Marcelinho Carioca detalha momentos de pânico durante sequestro: "Eu falei 'Vão matar a gente'"
Ídolo do Corinthians falou sobre o que viveu durante as 36 horas em cativeiro sob ameaças
O ex-jogador de futebol Marcelinho Carioca detalhou os momentos de pânico vividos por ele e uma amiga durante um sequestro na Grande São Paulo. Ele passou 36 horas preso dentro de um quarto recebendo ameaças de criminosos.
Em entrevista ao Fantástico, exibida neste domingo, 24, Marcelinho falou sobre tudo que aconteceu no último dia 16. Ele estava no show do cantor Thiaguinho, no estádio do Corinthians, em Itaquera, na Zona Leste de São Paulo, momentos antes de ser sequestrado.
Na volta para casa, ele faria uma parada em Itaquaquecetuba, para deixar ingressos com uma amiga, Taís Alcântara, que iria ao mesmo show no domingo, dia 17. Os dois se conheceram quando ele era secretário de Esportes da cidade.
Já era madrugada, e o carro do ex-jogador, que é importado, chamou a atenção. "Passaram quatro pessoas, cinco pessoas. Quando voltei para ver, fui encapuzado, e o cara já veio apontando [a arma]. E eu, desesperado", contou Marcelinho ao Fantástico. "Eu disse: 'Não, por favor, eu sou o Marcelinho Carioca'."
Taís estava no banco de trás do carro neste momento, quando ele recebeu uma coronhada. Segundo ele, os criminosos estavam muito nervosos. A quadrilha pediu cartões bancários e senhas, e exigiu o desbloqueio do celular para ter acesso aos aplicativos de banco e fazer transferências via PIX. Foi neste momento que Marcelinho e a amiga foram levados para o cativeiro.
"A todo momento aquele apavoro. ‘A gente quer dinheiro. Impossível não ter dinheiro nessa conta. Jogador tem grana'", lembrou o ex-jogador.
Ele ainda relatou durante a entrevista ao Fantástico que sofreu ameaças, foi questionado se já tinha “brincado de roleta-russa”. Os criminosos fizeram alguns saques das contas de Marcelinho, segundo ele.
Pedido de resgate
Assim como o carro de Marcelinho Carioca chamou a atenção dos criminosos, foi através dele que a polícia conseguiu iniciar as buscas. O veículo foi encontrado por volta das 9h da manhã de segunda-feira, 18, pelo cabo Charles, da Polícia Militar.
Ele fez contato com um número de telefone que constava na documentação, do advogado de Marcelinho, Eduardo Pinheiro Rodriguez. Ao Fantástico, o advogado relatou que tentou se comunicar com Marcelinho, sem sucesso. Logo, ele recebeu uma mensagem suspeita. “O Marcelo sempre me trata como 'doutor', e ele falou: 'Irmão, estou em uma reunião'. Ali eu já tinha desconfiado 100% que não era ele", disse em entrevista.
No momento do resgate, Marcelinho Carioca disse que escutou o helicóptero da polícia, e que ouviu a reação dos criminosos. “Aí alguém já chegou e falou: 'A casa caiu'. Veio um policial sozinho. Ele chegou no portão e falou: 'Eu vou entrar. Abre'". Eu não sabia o que estava vindo. O que ia vir. Eu falei: vão atirar na gente, vão matar a gente. Eu abaixei a cabeça: Senhor, não deixa, não deixa", relatou.
"Ele [o cabo Ribeiro, da PM] falou: 'Vem. Vem que você está livre'", continuou Marcelinho. "Eu abracei ele como meu pai, meu irmão, meu amigo. Porque ele arriscou a vida dele", diz, emocionado.
Taís confirmou os momentos de terror vividos ao lado de Marcelinho. "Quando o policial chegou, eu estava em choque de ver que aquilo estava realmente acontecendo, porque não são todos que conseguem sair vivos de uma situação dessa", disse ao Fantástico.
Segundo a polícia, Thauanatta dos Santos tomava conta das vítimas no cativeiro. Eliane de Amorim, Wadson Fernandes Santos e Jones Ferreira teriam usado contas bancárias para receber o dinheiro da extorsão. Os quatro estão presos, e a polícia ainda busca outros seis integrantes da quadrilha. O grupo é investigado por sequestro, associação criminosa e receptação.