O Movimento Passe Livre (MPL), o grupo Black Bloc e integrantes de movimentos sociais fizeram um protesto nesta sexta-feira no centro de São Paulo por melhorias no transporte público da capital. A manifestação começou pacífica, mas acabou com confronto entre policiais e manifestantes após a marcha. Na chegada ao terminal do Parque Dom Pedro II, mascarados depredaram bancos, comércio e incendiaram ônibus. Após horas apenas observando os manifestantes, a Polícia Militar agiu, lançando bombas de efeito moral, que foram revidadas com coquetéis molotov e pedras. Uma delas atingiu a cabeça de um policial, que precisou de atendimento médico.
Os manifestantes se concentraram à tarde em frente ao Theatro Municipal, e eram acompanhados de perto por um contingente de cerca de 800 policiais. Por volta das 17h20, havia cerca de 200 pessoas no local. Elas pediam o retorno de linhas de ônibus que ligavam diretamente bairros ao centro da cidade e que foram retiradas pela prefeitura do itinerário. De acordo com o MPL, as linhas não eram lucrativas para as empresas e, por isso, não circulam mais. A SPTrans afirma que esse pensamento é "conservador", e que as mudanças eram necessárias.
O ato fazia parte da Semana Nacional de Luta pelo Passe Livre. A Tropa de Choque da Polícia Militar reforçou o policiamento no local. Cerca de 30 homens faziam uma barreira em frente à porta principal do teatro, e outros 50 acompanhavam a manifestação do outro lado da rua.
Os manifestantes saíram então em caminhada, sem anunciar o trajeto que seria percorrido. “Isso vocês vão saber depois. Quem não anda não vai para frente”, disse um dos manifestantes ao ser questionado sobre itinerário.
A marcha percorreu algumas das principais vias do centro, gerando pontos de lentidão no trânsito, que chegou a acumular mais de 170 quilômetros de congestionamentos, mas antes das 20h já estava normalizado na capital. Nesse horário, cerca de 2 mil manifestantes, segundo a Polícia Militar, chegavam ao terminal Parque Dom Pedro II, onde queimaram uma grande catraca de papelão. A polícia continuava apenas observando.
No local, começou a confusão. Por volta das 20h20, quando manifestantes incendiaram um ônibus, os policiais interviram lançando bombas de efeito moral e de gás lacrimongêneo. Os manifestantes reagiram jogando pedras. O coronel Reynaldo Simões Rossi, comandante de operações da Polícia Militar, foi atingido na cabeça por uma pedra e precisou ser levado pela viatura da corporação. Uma porta-voz informou que ele foi atendido no Hospital das Clínicas, e que fraturou a clavícula e tem suspeita de traumatismo craniano. Segundo a polícia, durante a agressão, também houve uma tentativa de roubo da arma do coronel, mas o objeto foi recuperado pelo motorista do PM.
A Tropa de Choque cercou o terminal e mascarados seguiram para a Praça da Sé. Ali, ocorreu o confronto mais violento, quando tentaram invadir a igreja, forçando a porta principal. Os policiais impediram, lançando mais bombas, e, às 21h, a multidão havia sido dispersada da Sé, partindo então para o Pátio do Colégio, onde houve novo confronto.
Na rua Barão de Paranapiacaba alguns manifestantes foram abordados por policiais, mas a Polícia MIlitar não os prendeu, liberando o grupo logo após revistar suas mochilas. Mais tarde, a polícia confirmou que o protestos terminou com 78 detidos.
