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Mar agitado jogou lancha sobre arrecife após acidente na Bahia

Dono de embarcação que esteve no local diz que, nos 20 anos em que trabalha fazendo a travessia, não viu acidente parecido.

24 ago 2017 - 15h48
(atualizado às 18h56)
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Naufrágio aconteceu pouco depois da saída da embarcação do píer de Vera Cruz
Naufrágio aconteceu pouco depois da saída da embarcação do píer de Vera Cruz
Foto: Marcos de Paula/Arquivo pessoal

O barqueiro baiano Marcos de Paula trabalha há mais de 20 anos na região de Salvador e afirma nunca ter visto acidente como o que aconteceu nesta manhã em Mar Grande, durante a travessia entre o município de Vera Cruz, na ilha de Itaparica, e a capital.

O número de mortos ainda não foi confirmado - inicialmente, a Marinha falou em 22 mortos, mas o IML (Instituto Médico Legal) diz que até o momento contabilizou 18. A embarcação levava em torno de 130 pessoas.

De Paula, que é dono de uma lancha, não estava no mar no momento do acidente, que ocorreu por volta de 6h30. Ele foi ao local em seguida, auxiliando o trabalho das emissoras locais que faziam cobertura do caso.

Chamou-lhe atenção o fato de a lancha Cavalo Marinho I, depois de virar com os passageiros - que estavam em número menor do que a capacidade total, de 160 pessoas -, ter sido arremessada sobre um arrecife, onde se encontra até a publicação desta reportagem.

Nesta época do ano, o litoral de Salvador é atingido pelo que os barqueiros chamam de vento sudeste, rajadas fortes que costumam originar ondas maiores e deixar o mar mais agitado. "A embarcação não foi a pique", ele destaca, referindo-se ao fato de que a lancha não afundou.

"Há 80 anos essa travessia é feita aqui e nunca aconteceu nada parecido. Há 20 eu trabalho com a lancha e nunca vi um acidente. Me parece que foi uma fatalidade", diz ele.

De Paula ressalta ainda que todas as embarcações são vistoriadas pela Capitania dos Portos e que o uso de colete salva-vidas nas lanchas não é obrigatório.

Uma norma editada pela Marinha diz que os barcos precisam ter coletes para todos os passageiros, mas não há uma lei que obrigue seu uso durante a navegação.

Lancha foi fotografada por um barqueiro sobre arrecifes após o acidente
Lancha foi fotografada por um barqueiro sobre arrecifes após o acidente
Foto: Marcos de Paula/Arquivo pessoal

De casa para o trabalho

Parte dos passageiros da Cavalo Marinho I morava na Ilha de Itaparica, na Grande Salvador, e trabalhava na capital. Muitos faziam esse trajeto quando o acidente aconteceu, pouco depois de a lancha deixar o píer do município de Vera Cruz, por volta das 6h30.

A travessia costuma durar entre 30 e 40 minutos. e a tarifa custa R$ 5,60 nos dias úteis.

Entre as vítimas já identificadas há uma idosa e uma criança de um ano que chegou a ser resgatada com vida, mas morreu após duas horas de reanimação. Mais de 80 pessoas, de acordo com a Capitania dos Portos e com o Corpo de Bombeiros da Bahia, foram resgatadas.

Na terça-feira, houve outro acidente com uma embarcação, desta vez no Pará. O barco Capitão Ribeiro afundou com pelo menos 70 passageiros no rio Xingu, durante a travessia entre as cidades de Porto Moz e Senador José Porfírio. Até o momento foram contabilizados 21 mortos - entre as vítimas também há uma criança de um ano.

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