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Mariana: chuvas de verão serão teste para novas estruturas

4 nov 2016 - 11h39
(atualizado às 11h49)
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Obras do dique S4, que está sedo construído na região em que localizava-se o município de Bento Rodrigues
Obras do dique S4, que está sedo construído na região em que localizava-se o município de Bento Rodrigues
Foto: Agência Brasil

Quatrocentos e vinte e um equipamentos e 2.990 trabalhadores da mineradora Samarco realizam um trabalho ininterrupto, 24 horas por dia, nas obras das estruturas consideradas fundamentais para evitar que as chuvas levem mais lama ao curso do Rio Doce. Na tragédia de 5 de novembro de 2015, a barragem de Fundão, no município de Mariana (MG), rompeu-se espalhando 12,8 milhões de metros cúbicos de rejeitos. A lama ultrapassou a Usina de Candonga, em Santa Cruz do Escalvado (MG), e seguiu pelo leito do rio até a foz, no Espírito Santo. Ainda estão dispersos, entre a barragem e a Usina, outros 43,5 milhões de metros cúbicos de lama.

Entre as estruturas que estão sendo construídas para conter os rejeitos estão a barragem de Nova Santarém e o dique S4, que tem sido contestado por moradores de Bento Rodrigues, pelo Conselho Municipal do Patrimônio Histórico de Mariana e pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). Eles se somarão aos diques S1, S2 e S3, completando o sistema principal de retenção de sedimentos. Além deles, outras estruturas menores também estão sendo erguidas. "A ideia é termos uma sequência de barramentos para garantir a contenção dessa massa remanescente", explica o engenheiro civil e coordenador das construções da Samarco, Eduardo Moreira.

Moreira explica que dique e barragem são a mesma coisa. "O dique é uma estrutura construída de solo, pedra ou de bloco, na medida da definição da engenharia, que divide e que dá suporte. Dique e barragem são o mesmo conceito, embora usualmente falamos em dique para estruturas mais simples", explica.

O objetivo do dique S4, previsto para ser concluído em janeiro de 2017, é reter e armazenar 1,05 milhão de metros cúbicos de rejeitos. O S1 e o S2, construídos em janeiro às pressas para dar conta do período chuvoso anterior, tem capacidade para 15 mil e 45 mil metros cúbicos respectivamente. Já o S3 está agora passando por uma obra de alteamento para ampliar em 800 mil metros cúbicos a capacidade. Ao todo ele pode armazenar 2,1 milhão de metros cúbicos.

Perigo com as chuvas

Obras da Barragem de Nova Santarém
Obras da Barragem de Nova Santarém
Foto: Léo Rodrigues/ Agência Brasil

A Samarco avalia que o próximo período de chuva será o grande teste para as intervenções e está confiante no resultado. O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) também acompanha as obras e considera que elas estão atrasadas. O órgão entende que as estruturas previstas são suficientes para conter o carreamento dos rejeitos que estão dispersos pela região.

Segundo a presidente do Ibama, Suely Araújo, os próximos meses serão o período mais crítico. A partir de janeiro, com todas as obras já concluídas, a situação será mais confortável. "Não está bem, mas está monitorado". No cenário mais pessimista traçado pelo Ibama, com uma chuva acima da média histórica na região, cerca de 2 milhões de metros cúbicos de lama poderiam novamente ultrapassa a Usina de Candonga e escoar ao longo do Rio Doce.

O órgão não acredita que exista risco de rompimento na Usina de Candonga. Após a tragédia, a hidrelétrica funcionou como dique para contenção de lama. "No cenário realista, devem chegar 2,3 milhões de metros cúbicos em Candonga. Neste caso, as obras de contenção e a dragagem na usina serão suficientes para conter a lama. No cenário pessimista, chegam 4,3 milhões de metros cúbicos e haverá uma sobra de rejeitos que pode comprometer a estabilidade de Candonga. Mas não esperamos que isto vá ocorrer. E mesmo nesse cenário, é mais provável que os sedimentos ultrapassem Candonga e sigam o curso do Rio Doce, sem haver rompimento", disse o superintendente do Ibama, Marcelo Belisário.

Agência Brasil Agência Brasil
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