Motorista de app relata à polícia que idoso levado a banco estava vivo durante percurso
Depoente afirmou que Paulo Roberto Braga chegou a segurar a porta do carro antes de desembarcar
O motorista de aplicativo que levou a mulher e o Paulo Roberto Braga, de 68 anos, até a agência bancária em Bangu, no Rio de Janeiro, onde foi constatado o óbito dele, prestou depoimento à polícia. Ele relatou que o idoso estava vivo no trajeto e que ‘chegou a segurar a porta do carro’. A informação é do UOL.
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A declaração foi dada nesta quarta-feira, 17, à Polícia Civil. Segundo o condutor do carro de aplicativo, o momento em que Paulo segurou na porta foi no desembarque do veículo, já no estacionamento de um shopping. Então, a suspeita Érika de Souza Vieira, o colocou na cadeira de rodas e ele encerrou a corrida.
Segundo o relato, ele deixou os dois no shopping do bairro porque o acesso de veículos é proibido na agência bancária.
O motorista também contou que a mulher teve ajuda de outro homem para colocar o idoso dentro do carro, antes de iniciar a viagem, pois ele não andava. Enquanto ela e o homem seguravam os braços de Paulo, as filhas da mulher seguravam a perna dele para colocá-lo no banco traseiro.
Conforme a reportagem, o rapaz que ajudou no transporte do idoso até o carro informou que conhecia tanto ele quanto Érika, e confirmou que o homem estava vivo nesse momento. Ele trabalha como mototaxista.
“Quando entrei na casa, Paulo estava deitado na cama. Peguei Paulo pelos braços com a ajuda de Erika, e o levei até dentro do carro. Consegui perceber que ele ainda respirava e tinha forças nas mãos”, disse à polícia.
Ainda não se sabe se ele morreu antes ou na agência
A primeira suspeita da polícia é a de que o idoso tenha sido levado já sem vida para a agência bancária. O laudo do exame de necropsia que foi produzido pelo Instituto Médico Legal (IML) constatou que Paulo morreu por volta das 11h30 e 14h30 da terça-feira, 16, por broncoaspiração do conteúdo estomacal e falência cardíaca.
O perito que assinou o documento, porém, considerou que não foi possível concluir se Paulo morreu no trajeto, no interior da agência ou se foi levado já cadáver ao local. Segundo o documento, "não há elementos seguros para afirmar, do ponto de vista técnico e científico".
O laudo também mostra que o idoso já estava "previamente doente, com necessidades de cuidados especiais". A informação está alinhada com o que foi dito por Érika à polícia, que afirmou ser cuidadora do idoso e sobrinha ou prima de consideração de Paulo Roberto.
Ainda não foi divulgado o resultado do exame toxicológico, que poderá indicar se houve ou não envenenamento.
Relembre o caso
Érika de Souza foi presa em flagrante após levar o cadáver de um idoso em uma cadeira de rodas a uma agência bancária e tentar sacar um empréstimo de R$ 17 mil no nome dele. O caso aconteceu na terça-feira, 16, em Bangu, na zona oeste do Rio. A sua defesa alega, no entanto, que Paulo Roberto teria morrido dentro da agência.
Em um vídeo gravado por uma funcionária do banco, é possível ver Érika segurando a cabeça de Paulo, que pendia para trás. Ela também tenta fazê-lo segurar uma caneta. Quem aponta que o idoso não estava bem é a atendente do estabelecimento. Pouco depois, a polícia foi acionada.
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) esteve no local e constatou o óbito. A polícia foi acionada após funcionários da unidade estranharam a atitude da mulher.
Apesar da alegação da defesa da suspeita, um dos socorristas do Samu afirmou que o idoso estava morto havia pelos menos duas horas. Conforme o depoimento, o tempo que o idoso estava sem vida foi constatado devido os livores – manchas arroxeadas que correspondem às zonas de falta ou acúmulo de sangue – que seu corpo apresentava. Essas características costumam aparecer após esse período em que a pessoa já está morta.
Além disso, uma das funcionárias do banco também relatou às autoridades que achou o idoso muito debilitado, em um primeiro momento, mas, ao se aproximar, orientou que a assinatura fosse feita por ele igual à da carteira de identidade. Ela percebeu que ele estava pálido e sem sinais vitais quando ele não respondeu no momento em que deveria assinar o documento para liberar o empréstimo.