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Movimento: PMs destruíram o centro de SP dizendo que foi a gente

Segundo um dos integrantes do MPL, ontem ficou claro que polícia "bate em qualquer um"

14 jun 2013 - 12h56
(atualizado às 14h48)
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Foto: Mariana Ayabe / vc repórter

O confronto entre policiais e manifestantes durante o quarto protesto contra o aumento na tarifa do transporte público na capital paulista deixou um rastro de destruição no centro na noite de quinta-feira. Lixeiras incendiadas, vidros de estabelecimentos quebrados, ônibus, muros e monumentos pichados e muita sujeira espalhada. "Eles (policiais militares) destruíram o centro dizendo que foi a gente", declarou Caio Martins, um dos integrantes do Movimento Passe Livre (MPL), organizador dos protestos.

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De acordo com Martins, cerca de 15 mil pessoas participaram do ato. Ele ressaltou que a marcha começou pacífica e tranquila em frente ao Theatro Municipal mas, na altura da Consolação, a polícia começou a jogar bombas. "Foi repressão o tempo inteiro, mas ficou claro ontem que a violência é sempre introduzida pela polícia", afirmou. 

A polícia teria iniciado o confronto porque um "acordo" que havia sido feito com os manifestantes teria sido rompido. Segundo o major Lidio Costa Junior, do Policiamento de Trânsito da PM, o combinado era que a manifestação, que começou na praça Ramos de Azevedo, em frente ao Theatro Municipal, se encerrasse na praça Roosevelt, ao lado da igreja da Consolação. "Se não é para cumprir acordo, não adianta reclamar das consequências", disse o major.

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O integrante do MPL desconhece esse acordo. "Parece que para o governador está muito cara a avenida Paulista e não quer o protesto vá para lá. Houve claro cerceamento à liberdade de manifestação. Eles estão querendo impedir que a gente vá a certas vias. A gente não fechou a Paulista, mas a polícia fechou", criticou. 

Martins também salientou que, pela primeira vez, a polícia assumiu que colocou policiais infiltrados no protesto. Alguns, inclusive, teriam praticado atos de vandalismo para parecer que fossem os manifestantes. "Para ver o nível que chegou. Tinham muitos e aí foi terrível. O protesto terminou reprimido pela polícia."

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O integrante classificou o quarto dia de protesto como o mais violento até agora. "Tinha muita gente machucada, com bombas sendo jogadas de helicóptero. Alegam que são bombas para efeito moral, mas que podem mutilar por causa dos estilhaços", criticou. "Eles (policiais) batem em qualquer um, vão atacando arbitrariamente. É uma violência incontrolável e todo mundo se fere. Um vandalismo da polícia", completou. 

"Haddad mente"

Caio Martins negou que a prefeitura tenha "aberto as portas" para o diálogo com os manifestantes para falar sobre a causa. "O Haddad (Fernando, prefeito de São Paulo) mente ao dizer que estão abertos ao diálogos. A prefeitura e o governo do Estado se fecharam ao diálogo", acusou.  

Vaquinha

O MPL segue com a campanha no site conhecido como "Vakinha" para arrecadar dinheiro para o pagamento das fianças de manifestantes presos pela polícia. Até as 12h30 desta sexta-feira, o movimento tinha arrecadado R$ 8,18 mil e outros R$ 22,17 mil estavam para ser confirmados. "As prisões são arbitrárias e as pessoas têm se solidarizado com a luta e com quem está lutando", explicou. 

A próxima manifestação agendada pelo MPL será na próxima segunda-feira. O ato será no Largo da Batata, a partir das 17h.

Cenas de guerra nos protestos em SP

A cidade de São Paulo enfrenta protestos contra o aumento na tarifa do transporte público desde o dia 6 de junho. Manifestantes e policiais entraram em confronto em diferentes ocasiões e ruas do centro se transformaram em verdadeiros cenários de guerra. Enquanto policiais usavam bombas e tiros de bala de borracha, manifestantes respondiam com pedras e rojões.

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Durante os atos, portas de agências bancárias e estabelecimentos comerciais foram quebrados, ônibus, muros e monumentos pichados e lixeiras incendiadas. Os manifestantes alegam que reagem à repressão opressiva da polícia, que age de maneira truculenta para tentar conter ou dispersar os protestos.

Segundo a administração pública, em quatro dias de manifestações mais de 250 pessoas foram presas, mais de 250 pessoas foram presas, muitas sob acusação de depredação de patrimônio público e formação de quadrilha. No dia 13 de junho, vários jornalistas que cobriam o protesto foram detidos, ameaçados ou agredidos.

As passagens de ônibus, metrô e trem da cidade de São Paulo passaram a custar R$ 3,20 no dia 2 de junho. A tarifa anterior, de R$ 3, vigorava desde janeiro de 2011.

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Segundo a administração paulista, caso fosse feito o reajuste com base na inflação acumulada no período, aferido pelo IPC/Fipe, o valor chegaria a R$ 3,40. "O reajuste abaixo da inflação é um esforço da prefeitura para não onerar em excesso os passageiros", disse em nota.

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), havia declarado que o reajuste poderia ser menor caso o Congresso aprovasse a desoneração do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) para o transporte público. A proposta foi aprovada, mas não houve manifestação da administração municipal sobre redução das tarifas.

Fonte: Terra
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