Ministro diz que Brasil não será diferente de países que permitem cassinos integrados a resorts
Marcelo Álvaro Antônio afirmou que 95% dos países desenvolvidos já adotam a medida; ministro também disse que há grande possibilidade do governo adotar visto eletrônico para turistas da China e Índia
BRASÍLIA E RIO - O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, indicou nesta quarta-feira, 21, que o governo deve provocar um debate no Congresso sobre a possibilidade de permitir que cassinos possam operar integrados a resorts. A medida também foi defendida pelo prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB).
O ministro, no entanto, deixou claro que essa não é uma pauta que será discutida no curto prazo, alegando que há outros temas do turismo que são mais prioritários, como por exemplo a abertura do capital estrangeiro para empresas aéreas. "Acredito que uma questão mais ampla não tem ambiente para ser aprovada no Brasil, mas os cassinos integrados a resorts são uma discussão inevitável, pois 95% dos países desenvolvidos já permitem isso e o Brasil não será diferente."
Bispo licenciado da Igreja Universal, Marcelo Crivella defendeu nesta quarta a instalação de um resort e um cassino na região do Porto Maravilha. O tema foi abordado no encontro entre os presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump, em Washington. Crivella frisou que até já conversou sobre o assunto com o ministro da Economia, Paulo Guedes. "Quem acha que é pecado, não deve jogar", afirmou ao Estado.
No Congresso, o tema é alvo de lobbies e de frentes parlamentares a favor e contra a volta desses estabelecimentos, proibidos no País desde 1946. A legalização dos jogos já foi aprovada em comissão especial da Câmara na legislatura passada, mas ainda falta votação no Plenário. O texto resulta de 33 projetos de lei que regulamentam desde as atividades de cassinos até outros empreendimentos.
A proposta está parada na gaveta do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que já sinalizou a parlamentares pró-cassino que não pensa em discuti-la antes de a reforma da Previdência ser aprovada. De acordo com o coordenador da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Turismo, o deputado Herculano Passos (MDB-SP), é possível concentrar a proposta na aprovação de resorts exclusivos para cassinos. São Paulo teria direito a ter até três unidades e Rio, Minas e Bahia, até duas.
"Eu entendo que o melhor modelo é o de resorts integrados a cassinos. Grandes hotéis de luxo atrairiam convenções mundiais, o que vai gerar muito desenvolvimento para o turismo", afirmou o parlamentar.
'Quem acha que é pecado, não deve jogar', diz Crivella
Quais seriam os benefícios que a liberação dos cassinos traria para o Rio?
Crivella: O empresário Sheldon Adelson, presidente do grupo Las Vegas Sands, propôs investir US$ 20 bilhões na construção de um Resort Integrado na região do Porto Maravilha, caso o jogo seja liberado. É importante frisar que o investimento não é só para a construção de um cassino. O projeto prevê um complexo turístico, que vai gerar 50 mil empregos e deve quintuplicar o número de turistas que recebemos.
Como fica a sua crença religiosa em relação à questão do jogo?
Crivella: Como prefeito, acho uma boa oportunidade para gerar emprego e renda para nossa cidade. Quem acha que é pecado não deve jogar.
Governo poderá adotar visto eletrônico para China e Índia
O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, afirmou na manhã desta hoje que é "grande" a possibilidade de o governo adotar o visto eletrônico para turistas da China e da Índia, numa tentativa de aumentar o interesse de chineses e indianos em visitar o Brasil. Segundo ele, a proposta conta com a "simpatia" do presidente Jair Bolsonaro e do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.
"Já iniciamos conversa com o ministro Ernesto Araújo, das Relações Exteriores, e há uma possibilidade grande de termos visto eletrônico para esses dois países, China e Índia", disse o ministro, durante participação em evento do setor em São Paulo, organizado pela editora Panrotas. Apesar da conversa ainda estar em estágio embrionário, de acordo com ele, a medida deve ser colocada em prática já este ano.
O ministro lembrou que Estados Unidos, Austrália, Canadá e Japão, quando passaram a ter direito ao visto eletrônico, antes da isenção de visto, registraram um aumento de 35% nos pedidos em 2018, resultando em uma injeção de US$ 1 bilhão na economia brasileira.
O ministro evitou estimar um impacto da adoção de vistos eletrônicos para China e Índia, mas disse que, no caso da isenção para EUA, Austrália, Canadá e Japão, a injeção pode chegar a "US$ 2 bilhões ou 3 bilhões".