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Mãe se diz culpada por prisão de filho após levá-lo a protesto no Rio

Dona de casa ficou inconformada com a prisão do filho que participou do ato de terça-feira, no centro do Rio de Janeiro

16 out 2013 - 15h20
(atualizado às 16h07)
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<p>Manifestantes presos durante protesto no Rio são levados de delegacia a presídio</p>
Manifestantes presos durante protesto no Rio são levados de delegacia a presídio
Foto: André Naddeo / Terra

Um rosto chamava a atenção manhã desta quarta-feira, entre as dezenas de pessoas aglomeradas em frente à 25ª DP (Engenho Novo), na zona norte do Rio de Janeiro - para onde foram levados 39 manifestantes detidos que participaram do violento confronto com policiais na região central da cidade. Desolada, sentada no chão e esgotada fisicamente, a dona de casa Rita de Cássia sentia culpa. Foi ela quem incentivou o filho, Delys Menezes Silveira, 19 anos, a participar do ato em prol dos professores - e que, mais uma vez, terminou com cenas de violência.

"Estou me sentindo culpada, não estou aguentando isso aqui", disse Rita, que, após a detenção do filho, passou a noite na delegacia, sem comer nem dormir. Ela contou que o filho - aluno do terceiro ano do ensino médio do CIEP Sérgio Carvalho, em Campo Grande, na zona oeste - foi incentivado pelos professores do colégio estadual a participar do ato de ontem.

"Eles incentivaram todos a ir para o protesto. Ele não queria ir, estava cansado, mas eu insisti. E agora ele está aqui, detido, sei lá por qual motivo. Dizem que é formação de quadrilha, mas isso não existe. São todos estudantes que estão presos aqui", desabafou ela.

Rita estava com Delys no momento em que homens da Polícia Militar fizeram a desocupação dos que estava sentados ou acampados em frente à Câmara Municipal. Todos foram levados para um micro-ônibus da PM e, em seguida, deslocados em grupos para delegacias distintas.

"Os policiais fizeram um cordão de isolamento, e todo mundo que estava dentro deste cordão foi para o ônibus. Meu filho, junto com outras quatro pessoas, estava fora desse cordão, mas mesmo assim ele acabou levado. Eu batia no escudo do policial e pedia para que me levassem no lugar dele", disse Rita, com os olhos marejados. "Cadê os professores agora, aqui na delegacia, para apoiar meu filho e as outras pessoas? Estávamos lá todos por eles", reclamou ela.

Entre os mais de 200 manifestantes detidos, o grupo que foi deslocado para a DP do Engenho Novo será o único enquadrado no artigo 288 do Código Penal (formação de quadrilha) com o agravante de corrupção de menores - eles não foram inseridos na nova Lei de Organização Criminosa (12.850/2013), em vigor desde 19 de setembro, justamente para coibir atos conjuntos de violência nas manifestações. Antes de serem encaminhados para um presídio, eles passarão por exame de corpo e delito no Instituto Medico Legal (IML). 

Eles serão levados para um presídio ainda não informado, como explicou o advogado Luiz Peixoto, membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB. "Os policiais aproveitaram o momento em que não havia mídia no local, e levaram todos. Não li o depoimento dos policiais para entender o porquê de eles terem sido enquadrados em formação de quadrilha, com um menor para agravar ainda mais um caso inexistente", disse Peixoto. "Minha orientação foi para que todos falassem a verdade. Todos ali estavam participando ou apoiando o 'Ocupa Câmara', e foram levados sem alguma razão", afirmou o advogado.

O Terra pediu explicações à assessoria de imprensa da Polícia Civil sobre a distinção de enquadramentos dos manifestantes - os 29 ativistas levados à 29ª DP (Madureira), por exemplo, foram liberados após o delegado de plantão aferir apenas um termo de "fato atípico". Até a metade da tarde desta quarta-feira, a corporação não havia respondido.

Entre os sete adolescentes apreendidos na 29ª DP e que serão levados à Delegacia de Proteção a Criança e ao Adolescente (DPCA), no centro, está um garoto de 17 anos. A mãe dele, a dona de casa Rita Cunha Santos, afirmou que o filho não é criminoso: "é o mesmo caso de todos aqui, meu filho estava sentado na escadaria. Meu filho não é vândalo".

Fonte: Terra
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