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Motorista de caminhão-pipa em SP não tem... água em casa

Antônio José da Silva, 46 anos, mora em Osasco, na Grande SP, e transporta água até para protestos contra a falta d'água. Mas em casa a torneira seca à noite

27 fev 2015 - 09h06
(atualizado às 13h57)
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MSTS leva caminhão pipa para manifestação em SP:

O maior ato contra a falta de água e as ações do governo estadual em São Paulo desde o início da crise da falta de água, ano passado, reuniu na noite dessa quinta-feira cerca de 10 mil pessoas – entre sem-teto e simpatizantes deles – em frente ao Palácio dos Bandeirantes, zona sul de São Paulo. A "estrela" da manifestação, porém, foi um caminhão-pipa com 5 mil litros de água avaliados entre R$ 300 e R$ 400 dirigido por um motorista que tem casa, mas tem não exatamente o que transporta: água.

O motorista é Antônio José da Silva, 46 anos, morador de Osasco, na Grande São Paulo. Ele chegou ao ato organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) dirigindo o caminhão da distribuidora em que trabalha, no Jaguaré, zona oeste da capital. Todo dia, afirmou, carrega pelas ruas da cidade e da região metropolitana "entre oito e dez" desses caminhões. Água, em casa, só dez horas do dia – das  6h às 16h, contou, a família não fica à míngua graças à caixa d’água.

O motorista Antônio carrega milhares de litros de água potável, todos os dias, mas só tem água em casa durante o dia
O motorista Antônio carrega milhares de litros de água potável, todos os dias, mas só tem água em casa durante o dia
Foto: Janaina Garcia / Terra

“É racionamento. Toda noite falta, às 16h já não tem mais e só volta às 6h do dia seguinte”, relatou. Indagado sobre quem bancou os 5 mil litros que ‘aderiram’ à manifestação, resumiu: “O movimento dos sem teto”. E o que seria feita com o volume? “Volta para fonte, ou derramam, enfim, fazem o que quiserem”, definiu.

A manifestação contou com bonecos alusivos ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) dentro de uma banheira com chuveiro, ou com máscaras dele em pessoas vestidas de Morte – com cajado às mãos e túnicas pretas. Do Largo da Batata, o grupo marchou pela avenida Faria Lima e por ruas do Itaim Bibi até o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, onde um grupo da coordenação estadual do MTST foi recebido, por volta das 21h, pelo secretário estadual da Casa Civil, Edson Aparecido.

<p>A &quot;escolta&quot; era feita por integrantes dos sem-teto</p>
A "escolta" era feita por integrantes dos sem-teto
Foto: Janaina Garcia / Terra

Durante o trajeto, que foi pacífico, um dos coordenadores do movimento, Guilherme Boulos, afirmou que “o problema de São Paulo não é falta de chuva, mas de investimentos para captar a agua da chuva e destinar cisternas às famílias”. “Exigimos que o governo do Estado faça a distribuição dessas cisternas e apresente um projeto emergencial relacionado também com poços artesianos para os mais afetados”, disse Boulos.

Do lado de fora do palácio, alguns manifestantes simularam uma espécie de dança da chuva, enquanto outros preferiram gritar “Cadê a água?” ou “Se aumentar a conta, não vamos mais pagar”.

Fonte: Terra
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