11 de outubro - Manifestantes vestidos de preto e mascarados protestaram no centro de São Paulo nesta sexta-feira
Foto: Vagner Magalhães / Terra
11 de outubro - Em alguns momentos do protesto o número de policiais era maior do que o de manifestantes
Foto: Vagner Magalhães / Terra
11 de outubro - Na página do movimento Black Bloc, o ato é descrito como de repúdio ao governo do chefe do Executivo estadual, Geraldo Alckmin (PSDB), e em apoio aos protestos no Rio de Janeiro
Foto: Vagner Magalhães / Terra
11 de outubro - Manifestantes foram acompanhados por policiais pelas ruas do centro de São Paulo
Foto: Vagner Magalhães / Terra
11 de outubro - Manifestantes protestaram no centro de São Paulo na noite desta sexta-feira
Foto: Tiago Mazza / Futura Press
11 de outubro - Policiais fazem cordão e seguem manifestação pela região central de São Paulo
Foto: Vagner Magalhães / Terra
15 de outubro - Trânsito ficou interrompido no viaduto do Chá por conta do protesto em frente à prefeitura nesta tarde
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
15 de outubro - Grupo saiu em passeata pelas ruas da região central de São Paulo nesta tarde
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
15 de outubro - Grupo protestou em frente à prefeitura de São Paulo nesta tarde
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
15 de outubro - Manifestante carrega bandeira do Movimento dos Trabalhadores sem Teto em protesto na região central de São Paulo
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
15 de outubro - Manifestantes tentaram invadir a Câmara de São Paulo durante protesto nesta terça-feira
Foto: Gutemberg Gonçalves / Futura Press
15 de outubro - Grupo chutou proteção colocada na Câmara de São Paulo em protesto nesta terça-feira
Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
15 de outubro - Trabalhadores sem-teto entraram em confronto com policiais militares e guardas municipais, no começo da tarde de hoje, em frente da Câmara Municipal
Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
15 de outubro - Manifestantes tentararam forçar entrada na Câmara de São Paulo na tarde desta terça-feira
Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
21 de outubro - Protesto na avenida paulista tinha a descriminalização dos movimentos sociais na pauta, e a participação de Black Blocs
Foto: Gabriela Biló / Futura Press
21 de outubro - Amplamente policiado, o protesto, que também pedia mais investimentos em educação, começou pacífico
Foto: Gabriela Biló / Futura Press
21 de outubro - Manifestantes se concentraram no vão do Museu de Arte de São Paulo (Masp) e ocuparam a avenida Paulista, em protesto contra o leilão do pré-sal e a corrupção
Foto: Gabriela Biló / Futura Press
21 de outubro - Marcha seguiu até a Secretaria de Educação de São Paulo
Foto: Gabriela Biló / Futura Press
21 de outubro - Ao se aproximarem de prédios do governo, os manifestantes entraram em confronto com a polícia e fizeram barricadas
Foto: Gabriela Biló / Futura Press
21 de outubro - Manifestante é abordado por policiais militares
Foto: Taba Benedicto / Futura Press
21 de outubro - Mesmo identificado como da imprensa, o fotógrafo Adriano Lima foi atingido por um cacetete
Foto: Taba Benedicto / Futura Press
21 de outubro - Manifestantes também ficaram feridos no confronto com a Tropa de Choque
Foto: Vinícius Gonçalves / Futura Press
24 de outubro - Manifestantes ateam fogo em catraca durante protesto contra o terminal Campo Limpo
Foto: Dario Oliveira / Futura Press
25 de outubro - O Movimento Passe Livre (MPL), o Black Bloc e integrantes de movimentos sociais fazem protesto no centro de São Paulo por melhorias no transporte público
Foto: Bruno Santos / Terra
25 de outubro - A manifestação, que se concentra em frente ao Teatro Municipal, é acompanhada de perto por um contingente de cerca de 800 policiais
Foto: Bruno Santos / Terra
25 de outubro - Por volta das 17h20, havia cerca de 200 pessoas no local. Elas pedem o retorno de linhas de ônibus que ligavam diretamente bairros ao centro da cidade e que foram retiradas pela prefeitura do itinerário
Foto: Bruno Santos / Terra
25 de outubro - De acordo com o MPL, as linhas não eram lucrativas para as empresas e, por isso, não circulam mais. A SPTrans diz que esse é uma ideia "conservadora", e que o sistema precisava de renovação
Foto: Bruno Santos / Terra
25 de outubro - Manifestantes protestam em frente ao Theatro Municipal de São Paulo
Foto: Bruno Santos / Terra
25 de outubro - O protesto reúne integrantes dos grupos MPL e Black Bloc e movimentos sociais e políticos
Foto: Bruno Santos / Terra
25 de outubro - Protesto contou com a presença de manifestantes mascarados em São Paulo
Foto: Bruno Santos / Terra
25 de outubro - Cerca de 2 mil pessoas iniciaram caminhada pelas vias centrais de São Paulo por volta das 18h20
Foto: Bruno Santos / Terra
25 de outubro - Passeata provocou interdição do Túnel Anhangabaú
Foto: Bruno Santos / Terra
25 de outubro - Manifestantes atearam fogo em uma catraca gigante feita com papelão
Foto: Bruno Santos / Terra
25 de outubro - Protesto pacífico terminou em quebra-quabra após marcha pelo centro, quando mascarados atacaram bancos e comércio
Foto: Bruno Santos / Terra
25 de outubro - Ônibus e caçambas também foram incendiados nas proximidades do Parque Dom Pedro II
Foto: Bruno Santos / Terra
25 de outubro - Pedras e coquetéis molotov foram lançados contra a polícia, que reagia com bombas de efeito moral
Foto: Bruno Santos / Terra
25 de outubro - Um coronel foi atingido por uma pedra na cabeça e precisou de atendimento médico
