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Letalidade da polícia do RJ sobe 18,5% na comparação com 2018

De janeiro a setembro, forças de segurança foram responsáveis por 1.402 assassinatos; já os homicídios dolosos caíram 21%

22 out 2019 - 20h17
(atualizado às 22h41)
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A polícia do Rio matou 1.402 pessoas entre janeiro e setembro deste ano, segundo dados divulgados nesta terça-feira, 22, pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), órgão do governo estadual. O número representa 18,5% a mais do que as 1.183 mortas no mesmo período do ano passado. O aumento da letalidade policial no Estado tem sido alvo de críticas contra a gestão Wilson Witzel.

Os dados do ISP indicam também que os homicídios dolosos (intencionais) caíram 21% nos nove primeiros meses deste ano, em relação ao mesmo período de 2018. De janeiro a setembro houve 3.025 mortes desse tipo, contra 3.843 no ano passado. Esse é o menor número de vítimas para esse período desde 1991. Na comparação entre os meses de setembro, a redução foi de 19% (308 em 2019 e 382 em 2018), a menor quantidade de vítimas para o mês desde 1991.

Wilson Witzel.
Wilson Witzel.
Foto: Adriano Machado / Reuters

O número de crimes violentos letais intencionais (homicídio doloso, roubo seguido de morte e lesão corporal seguida de morte) caiu 20% tanto em relação a setembro de 2018 como se comparado o trimestre (julho, agosto e setembro) com o mesmo período do ano passado.

No acumulado deste ano houve redução de 34% no índice de latrocínios (roubos seguidos de morte) na comparação com os nove primeiros meses de 2018. Com o registro de sete casos em setembro, o número de vítimas chegou a 91 neste ano, 47 a menos do que no mesmo período do ano passado. É a menor quantidade de registros para o mês desde 2012. De janeiro a setembro deste ano, as polícias Civil e Militar apreenderam no Estado 6.588 armas de fogo, entre eles 438 fuzis.

Procurada pela reportagem para se pronunciar sobre o aumento do número de pessoas mortas durante confrontos com agentes de segurança no Rio, a secretaria estadual de Polícia Militar afirmou em nota que "não busca o confronto, mas não pode abdicar de sua missão constitucional de combater o crime organizado, localizar e prender criminosos e apreender armas e drogas".

"Muitas vezes, os policiais militares são atacados a tiros por criminosos, de posse de armas de guerra, dando início ao confronto." Segundo a pasta, "nas ações que resultam em mortes, as circunstâncias são investigadas em inquéritos instaurados internamente pela Polícia Militar, que correm sob sigilo, e externamente pela Divisão de Homicídios da Polícia Civil, ambos com o devido acompanhamento do Ministério Público estadual". A Polícia Civil também foi procurada, mas não se manifestou até as 20h05 desta terça-feira.

Letalidade pelas forças de segurança motiva críticas contra gestão Witzel

O aumento da letalidade policial no Rio tem motivado críticas contra a gestão Wilson Witzel (PSC). Em setembro, a morte da menina Ágatha, de 8 anos, com um tiro nas costas no Complexo do Alemão reacendeu o debate sobre os protocolos de ação adotados pelas forças de segurança. PMs que faziam patrulhamento na favela, na zona norte carioca, são investigados de terem sido responsáveis pelo disparo que tirou a vida da criança. À época, o governo afirmou que iria investigar o caso com rigor.

Três dias depois do assassinato de Ágatha, Witzel assinou decreto que acaba com incentivo à redução de mortes provocadas por policiais no Estado. O decreto de Witzel alterou o Sistema Integrado de Metas, criado em 2009, que previa o pagamento de bônus a policiais caso consigam reduzir uma série de indicadores de criminalidade do Estado. Entre as categorias para calcular as gratificações, estava a letalidade violenta.

Em novembro do ano passado, o governador causou polêmica ao defender o abate de criminosos pela polícia. "O correto é matar o bandido que está de fuzil. A polícia vai fazer o correto: vai mirar na cabecinha e... fogo! Para não ter erro", afirmou Witzel, em entrevista ao Estadão.

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