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MG: PMs, manifestantes e jornalistas ficam feridos durante protesto

Passeata registra tumulto nas proximidades ao Estádio do Mineirão

22 jun 2013 - 16h46
(atualizado às 20h51)
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<p>Policial militar foi ferido no rosto durante confronto violento com manifestantes em Belo Horizonte</p>
Policial militar foi ferido no rosto durante confronto violento com manifestantes em Belo Horizonte
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra

O clima de paz durante o protesto pelas ruas de Belo Horizonte (MG) neste sábado chegou ao fim no momento em que os manifestantes chegaram ao cordão de isolamento feito pela Polícia Militar (PM) nas proximidades do Estádio do Mineirão, onde Japão e México disputaram uma partida válida pela Copa das Confederações. Na tentativa de furar o bloqueio, participantes do ato jogaram pedras, bombas caseiras e outros objetos. A polícia começou a revidar depois de 15 minutos e lançou bombas de gás lacrimogêneo.

Protesto contra aumento das passagens toma as ruas do País; veja fotos

Pelo menos cinco policiais, seis manifestantes, três fotógrafos e uma repórter ficaram feridos.  Um manifestante chegou a cair do viaduto José Alencar. Identificado como Caio Augusto, 16 anos, ele foi socorrido por bombeiros e levado de ambulância a um hospital da cidade, com ferimentos na cabeça e nas pernas. Seu estado de saúde é considerado grave.

O tumulto na avenida Abraão Kaharan, limite estabelecido pela Fifa no entorno do Mineirão, causou muita correria. Um grupo começou a depredar lojas, quebrando vidros. Após o confronto, parte dos manifestantes seguiram em direção a orla da Lagoa da Pampulha para tentar acesso ao estádio por outro lado.  A PM reforçou o policiamento para isolar o estádio. 

<p>Jovem de 16 anos caiu de viaduto durante correria em meio a tumulto nos arredores do estádio do Mineirão</p>
Jovem de 16 anos caiu de viaduto durante correria em meio a tumulto nos arredores do estádio do Mineirão
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra
Ao término da partida entre Japão e México, houve novo confronto entre agentes da Força Nacional de Segurança, policiais militares e os manifestantes, transformando os arredores da avenida Antonio Carlos em uma praça de guerra. Com bombas e muitos disparos de balas de borracha, as autoridades tentavam conter a multidão que se aglomerava nas proximidades do estádio. As lojas na avenida, principalmente as concessionárias de veículos, foram alvo dos baderneiros, que depredaram e saquearam os pontos de venda. 

Pelo menos 3,5 mil policiais, com o auxílio da Força Nacional de Segurança, fizeram a segurança no entorno do estádio e tentaram conter os cerca de 70 mil manifestantes, segundo a PM. Organizadores do ato estimam em torno de 120 mil participantes no protesto. 

PM diz que queria evitar confronto, mas ação de vândalos impediu

“Não era o que a PM queria, saiu do controle por parte de alguns manifestantes. São bandidos e baderneiros, que não vieram para se manifestar. Esses desordeiros vieram para matar alguém. Quem trás pedras, bolas de sinuca, chumbo de pescaria e outros objetos para atacar desse jeito não quer apenas protestar”, afirmou o tenente-coronel Alberto Luiz, assessor de comunicação da PM, mostrando objetos arremessados pelos manifestantes, como bolinhas de gude, bolas de sinuca, esferas de metal e rodas de carrinho de rolimã. Segundo ele, a PM filmou a ação do grupo e enviará o material para Ministério Público e Justiça para que os envolvidos sejam identificados. “A disciplina tática da PM foi obedecida com rigor. Queríamos evitar o confronto a todo custo, mas não teve jeito”, lamentou o tenente-coronel. 

No início da noite, a Polícia Militar mineira emitiu uma nota sobre os confrontos. No documento, assinado pelo comandante-geral da corporação, Márcio Sant'Ana, a PM aponta que "fez um esforço de comunicação para que as manifestações populares transcorressem de forma ordeira e pacífica, como ocorreu nos últimos dias. Mas, infelizmente, um expressivo grupo de vândalos se infiltrou no meio dos manifestantes, na altura da Avenida Abraão Caram, e agrediu de forma violenta as linhas de contenção da Polícia Militar,  atirando pedras, paus, tijolos e uma grande quantidade de bombas caseiras contra os policiais que estavam ali para proteger os manifestantes", descreve.

A nota segue: "Os policiais militares resistiram no início das agressões, apenas utilizando escudos para se proteger dos objetivos que estavam sendo arremessados contra eles. A reação só ocorreu depois que os manifestantes mais exaltados partiram para cima dos policiais, tornando a situação insustentável, colocando em risco a integridade física de todos. A Polícia Militar de Minas Gerais está cumprindo o seu dever de assegurar a preservação da ordem pública e a proteção  das pessoas e do patrimônio público e privado, além de garantir o direito de manifestação dos cidadãos. Continuaremos a agir com a firmeza e a serenidade que o momento exige e contamos com a responsabilidade e apoio de todos."

Manifestantes contestam a reação da PM

Um grupo de manifestantes contestou a operação da PM e chegou a pedir explicações ao tenente-coronel Alberto Luiz.  Para eles, a polícia deveria ter isolado os baderneiros e não empurrá-los para cima das pessoas que estavam apenas protestando. "A força que uma  pessoa tem na mão, não se compara a uma arma”, afirmou o estudante universitário Mateus Pena, justificando o uso de pedras por algumas pessoas, enquanto PM respondia com balas de borracha.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

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O grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

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