Margarida Bonetti se defende no último ep de "Mulher da casa abandonada"
Ela falou pela 1ª vez sobre a acusação de manter uma mulher em situação análoga a escravidão por 20 anos nos EUA
No último episódio do podcast "Mulher da casa abandonada", da Folha de S.Paulo, Margarida Bonetti falou pela 1ª vez sobre as acusação de manter uma mulher em situação análoga a escravidão por 20 anos nos EUA. Ela alegou, em entrevista à Chico Felliti, que não sabia que a empregada não recebia salários e se disse vítima de uma grande conspiração.
Margarida Bonetti falou ao podcast da Folha nos últimos dias de maio e tentou apresentar o seu lado da história. No começo da entrevista, que durou todo o episódio, Margarida se diz uma pessoa que busca "fazer prevalecer o que é bom e o bem, o que é belo, o que é justo e o que é certo", em fala que parecia ensaiada.
Questionada pelo jornalista sobre o caso em que foi acusada e procurada nos EUA, Margarida se diz vítima de uma conspiração e, sem apresentar qualquer evidência, fala que havia um conluio entre um grupo de advogados e o FBI. Ainda no começo da entrevista, ela pergunta se o jornalista teve contato com a sua antiga funcionária mas, ao saber que a mulher não gostaria de ter contato com ela, Margarida dispara: "Nem eu! Ela foi uma mentirosa e uma traidora. Eu não quero falar nada com ela."
Em vários momentos da entrevista Margarida atribui culpa, mesmo negando o crime, ao seu ex-marido, Renê Bonetti, e que ela não sabia que a funcionária não recebia salários. "O que eles pensaram que, porque eu era casada com o Renê, eu tinha obrigação de saber das coisas que ele fazia, mas eu não sabia, você entendeu? Eu não sabia", se defendeu.
Ela também atacou a vizinha norte-americana responsável pela denúncia. Segundo Margarida, Vic Schneider procurou o FBI por vingança após o casal brasileiro comprar a casa em que moravam. Ela alega que Vic gostaria que uma amiga adquirisse a casa. "Eu não sou essa pessoa que inventaram. Eles in-ven-ta-ram uma pessoa, porque essa Vic Schneider, por vingança, ela começou a fazer as coisas de raiva da gente, e depois porque ela queria a amiga dela pertinho dela. Ela é uma pessoa voluntariosa, essa Vic Schneider. Ai de quem passe na frente dela e faça o que ela não quer. Que é o que aconteceu com a gente. Nós compramos a tal da casa, ela não queria porque ela queria a amiga dela lá.", disse Margarida.
Ao final, Margarida Bonetti tentou convencer o jornalista Chico Felitti a não publicar o podcast "Mulher da casa abandonada", perguntou quanto ele receberia e chegou a oferecer algo em troca do esquecimento do caso e da omissão de informações como o endereço de sua casa ou seu nome. Chico negou todas as investidas.
Como apurou a reportagem do Terra no dia 07 de julho, Margaria Bonetti deixou a casa em que vivia no bairro de Higienópolis no último dia 1º. A mulher saiu do local após a casa se tornar um ponto de protestos.
Justiça bloqueia mais de R$ 80 mil de Margarida
O Tribunal de Justiça de São Paulo bloqueou R$ 83.837,75 das contas de Margarida Bonetti em ação movida por um condomínio próximo à mansão onde mora, em Higienópolis, bairro nobre de São Paulo (SP).
Margarida se tornou foragida do FBI ao ser acusada de manter sua empregada em condições análogas à escravidão por mais de 20 anos. Após a fuga, se escondeu por diversos anos na casa de sua família na capital paulista.
Conforme aponta o processo, a ação foi movida contra a mulher pelo Edifício Três Barões, localizado na Avenida Angélica, onde ela tem um apartamento para cobrar uma multa aplicada em 18 de novembro de 2015.