Motociclista morre após ser baleado por policial na Cidade de Deus; PM diz que 'disparo foi acidental'
Familiares do jovem disseram que o tiro atingiu a nuca dele e contestaram a versão da Polícia Militar
O motociclista Luiz Fernando do Carmo Fontes, de 27 anos, morreu após ser baleado por um policial militar na terça-feira, 4, na Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Ao Terra, a Polícia Militar disse que o disparo do agente foi acidental.
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Segundo a PM, durante patrulhamento pela Estrada dos Bandeirantes, na altura do Karatê, localidade conhecida na Cidade de Deus, policiais militares do 18º BPM (Jacarepaguá) avistaram uma moto com um homem em atividade suspeita, sentido Taquara e houve nesse momento um cerco tático.
A moto, conforme o comandante, entrou na Rua Gusmão Lobo, um dos acessos à Cidade de Deus, e foi realizado o disparo acidental. Luiz foi atingido, socorrido e levado para o Hospital Municipal Lourenço Jorge. Depois, ele foi transferido para o Hospital Municipal Miguel Couto, onde faleceu.
Ainda de acordo com a PM, os policiais utilizavam câmeras corporais e foi aberto um procedimento apuratório para analisar as circunstâncias dos fatos. O caso foi registrado na 32ª DP.
Família contesta
Familiares de Luiz contaram à TV Globo que ele morava na Cidade de Deus com a companheira e, no momento em que foi baleado, estava indo para a casa da mãe, na Taquara. O jovem era fiscal de voo de asa-delta e, de vez em quando, também fazia trabalhos como entregador para complementar a renda.
A família disse que o tiro atingiu a nuca de Luiz e contestou a versão da Polícia Militar. "Isso sempre está acontecendo, nós vemos as reportagens. E sempre é acidental, não teve culpa, tiram as cargas das suas responsabilidades e ninguém assume nada. Eu acho que temos que lutar pelos direitos e ver o que pode ser feito, porque não foi casual. Deram um tiro para matar mesmo, um tiro de fuzil na nuca do meu filho", afirmou a mãe Vaneide Carmo à emissora.
A irmã de Luiz, a professora Mellise Fontes, ainda comentou que ele era um dos pilares da família. "A gente não imagina passar por isso nem nos piores pesadelos. Estamos consternados, mas decidimos canalizar as nossas forças para buscar justiça. A gente tem que sair desse processo de naturalizar a violência urbana. E precisamos dar nome. Não é sem querer ou acidental."