Foto: Bruno Santos / Terra
25 de outubro - De acordo com a PM, 78 manifestantes foram detidos
Foto: Thiago Tufano / Terra
25 de outubro - Não há um balanço de ônibus danificados, mas a SPtrans informou que o terminal Parque Dom Pedro II estava funcionando normalmente às 21h40
Foto: Bruno Santos / Terra
25 de outubro - Os novos itinerários das linhas de São Paulo eram o principal alvo do protesto
Foto: Bruno Santos / Terra
25 de outubro - Atos de vandalismo deram início ao confronto, que se agravou durante tentativa da igreja da Praça da Sé
Foto: Bruno Santos / Terra
25 de outubro - Muitos caixas eletrônicos foram vandalizados por black blocs
Foto: Bruno Santos / Terra
25 de outubro - A depredação teve início após a marcha, pacífica, terminar
Foto: Bruno Santos / Terra
25 de outubro - O coronel Reynaldo Simões Rossi foi atingido por uma pedra jogada pelos manifestantes
Foto: Bruno Santos / Terra
25 de outubro - O policial fraturou a clavícula e há suspeita de traumatismo craniano
Foto: Bruno Santos / Terra
25 de outubro - Soldado à paisana tenta proteger coronel de agressões; oficial teve a arma roubada, mas esta foi recuperada pelo seu motorista, segundo a PM
Foto: Reuters
25 de outubro - Vândalos depredaram o termina Parque Dom Pedro II, no centro da capital
Foto: Lucas de Arruda Cardoso / vc repórter
25 de outubro - Nem guichês escaparam da fúria dos manifestantes no terminal Parque Dom Pedro II
Foto: Lucas de Arruda Cardoso / vc repórter
28 de outubro - Jornalistas protestam contra agressões sofridas durante as manifestações. O fotógrafo Sérgio Silva (na frente, ao centro), que foi atingido por uma bala de borracha e perdeu a visão do olho esquerdo, participa do ato
Foto: Peter Leone / Futura Press
31 de outubro - Protesto contra aumento do IPTU teve caminhada até a residência do prefeito Fernando Haddad
Foto: Dario Oliveira / Futura Press
31 de outubro - Por volta das 21h40, os manifestantes caminhavam de volta à avenida Paulista, mas boa parte já havia se dispersado
Foto: Vagner Magalhães / Terra
31 de outubro - Mais de 100 metros adiante, o grupo se deu conta de que havia se enganado e deu meia volta, gritando palavras de ordem contra a prefeitura e o aumento nos tributos
Foto: Vagner Magalhães / Terra
31 de outubro - Sem saber ao certo onde ficava a residência de Haddad, os manifestantes chegaram a passar em frente ao prédio
Foto: Vagner Magalhães / Terra
31 de outubro - Diante do grande reforço policial na região, com viaturas dispostas a até quatro quarteirões do prédio onde mora o prefeito, a manifestação foi pacífica
Foto: Vagner Magalhães / Terra
31 de outubro - Por volta das 21h, o grupo se aproximava da residência de Haddad, na rua Afonso de Freitas, no Paraíso
Foto: Vagner Magalhães / Terra
31 de outubro - Os manifestantes - muitos deles cobrindo os rostos com máscaras - seriam ligados ao movimento Black Bloc
Foto: Vagner Magalhães / Terra
31 de outubro - Os manifestantes se concentraram no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), de onde partiram por volta das 20h
Foto: Vagner Magalhães / Terra
31 de outubro - O grupo protestava contra o aumento do Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU) na cidade
Foto: Vagner Magalhães / Terra
31 de outubro - Cerca de 300 pessoas fizeram uma caminhada em direção à residência do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad
Foto: Vagner Magalhães / Terra
2 de novembro - Segundo a Polícia Militar, Douglas foi baleado acidentalmente durante uma abordagem
Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
2 de novembro - Neste ano, as centenas de manifestantes que saíram da Paróquia Santos Mártires e foram até o Cemitério Jardim São Luís prestaram solidariedade à comunidade da Vila Medeiros, zona norte, onde o estudante Douglas Rodrigues foi morto por um policial no último dia 27
Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
2 de novembro - O ato, que ocorre todos os anos no Dia de Finados, começou como uma reação à violência que afligia o bairro na década de 90
Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
2 de novembro - "Por que atirou em mim?" era a pergunta que os moradores da região do Jardim Ângela, zona sul paulistana, levavam escritas em camisetas brancas e repetiram em refrão ao saírem em passeata
Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
5 de novembro - Marcha dos Mascarados, em São Paulo, foi acompanhada por policiais e permanecia pacífica até o início da noite, apesar de ter fechado a avenida Paulista
Foto: Dario Oliveira / Futura Press
5 de novembro - Pelo menos um manifestante foi preso, ao soltar rojão na avenida Paulista
Foto: Thais Sabino / Terra
7 de novembro - Integrantes de movimentos sociais fazem passeata por moradia em São Paulo
Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
7 de novembro - Cerca de 100 manifestantes se reuniram em frente ao prédio da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo para pedir a desmilitarização da polícia, na capital paulista
Foto: Marcos Bizzotto / Futura Press
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Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.
A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba,
A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. "Essas vozes precisam ser ouvidas", disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.
Colaborou com esta notícia o internauta Lucas de Arruda Cardoso, de São Paulo (SP), que participou do vc repórter, canal de jornalismo participativo do Terra. Se você também quiser mandar fotos, textos ou vídeos, clique aqui.