MG: com 'parceria republicana', Dilma libera R$ 2,5 bi para obras de mobilidade
"Federalismo de cooperação" justificou a liberação de recursos pelo governo federal para o tucano Antônio Anastasia, segundo a presidente petista
A presidente Dilma Rousseff anunciou nesta sexta-feira, em Belo Horizonte, a liberação de R$ 2,55 bilhões que serão investidos em obras de mobilidade urbana no município e sua região metropolitana. Desse total, R$ 1,284 bilhão são recursos do orçamento geral da União, e o restante será repassado ao governo de Minas Gerais e à prefeitura de Belo Horizonte por meio de financiamento público com juros subsidiados.
De acordo com o ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, prefeitura e governo estadual deverão elaborar projetos e executar obras de construção de dois trechos do metrô da capital mineira (Lagoinha - Morro do Papagaio e Santa Tereza - Praça Raul Soares), além da construção dos corredores metropolitanos Norte e Oeste e de uma linha de trem metropolitano entre Contagem e o bairro Belvedere, na zona sul de BH. Também está prevista a implantação de programas para a melhoria do sistema de transporte por ônibus em BH e a elaboração do projeto do sistema BRT no Anel Rodoviário. Por fim, foram assinados três contratos entre a prefeitura de Belo Horizonte e a Caixa Econômica Federal para obras de mobilidade urbana, contenção de encostas, pavimentação e drenagem de vias.
Com estes anúncios, o investimento de meu governo em #MobilidadeUrbana em MG chega a R$ 6,2 bilhões
— Dilma Rousseff (@dilmabr) 17 janeiro 2014
O evento ocorreu na Serraria Souza Pinto, no centro de BH, e contou com a participação do governador de Minas Gerais, Antônio Anastasia, do prefeito da capital mineira, Marcio Lacerda (PSB), e de ministros do governo Dilma, entre outras autoridades. Nos discursos, Dilma, Anastasia e Lacerda utilizaram expressões como "parceria republicana, "federalismo de cooperação" e "parceria cooperativa" para justificar a liberação pelo governo federal, comandado pela presidente Dilma, para o governo mineiro, do tucano Anastasia, e ainda para a prefeitura de BH, de Marcio Lacerda, do PSB.
Os três partidos terão, provavelmente, os principais candidatos à presidência da República: Dilma, que vai tentar a reeleição; o senador Aécio Neves e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos. O governador Anastasia será o coordenador da campanha de Aécio ao Palácio do Planalto, além dele próprio disputar uma vaga no Senado. Como ainda é o mandatário do Estado que vai receber grande parte dos recursos anunciados pela petista nesta sexta-feira, ele avaliou como "embaraçadas" as relações entre os prefeituras, Estados e União, e disse que a cooperação com o financiamento de obras com verbas do governo federal faz parte do que ele chamou de "federalismo de cooperação fundamental para o desenvolvimento do Brasil". Anastasia deixará o cargo março para disputar as eleições deste ano.
Dilma e Anastasia ficaram sentados lado a lado durante o evento. Conversaram bastante ao pé do ouvido um do outro. Duas posições à direita, o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel (PT), e o prefeito Marcio Lacerda também dialogaram o tempo todo. Quando discursou, além de anunciar os recursos que serão repassados para Minas Gerais e prefeitura de BH, Dilma preferiu assumir sozinha o bônus da chamada "cooperação" entre os três. A presidente disse que "o governo (atual) não podia jamais ter uma atitude como no passado, do tipo Pôncio Pilatos, e lavar as mãos diante do problema", deixando a entender que cutucava os governos anteriores ao dela e ao do ex-presidente Lula.
Para afirmar que trata os Estados e as cidades governadas por adversários políticos de forma igual, Dilma Rousseff disse que não pode agir com "discriminação" e utilizou da rivalidade entre Atlético e Cruzeiro em Belo Horizonte para exemplificar o que estava dizendo. "(Sou) Galo, mas sou obrigada a falar aqui do Cruzeiro também", brincou. Ao final, a presidente fez um balanço das obras que, segundo ela, já estão em andamento a partir da liberação de recursos em oportunidades anteriores, como a duplicação da BR-381 entre BH e Governador Valadares, e disse ainda que tem a certeza de que que o governador Anastasia "utilizará bem" na chamada "parceria cooperativa" os recursos repassados ao governo de Minas Gerais nas obras de infraestrutura e mobilidade previstas, citando como exemplo a requalificação do Anel Rodoviário, "uma obra garantida totalmente com recursos do governo federal" no valor de R$ 1,3 bi: "Nós temos a certeza que ele se empenhará e a realizará muito bem", afirmou.