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Mãe afirma que recebeu falso diagnóstico de HIV e bebê tomou coquetel

Ela disse que exame foi emitido por mesmo laboratório que forneceu laudos falsos, causando o transplante de seis órgãos contaminados com HIV

14 out 2024 - 21h48
(atualizado às 22h10)
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Tatiane Andrade, de 30 anos
Tatiane Andrade, de 30 anos
Foto: Reprodução/RJTV

Moradora de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, Tatiane Andrade, de 30 anos, denunciou à polícia um erro em seu exame de HIV realizado no laboratório PCS Lab Saleme, que está sendo investigado por envolvimento em transplantes de órgãos contaminados. Segundo ela, sua filha recém-nascida foi submetida a um tratamento para soropositivos por 28 dias, após o resultado incorreto. Em entrevista ao RJTV, ela contou que o diagnóstico equivocado lhe causou estresse pós-traumático, já que acreditou estar infectada com o vírus.

A filha de Tatiane, nascida prematuramente com sete meses, foi obrigada a tomar um coquetel de medicamentos logo após o parto. Além disso, Tatiane nunca pôde amamentar sua filha, seguindo o protocolo para evitar a transmissão do HIV. Para interromper a produção de leite, ela foi medicada, o que a impediu de criar laços com o bebê durante os primeiros dias de vida.

O parto ocorreu na maternidade particular NeoMater, em Nova Iguaçu, em setembro de 2023. No dia do nascimento, Tatiane realizou o teste de HIV, feito pelo laboratório PCS Lab Saleme, que forneceu um resultado positivo.

"Quando o resultado saiu, no dia 19 de setembro de 2023, foi o médico e a psicóloga do hospital para me dar uma notícia. Naquele momento, meu mundo acabou. Eu, que já estava debilitada, pois tinha acabado de ter uma filha e ainda mais prematura, pedia para Deus que o meu bebê não tivesse nada", contou Tatiane ao RJTV.

O laudo positivo foi assinado por Walter Vieira, sócio do PCS Lab Saleme e um dos alvos da Operação Verum, que mirou os suspeitos de envolvimento na emissão de laudos fraudulentos que resultaram no transplante de seis órgãos contaminados com HIV. Vieira, que é tio do deputado federal Doutor Luizinho (PP), ex-secretário de Saúde do Rio, foi preso na operação.

Tatiane afirmou ao RJTV que pretendia processar tanto o laboratório quanto a maternidade, mas, com as recentes revelações sobre os transplantes infectados, decidiu formalizar a denúncia à polícia. O boletim de ocorrência foi registrado na 56ª DP (Comendador Soares) na última segunda-feira.

Ela relatou o momento em que recebeu a notícia do resultado do exame: "Colheram meu sangue e minha filha nasceu. Porém, algumas horas depois, um médico foi e me disse que o teste deu positivo pra HIV e que minha filha, com minutos de vida, começaria a tomar o coquetel. Eu só me desculpava para o meu esposo falando que eu não fiz nada e pedia desculpas pra ele caso o tivesse contaminado", lembrou sobre o início do protocolo especial para mães soropositivas.

Após o parto, Tatiane solicitou a repetição do exame no mesmo hospital, mas não recebeu o resultado. O PCS Lab Saleme alegou que a responsabilidade pela entrega do laudo era da maternidade, enquanto o hospital afirmou que cabia ao laboratório fornecer o documento. Frustrada, ela fez um novo exame em outro laboratório e, após 26 dias de incertezas, no dia 10 de outubro, descobriu que nem ela, nem seu marido, nem sua filha estavam infectados.

"Fui à sede de Nova Iguaçu e me disseram que não era meu direito pegar o resultado. Só depois que ameacei processar e chamar a imprensa, que emitiram meu resultado, em janeiro desse ano", explicou Tatiane. Ela também relatou que, até hoje, não conseguiu superar o trauma: "Por razões de plano de saúde, eu faço terapia na mesma rua da sede do PCS Laboratórios, e passar por lá me entristece e me faz reviver tudo o que vivi".

A maternidade NeoMater, em nota ao RJTV, afirmou que, por conta do sigilo médico, não poderia comentar o caso, mas alegou que "a paciente em questão recebeu os esclarecimentos devidos durante sua permanência na unidade".

Já o laboratório PCS Lab Saleme informou que "o resultado do terceiro teste da gestante estava disponível desde o dia 29/09/23, na mesma data em que foi acessado pela maternidade". A instituição ainda alegou que, entre os dias 14 de janeiro e 12 de outubro, o resultado foi impresso 12 vezes pela equipe da maternidade, conforme registros do sistema e que não comentaram o erro no exame.

Fonte: Redação Terra
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