Ministério da Justiça enviou denúncia de suposto cartel no metrô de SP à PF
O Ministério da Justiça informou nesta sexta-feira que encaminhou para a Polícia Federal as denúncias que recebeu sobre o suposto cartel em obras do metrô de São Paulo nas gestões tucanas de Mário Covas e Geraldo Alckmin (1999/2004). Segundo a pasta, os documentos foram levados até o ministério pelo deputado estadual de São Paulo Simão Pedro (PT), e, em seguida, encaminhados à PF.
Em nota divulgada pela assessoria, o Ministério da Justiça afirmou ainda que enviou a denúncia “no estrito cumprimento do dever legal”, mas não informou quando isso foi feito. “O Ministério reafirma que a documentação não foi encaminhada à PF pelo Conselho Administrativa de Defesa Econômica (Cade)”, diz a nota.
A denúncia foi feita pelo engenheiro eletricista da Siemens Peter Andreas Gölitz, que revelou à PF detalhes do cartel envolvendo multinacionais que se aliaram para conseguir contratos junto à Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e no Metrô, segundo reportagem do Estado de S.Paulo. Funcionário da Siemens desde 1987, Gölitz confessou ter conhecimento e participação “na devida proporção e nos limites de suas funções e responsabilidades, de condutas anticompetitivas, em alguns projetos de licitação de metrôs e trens".
O engenheiro descreveu ajustes prévios e como executivos das multinacionais combinavam as condições dos projetos da Linha 5-Lilás do Metrô, além das manutenções dos trens da CPTM série 3000 e o projeto de modernização da CPTM. Sobre a participação de dirigentes do setor de transportes , ele disse que não tinha conhecimento da participação de nenhum agente público no esquema.
Sobre o projeto da fase 1 da Linha 5 do Metrô, ele declarou que "recebia instruções de Jan-Malte Orthmann (outro leniente da Siemens) sobre com quais pessoas deveria falar nas outras empresas para alinhar a oferta global do consórcio, para trocar informações técnicas e sobre equipamentos, visando, especialmente à harmonização de interfaces entre os sistemas".
Segundo o engenheiro, as empresas Alstom, Daimlerchrysler, Siemens e Caf "participaram em consórcio para evitar a competitividade na licitação, formando o Consórcio Sistrem". Outro consórcio competiu, dele fazendo parte a Mitsui e a T'Trans. "A Alstom era encarregada da integração do consórcio, coordenando administrativa e tecnicamente os assuntos", ressalta Gölitz. "Coube à Alstom encaminhar os aditivos ao cliente."