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Manifestantes relatam "dia histórico" de protestos pelo País

18 jun 2013 - 11h28
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As manifestações que tomaram o País na última segunda-feira contra o aumento nas tarifas de transporte público levaram milhares de pessoas às ruas e foram motivo de orgulho para inúmeros internautas, que relataram pelas redes sociais como foi participar de um dia que muitos definem como "histórico".

"Durante a manifestação - percorremos o trecho entre a estação Faria Lima e a ponte Estaiada - não presenciei nenhum ato de vandalismo. A única violência vinha das palavras de indignação dos manifestantes. Mais que uma manifestação, foi um desabafo", conta um dos manifestantes.

"Vários ônibus no meio do caminho, parados, vazios, como se estivessem pedindo para ser depredados. Mas não, passaram incólumes, com cartazes e flores colados ao redor (...) O sentimento e a energia que foram depositadas nestes atos devem estar conosco todos os dias. Isso é política, isso é cidadania. E aquele papo dos R$ 0,20? Vamos provar que serão os vinte centavos mais caros que o País pagará!", escreveu @bl_teixeira.

A internauta Maria Inês Aranha, que também participou do protesto em São Paulo, destacou a civilidade dos manifestantes. "Percorri a pé o trajeto do trabalho até a minha casa (cerca de 5,5 km de acordo com o Google)", relata.

"Vi ruas vazias, bloqueios de interdição e pontos com grupos maiores de manifestantes. Desses pontos vale destacar a rua Teodoro Sampaio, o vão livre do MASP e a avenida Brigadeiro Luís Antônio, que ficou completamente tomada pela população no sentido Jardins. Ouvi gritos de guerra, coros entoados por completos desconhecidos e, principalmente, muita civilidade durante todo o protesto! Os policiais eram figurantes. Viram tudo de camarote, aparentemente atônitos", descreveu. 

A mineira @lanaperazoli relatou, na noite de segunda-feira, a emoção de ter participado do protesto em Belo Horizonte, e as cenas de violência que presenciou durante a manifestação. "Achei a coisa mais linda ver todo mundo junto, unidos por uma causa nobre.. os de moicano, os tatuados, mãe e filho, terno e gravata, criança, velhinhos, homem, mulher...Estava muito perfeito até começarem as bombas e os tiros, cena de guerra em questão de segundos! Ainda estou em estado de choque, porém muito orgulhosa!".

Cenas de guerra nos protestos em SP

A cidade de São Paulo enfrenta protestos contra o aumento na tarifa do transporte público desde o dia 6 de junho. Manifestantes e policiais entraram em confronto em diferentes ocasiões e ruas do centro se transformaram em cenários de guerra. Enquanto policiais usavam bombas e tiros de bala de borracha, manifestantes respondiam com pedras e rojões.

Durante os atos, portas de agências bancárias e estabelecimentos comerciais foram quebrados, ônibus, muros e monumentos pichados e lixeiras incendiadas. Os manifestantes alegam que reagem à repressão opressiva da polícia, que age de maneira truculenta para tentar conter ou dispersar os protestos.

Veja a cronologia e mais detalhes sobre os protestos em SP

Segundo a administração pública, em quatro dias de manifestações mais de 250 pessoas foram presas, muitas sob acusação de depredação de patrimônio público e formação de quadrilha. No dia 13 de junho, bombas de gás lacrimogênio lançadas pela Polícia Militar na rua da Consolação deram início a uma sequência de atos violentos por parte das forças de segurança, que se espalharam pelo centro.

O cenário foi de caos: manifestantes e pessoas pegas de surpresa pelo protesto correndo para todos os lados tentando se proteger; motoristas e passageiros de ônibus inalando gás de pimenta sem ter como fugir em meio ao trânsito; e vários jornalistas, que cobriam o protesto, detidos, ameaçados ou agredidos.

No dia seguinte ao protesto marcado pela violência, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) declarou que via "ações coordenadas" oportunistas no movimento, reiterou "a defesa do direito de ir e vir" da população, mas garantiu que não permitirá que os manifestantes prejudiquem a circulação de veículos e pessoas. No mesmo dia, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), afirmou que a polícia deve ser investigada por abusos cometidos, mas não deixou de criticar a ação dos ativistas.

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As agressões da polícia repercutiram negativamente na imprensa e também nas redes sociais. Vítimas e testemunhas da ação violenta divulgaram relatos, fotografias e vídeos na internet. A mobilização ultrapassou as fronteiras do País e ganhou as ruas de várias cidades do mundo. Dezenas de manifestações foram organizadas em outros países em apoio aos protestos em São Paulo e repúdio à ação violenta da Polícia Militar. Eventos foram marcados pelas redes sociais em quase 30 cidades da Europa, Estados Unidos e América Latina.

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As passagens de ônibus, metrô e trem da cidade de São Paulo passaram a custar R$ 3,20 no dia 2 de junho. A tarifa anterior, de R$ 3, vigorava desde janeiro de 2011. Segundo a administração paulista, caso fosse feito o reajuste com base na inflação acumulada no período, aferido pelo IPC/Fipe, o valor chegaria a R$ 3,40. "O reajuste abaixo da inflação é um esforço da prefeitura para não onerar em excesso os passageiros", disse em nota. 

O prefeito da capital havia declarado que o reajuste poderia ser menor caso o Congresso aprovasse a desoneração do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) para o transporte público. A proposta foi aprovada, mas não houve manifestação da administração municipal sobre redução das tarifas.

Fonte: Terra
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