MP descobre uso de soda cáustica e água oxigenada em fábrica de leite no RS
Consumidores devem redobrar a atenção ao adquirir produtos lácteos e acompanhar as informações divulgadas pelos órgãos competentes
Quase 12 anos após o início da primeira fase e sete anos depois da última etapa conhecida, a Operação Leite Compensado ganhou novos desdobramentos nesta quarta-feira, 11 de dezembro. Coordenada pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), a 13ª fase culminou na prisão de quatro envolvidos, incluindo o químico industrial apelidado de "alquimista" ou "mago do leite", que já havia sido preso em fases anteriores por fraudes similares.
As investigações, conduzidas pelas Promotorias de Justiça Especializada Criminal de Porto Alegre e de Defesa do Consumidor, identificaram a produção de derivados lácteos adulterados em uma indústria localizada no município de Taquara, no Vale do Paranhana. Entre os produtos encontrados estavam leite UHT, leite em pó, soro e compostos lácteos, todos contendo substâncias nocivas à saúde, como soda cáustica e água oxigenada. Também foram detectados pelos indefinidos e sujeira nas embalagens. Até o momento, a Justiça não autorizou a divulgação das marcas envolvidas.
Histórico de irregularidades
O químico industrial preso já havia sido alvo da quinta fase da operação, em 2014, quando foi comprovada sua participação na adição de substâncias como soda cáustica e bicarbonato de sódio nos produtos de uma indústria em Imigrante, no Vale do Taquari. Apesar de ter sido absolvido de uma condenação em 2005 e de estar aguardando desde 2022 para a instalação de tornozeleira eletrônica, ele volta a ser protagonista em um escândalo de grandes proporções.
De acordo com o MPRS, o químico estava impedido pela Justiça de trabalhar no setor de laticínios, mas continuava atuando ilegalmente, assessorando uma fábrica na cidade de Taquara. O laticínio contratante também é alvo das ações da operação.
Desdobramentos
A 13ª fase da Operação Leite Compensado mobilizou 110 agentes e contou com a colaboração do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), Receita Estadual, Fundação Estadual de Proteção Ambiental (FEPAM), Ministério Público de São Paulo (MPSP) e Delegacia do Consumidor da Polícia Civil (DECON). Foram cumpridos 4 mandados de prisão preventiva e 16 de busca e apreensão em empresas e residências localizadas em Taquara, Parobé, Três Coroas, Imbé e na capital paulista.
Entre os presos estão o químico industrial, o sócio-proprietário da indústria localizada em São Paulo e dois gerentes.
Impactos para o consumidor
As revelações alarmantes colocam em destaque a importância de um sistema robusto de fiscalização na indústria alimentícia. A fraude envolvendo produtos lácteos afeta não apenas a segurança alimentar, mas também a confiança do consumidor. O caso ainda é objeto de investigação e novos desdobramentos são aguardados. Enquanto isso, consumidores devem redobrar a atenção ao adquirir produtos lácteos e acompanhar as informações divulgadas pelos órgãos competentes.