Moradores transferem favela para frente da prefeitura do Rio
Cerca de 500 moradores da "favela da Telerj", que haviam ocupado um terreno que pertencia à companhia em Engenho Novo, zona norte do Rio, estão acampados em frente à prefeitura
Sem uma solução definitiva de moradia, cerca de 500 moradores da "favela da Telerj", que haviam ocupado um terreno que pertencia à companhia em Engenho Novo, zona norte do Rio de Janeiro, permanecem acampados em frente à prefeitura da capital fluminense desde a sexta-feira. Eles foram para o local depois de terem sido removidos da ocupação pela polícia e exigem casas ou aluguel social.
Mais cedo, parte dos moradores interrompeu o trânsito da avenida Presidente Vargas, que passa em frente à prefeitura, para protestar, e foi dispersado pela Guarda Municipal e pela Tropa de Choque da Polícia Militar, que usou spray de pimenta e bombas de efeito moral. Entre os manifestantes, há muitos idosos e crianças de colo, boa parte com marcas do leite de magnésio no rosto, distribuído pelos voluntários para amenizar o efeito do gás.
A forte chuva que cai no Rio desde a madrugada levou parte do grupo a se abrigar na passarela da estação de metrô Cidade Nova, que se transformou em uma pequena Telerj. No local, mães trocam fraldas das crianças, usadas como armas por alguns moradores contra a Guarda Municipal, e pessoas dormem sobre colchões próximos aos pertences que restaram da ocupação, empilhados nos cantos da estação. De baixo da passarela, outro grupo organiza as doações de comida recebidas, a maior parte de leite, água, biscoitos e margarina, molhados pela chuva.
"Não quero um abrigo, quero uma casa para ficar, criar meus filhos, colocar minhas coisas", explica Jeanne de Souza, 28 anos, que antes da ocupação morava de aluguel na favela do Jacaré. "A gente estava feliz na Telerj. Não precisa nem ser um apartamento, se derem o terreno para gente, fazemos os barracos, não tem problema", disse.
Edi Santos, um dos líderes da ocupação, aguarda uma reunião com a prefeitura e promete permanecer no local até a prefeitura aceitar negociar. "Vamos continuar aqui até receber uma casa. Só queremos aluguel social se tiver papel garantindo que ele será pago até que a gente tenha uma casa", afirmou.
A concessionária Metrô Rio reforçou a segurança no local e a Tropa de Choque acompanha a movimentação dos manifestantes, que estenderam uma bandeira do Brasil em frente ao portão principal da prefeitura.