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Manifestantes são expulsos da Alerj e ocupam Câmara do Rio

8 ago 2013 - 17h56
(atualizado em 9/8/2013 às 12h55)
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<p>Manifestantes discutem com PMs após desocupação da Assembleia do Rio de Janeiro</p>
Manifestantes discutem com PMs após desocupação da Assembleia do Rio de Janeiro
Foto: Marcello Dias / Futura Press

Após serem retirados da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), um grupo de manifestantes que protestam nesta quinta-feira na capital fluminense ocuparam o prédio da Câmara de Vereadores da cidade. 

O grupo de cerca de 20 manifestantes entrou na Câmara Municipal de Vereadores após a sessão plenária e está ocupando o local - o ato foi planejado em conjunto com a presença dos ativistas também na plenária da Alerj. A informação foi passada por um segurança da Casa que não quis se identificar. 

Após ocuparem a Câmara, manifestantes anunciaram através de um carro de som que um grupo estava reunido em assembleia interna para decidir se vão ou não deixar o local. Eles dizem que PMs estão dentro do prédio, fazendo o cerco, e que usarão de força caso eles não saiam. 

Três vereadores - Renato Cinco (Psol), Brizolla Neto (PDT) e Reimont (PT) - negociaram com os manifestantes. O grupo pede a retirada dos parlamentares Professor Uóston (PMDB), Chiquinho Brazão (PMDB), Jorginho da SOS (PMDB) e Renato Moura (PTC) da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Ônibus. 

A exigência ocorre porque os quatro não assinaram requerimento de abertura da comissão e fazem parte da base governista. Dos cinco responsáveis pela CPI, apenas Eliomar Coelho (Psol) propôs a investigação e faz parte da oposição. 

Do lado de fora, um grupo pede dinheiro para comprar água e comida para quem está no interior da Câmara.

Um grupo de cerca de 100 manifestantes, muitos usando máscaras e encapuzados, pressionaram a entrada lateral da Câmara e disseram que vão invadir o local, depois que um advogado não teve a entrada permitida para ajudar nas negociações.

Em meio à ocupação, manifestantes arremessaram um morteiro em direção aos policiais. A situação ficou tensa na porta lateral da Câmara. A PM revidou com bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo. Os manifestantes recuaram e voltaram para a escadaria frontal.

O psicólogo Daniel Fabrício da Silva, 32 anos, foi atingido na perna direita por estilhaços de uma bomba. "Quando ouvi o estrondo, senti a dor na hora, e agora mal consigo andar", disse, ao ser atendido por médicos voluntários.  

Segurança se excedeu, dizem deputados

Os manifestantes retirados da Alerj foram vítimas de excesso de força de seguranças da Casa, afirmaram os deputados estaduais Marcelo Freixo (Psol) e Wagner Montes (PSD). 

<p>Policiais ocuparam locais próximos à Alerj durante o ato nesta quinta-feira</p>
Policiais ocuparam locais próximos à Alerj durante o ato nesta quinta-feira
Foto: José Carlos Pereira de Carvalho / vc repórter

Segundo Montes, a sessão plenária já havia sido encerrada quando os seguranças agiram contra os manifestantes. "Eram cerca de 30 pessoas, saí abraçado com eles para que não houvesse violência, mas eles agiram com gás de pimenta, que felizmente nåo me atingiu, mas quebraram o meu óculos", afirmou o parlamentar, mostrando a armação sem lentes.

Com os olhos irritados por conta do gás de pimenta, Freixo afirmou que, ao final da sessão de hoje, por volta das 17h30, os manifestantes passaram a protestar no plenário da Casa. Segundo o deputado do Psol, a retirada do grupo do local foi uma ordem do presidente da Alerj, Paulo Melo (PMDB).

"Nós subimos para conversar com os manifestantes, mas veio essa ordem (de retirada) da presidência, para que eles fossem retirados à força. Era um ato político normal. A segurança da casa seguiu ordens, mas poderia haver o diálogo. O uso da força não era necessário", afirmou o parlamentar, que relatou que ao menos duas manifestantes ficaram feridas. 

Manifestantes cercaram a Alerj no final da tarde desta quinta-feira em mais um protesto na capital fluminense, ocupando a escadaria do prédio. Mais cedo, os manifestantes ficaram na parte de trás da sede do Legislativo fluminense, dificultando que os deputados deixassem o local.

O grupo é formado por diversas frentes, como movimentos estudantis, partidos, sindicato de professores e também manifestantes contra a privatização do estádio do Maracanã. Os black blocs, conhecidos por pregar atos de vandalismo contra alvos específicos como forma de protesto, também fazem parte do ato. Segundo estimativas não oficiais, o protesto reúne cerca de 3 mil pessoas. 

Por volta das 20h20, houve uma tumulto na rua Senador Dantas, em frente ao hotel Windsor, próxima à Câmara. Membros do Black Bloc foram abordados por PMs, que prenderam um manifestante. Um grupo de cerca de 100 ativistas cercou os policiais e tentavam impedir que o detido fosse levado. 

Após a pressão do grupo, a PM cedeu e liberou o manifestante preso. "O povo unido jamais será vencido", gritava o grupo após a liberação.

Policiais protegeram a Alerj e cercaram o prédio, que já foi alvo de vandalismo em outras manifestações este ano. 

Protesto é contra política do governo Cabral

O coordenador do Sindicato dos Servidores do Colégio Pedro Segundo (Sinduscope), Luís Sérgio Ribeiro, disse que as manifestações de sindicatos e estudantes se uniram contra a política do governador Sérgio Cabral. 

Segundo a diretora do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Universidade Federal Fluminense (Sintuff), Vânia Ribeiro Santana, a manifestação pede o cumprimento de pautas que vêm sendo reivindicadas a algum tempo. "No final do ano passado, a gente só conseguiu uma negociação de 5% no salário a cada ano, em um total de três anos. Neste momento, a gente está levantando uma nova pauta de antecipação desses outros 10% nas universidades federais, principalmente dos técnicos administrativos."

Representante da Assembleia Nacional de Estudantes - Livre (Anel), Luiza Carrera diz que a manifestação é contra o governador Sérgio Cabral. "A gente está aqui porque existe no Rio de Janeiro uma série de mobilizações contra o Sérgio Cabral e a gente as apoia porque hoje o Sergio Cabral não está do lado dos estudantes, nem da juventude, dos trabalhadores do Rio de Janeiro. (O governador) vem cometendo uma série de coisas contra a população, como a venda do Maracanã, o descaso com a educação no estado do Rio Janeiro, com a saúde pública e com as próprias manifestações em si."

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Com informações da Agência Brasil

Colaborou com esta notícia o internauta José Carlos Pereira de Carvalho, do Rio de Janeiro (RJ), que participou do vc repórter, canal de jornalismo participativo do Terra. Se você também quiser mandar fotos, textos ou vídeos, clique aqui.

Fonte: Terra
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