende o município."

Segundo o juiz, "a proximidade entre as cidades da região e o fácil acesso entre elas exigem um cuidado maior do ente público, voltado à microrregião, não sendo aconselhável atribuir tratamento diverso para cada cidade da mesma região". A prefeitura informou que vai pedir ao Tribunal de Justiça de São Paulo a cassação da liminar. Avaré, com 89 mil habitantes, tem 226 casos positivos e 9 óbitos pela covid-19.

No dia 24 de junho, o ministro Luiz Fux, então vice-presidente do Supremo Tribunal Federal, atendeu a pedido da Procuradoria Geral de Justiça do Estado e cassou liminar da justiça local que autorizava a prefeitura de Marília a decidir sobre as regras da quarentena na cidade. O município havia sido rebaixado à fase vermelha, mas, até essa decisão, permanecia na laranja.

O secretário de Desenvolvimento Econômico, Marco Vinholi, disse que o governo estadual mantém permanente diálogo com os municípios e, no caso de São Roque, vai aguardar a decisão da justiça sobre o recurso do Ministério Público. Segundo ele, o governo de São Paulo indica o cumprimento da fase determinada pelo Centro de Contingência da Covid-19 para resguardar a vida da população.

Estadão
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