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Justiça suspende lei que proíbe corridas de cavalo após pedido do Jockey

Com a decisão, em caráter liminar, o clube não pode ser punido até o julgamento do mérito da ação

2 jul 2024 - 13h31
(atualizado às 16h43)
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O Jockey Club de São Paulo conseguiu nesta terça-feira, 2, uma liminar contra a lei que proíbe as corridas de cavalo na capital. A norma havia sido sancionada pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB) na sexta-feira, 28.

Pela decisão, o poder municipal não pode punir o clube por manter as suas atividades até o julgamento do mérito da ação, que continua em tramitação na Justiça.

Justiça suspende lei que proíbe corrida de cavalo em São Paulo
Justiça suspende lei que proíbe corrida de cavalo em São Paulo
Foto: Sergio Barzaghi/Estadão / Estadão

Na decisão, o desembargador José Damião Pinheiro Machado Cogan, do Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo, acata a argumentação do advogado José Mauro Marques, advogado do Jockey. O defensor afirma que a Lei 7191/84, que dispõe sobre as atividades da equideocultura no País, é de responsabilidade do Ministério da Agricultura.

De acordo com esse entendimento, a lei municipal não pode revogar a federal.

O pedido de liminar apresentado pelo Jockey afirma que a lei é "flagrantemente prejudicial, pois os proprietários, sócios e demais frequentadores terão a nítida sensação da 'morte do Clube', colocando-o em situação extremamente delicada".

A obtenção da liminar representa novo capítulo da polêmica iniciada na semana passada, quando a Câmara Municipal havia aprovado a regulamentação que "proíbe utilização de animais em atividades desportivas com emissão de pouleis de aposta em jogos de azar' na cidade de São Paulo.

De acordo com a nova lei, de autoria do vereador Xexéu Tripoli (União Brasil), a cessão das atividades de corrida de animais deveria ocorrer em um período de 180 dias.

Apostadores e frequentadores ficaram assustados com as declarações do presidente da Câmara Municipal, Milton Leite (União Brasil), que chegou a afirmar que iria ao maior hipódromo do País acompanhado de agentes do Controle de Zoonoses e da polícia para impedir competições.

A medida pode fazer com que área do Jockey Club, às margens da Marginal Pinheiros, na zona oeste, venha a se tornar posse da administração municipal, conforme previstas no registro do imóvel. A Prefeitura pretende transformar essa área em parque público.

O principal argumento é uma dívida relacionada ao Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU), que chega a R$ 856 milhões, conforme a gestão Nunes.

O Jockey contesta os cálculos desses valores. Em audiência pública na Câmara sobre o projeto, no fim de 2022, representantes do Jockey Club afirmaram que o Jockey tem sido cobrado por IPTU desde 1954, ao contrário de outros clubes esportivos ou mesmo jóqueis clubes de outros Estados, isentos desse imposto municipal. Além disso, o clube não teria recebido por alguns terrenos desapropriados.

As dívidas do Jockey são decorrentes de uma longa crise financeira que se agravou com a queda do interesse pelo turfe nas últimas décadas. Esse declínio levou à inadimplência de sócios. Muitos criadores transferiram seus cavalos outras cidades, como Campinas (SP), Curitiba e Rio de Janeiro. A frequência das disputas também caiu e se restringe aos sábados.

De acordo com Julio Camargo, presidente da Associação Brasileira de Criadores e Proprietários de Cavalos de Corrida (ABCPCC), o momento é de recuperação. "O mercado vem reagindo principalmente em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Paraná".

Uma das saídas para acelerar a recuperação dos jockeys no País, na visão de Camargo, é a exploração comercial dos espaços, com a abertura de mais restaurantes, lojas e centros comerciais. Nos últimos meses, a área nobre da cidade de São Paulo passou a ser destinada a grandes eventos.

Prefeitura já foi contra criar parque no Jockey: 'Inviável'

Em três anos, a implementação de um parque no Jockey Club passou de proposta descartada pela Prefeitura para um dos novos espaços de lazer com implantação preferencial pelo Município.

A situação chama a atenção em meio à controversa mudança no zoneamento do entorno do Jockey, que passou a permitir prédios em áreas antes restritivas a casas, como revelou o Estadão.

A área foi incluída no quadro de parques com implantação preferencial da nova lei do Plano Diretor, que entrou em vigor no ano passado. Nessa lei, está com o nome de João Carlos Di Genio, empresário fundador do grupo educacional Unip/Objetivo, que morreu em 2022.

A intenção municipal de transformação em parque é distinta do entendimento que tinha ao menos até 2021. À época, dizia ser "inviável", "por restrições funcionais, de tombamento, altos custos de implantação e manutenção de um parque em área alagadiça". / COLABOROU PRISCILA MENGUE

Estadão
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