Morte de Zé Celso: laudo aponta problema em aquecedor como provável causa do incêndio
Ainda segundo o documento, houve um evento similar no apartamento anos antes, mas na época o fogo foi contido logo no início
Laudo pericial elaborado pelo Instituto de Criminalística de São Paulo aponta que a provável causa do incêndio que culminou na morte do dramaturgo José Celso Martinez Corrêa, o Zé Celso, foi um problema envolvendo um aquecedor elétrico que ficava no apartamento do artista. O documento, obtido pelo Estadão, foi recebido nesta quinta-feira, 6, pelo 36.º Distrito Policial (Vila Mariana), que investiga o caso.
Ainda segundo o documento, houve um evento similar no apartamento anos antes. "O incêndio teria se iniciado no quarto de José Celso, provavelmente em razão de um aquecedor elétrico, o qual acreditam que tenha sido atingido por alguma peça de roupa, pois fato semelhante aconteceu há algum tempo, cerca de dois ou três anos, mas na época o fogo foi contido logo de início", aponta trecho do laudo.
Especialistas destacam que é preciso ter cuidados no uso de aquecedores, lareiras e chuveiros, sobretudo na época do inverno. Veja aqui quais são as orientações.
O incêndio ocorreu na madrugada da última terça-feira, 4, e atingiu principalmente dois apartamentos (entre eles, o de Zé Celso) localizados no sexto andar de um prédio na Rua Achilles Masetti, no Paraíso, na zona sul da capital paulista. O dramaturgo, de 86 anos, foi socorrido por vizinhos e passou alguns dias internado, mas não resistiu aos ferimentos. A morte de José Celso Martinez Corrêa foi confirmada nesta quinta-feira.
"Como o perito salientou, a causa provável foi que, a partir de um superaquecimento daqueles aquecedores, que são muito usados no inverno, talvez algum objeto, alguma roupa que estivesse muito próximo tenha desencadeado a combustão", disse à reportagem o delegado Mauricio Del Trono Grosche, titular do 36º DP.
"Já ouvimos testemunhas e tudo indica que foi realmente uma fatalidade: a partir de um descuido, ocorreu um incêndio que gerou lesões graves às vítimas", disse o delegado. Entre os ouvidos, estão vizinhos, funcionários do prédio e uma diarista. "Não há outra hipótese, de que tenha sido um incêndio doloso, criminoso ou algo do tipo."
Del Trono afirma que o inquérito só não foi concluído porque a polícia aguarda ouvir outras testemunhas, como o viúvo do dramaturgo, Marcelo Drummond, e dois vizinhos próximos que auxiliaram no resgate. "Estamos respeitando o momento de recuperação deles e de luto", disse. A previsão é concluir a investigação nas próximas semanas.
Conforme o laudo, assinado pelo perito criminal Fábio André Massa, "não foi possível precisar a causa do evento, porém a análise dos elementos técnicos-materiais coligidos no local, levaram o relator a admitir como viável, a possibilidade de o incêndio ter iniciado, em virtude do contato entre um corpo de capacidade ígnea (aquecedor, etc.), com materiais de fácil combustão que ali existiam (tecido, espuma, madeira, etc.), o qual possivelmente deu início às chamas, tomando vulto, ocasionando o incêndio".