MP do Rio defende isolamento e contraria posição de Crivella
Os braços fluminenses do Ministério Público Federal e da Defensoria Pública da União também criticaram o 'isolamento vertical'
O isolamento vertical como estratégia contra o novo coronavírus, defendido pelo presidente Jair Bolsonaro, que já é mal visto por especialistas, ganhou mais críticos neste domingo, 29. Em nota conjunta, o Ministério Público e a Defensoria Pública do Rio, além dos braços fluminenses do Ministério Público Federal e da Defensoria Pública da União, reforçam a defesa do chamado isolamento horizontal, modelo que tem sido adotado por governadores e prefeitos.
No caso da medida que o presidente defende, idosos e outros integrantes do grupo de risco do novo coronavírus ficariam em isolamento, mas as demais pessoas poderiam viver normalmente, o que, no entender do presidente, poderia proteger a economia. Já no caso do isolamento horizontal - defendido por especialistas, pela Organização Mundial da Saúde e pelo próprio Ministério da Saúde -, todos devem aderir às restrições, já que, uma vez infectados, poderiam contaminar quem é do grupo de risco.
A nota divulgada pelos órgãos endossa a recomendação e também manifesta preocupação com os danos causados pela crise na economia. Pedem, por isso, a adoção de medidas econômicas e de proteção social.
O Rio renovou, na última sexta-feira, o decreto do governador Wilson Witzel (PSC) que restringe uma série de aspectos da vida cotidiana, como o acesso às praias e o funcionamento das escolas.
Witzel tem protagonizado embates com Bolsonaro no âmbito da crise, posicionando-se contra a atitude do presidente de negar a importância do isolamento horizontal. Em entrevista ao Estado na semana passada, disse que o presidente cometeu improbidade administrativa no seu último pronunciamento à população, quando defendeu a reabertura de escolas e do comércio.
Já o prefeito do Rio, Marcelo Crivella (Republicanos), apesar de também ter adotado na cidade medidas restritivas, vem sinalizando apoio a Bolsonaro e deu declarações neste domingo que sinalizam concordância com o presidente. Neste domingo, ele disse que espera receber Bolsonaro na cidade na semana que vem. E sugeriu que, como ainda não há vacina para a covid-19, os jovens deveriam buscar uma imunização natural.
"Para a gente protegê-las (as pessoas do grupo de risco), é preciso que toda a população aos poucos se torne imunizada. Como, se não temos vacina? É preciso que continuem trabalhando, que continuem nas suas atividades, e aqueles que forem pegando, nem sintoma vão apresentar, a maioria dos jovens é assim", disse.
"Os jovens que estão na indústria da construção civil podem continuar trabalhando, pessoal dos serviços também pode continuar trabalhando. As curvas serão analisadas hoje e não tem nenhuma indicação, no momento, de que precisaremos fazer um lockdown."