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MP e Cremesp investigam médico Renato Kalil após relatos de abusos; entenda as denúncias

Relatos de pacientes apontam agressões, assédio e comportamento antiético. Médico nega as acusações e se coloca à disposição das autoridades

20 dez 2021 - 18h13
(atualizado às 18h43)
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O Ministério Público e o Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) estão investigando o médico Renato Kalil após relatos de pacientes que denunciam supostas agressões, assédio sexual, comportamento antiético e gordofobia. As declarações vieram à tona nas últimas semanas, o que levou à abertura das apurações formais. O médico nega as acusações para "comprovar sua ética e retidão profissional".

Novas denúncias contra o médico, acusado de violência obstétrica pela influenciadora Shantal Verdelho, foram apresentadas pelo programa "Fantástico", da TV Globo. Quatro mulheres que não quiseram ser identificadas e a fotógrafa de partos Fernanda Sophia relataram os episódios.

Uma mulher que afirma ter acompanhado o parto da influenciadora Shantal Verdelho disse que o clima mudou quando o médico chegou ao hospital. "Sempre de forma prepotente e, em alguns momentos, agressivo, sem respeito ao cansaço e ao processo que a Shantal já estava passando desde o momento que chegou à maternidade. Foi muito exaustivo", disse ela.

O médico Renato Kalil está sendo investigado pelo Ministério Público e pelo Cremesp após pacientes denunciarem supostas agressões, assédio sexual, comportamento antiético e gordofobia
O médico Renato Kalil está sendo investigado pelo Ministério Público e pelo Cremesp após pacientes denunciarem supostas agressões, assédio sexual, comportamento antiético e gordofobia
Foto: Kalil Clínica Ginecológica e Obstétrica / Divulgação / Estadão

Uma paciente disse ter estranhado quando, no início da consulta, ele afirmou que ela tinha um corpo bonito. Quando relatou ser bissexual, a mulher disse que o ginecologista começou a falar sobre fantasias que ele teria. "Comecei a me sentir muito constrangida", disse ao "Fantástico". "Tenho muita raiva que no dia eu não consegui fazer absolutamente nada. Nunca mais voltei", afirmou.

Outra ex-paciente o acusa de gordofobia. "Ele disse que eu nunca iria engravidar porque estava gorda", diz. "Em todas as consultas ele falava sobre outras pacientes. Ele cita nomes, inclusive de pessoas famosas. Sei de histórias de artistas e blogueiras. Ele é muito antiético", afirma.

Uma ex-funcionária afirmou que ele pedia para ser tocado. "No primeiro momento foi a coisa mais difícil da minha vida, não tinha chão pra pisar, não sabia o que eu fazia. Pra mim ele é um doente, uma pessoa que precisa de tratamento. Viciado em sexo. Um cara que trabalha como ginecologista e tem atitude assim de atacar as pessoas", afirmou ao programa.

A fotógrafa Fernanda Sophia disse ao "Fantástico" que os partos comandados por Kalil foram os mais violentos e agressivos que ela já registrou. "Ele é extremamente arrogante, trata muito mal os funcionários. Grita, maltrata. É extremamente invasivo. É como se fosse o grande centro daquela sala de parto", afirmou.

Para entender o caso

Até o momento, a imprensa publicou relatos de sete pacientes do médico Renato Kalil. As primeiras denúncias vieram à tona após o vazamento de áudios nos quais a influenciadora digital Shantal Verdelho narrava evidências de violência obstétrica durante o parto de sua filha. Em seguida, elas foram publicadas pelo portal G1 e pelo jornal O Globo. Outras denúncias surgiram nos dias seguintes.

A jornalista britânica Samantha Pearson, correspondente do The Wall Street Journal, prestou depoimento ao Ministério Público do Estado de São Paulo. Ela afirma ter sofrido humilhações durante a consulta. A Promotoria de Enfrentamento à Violência de Gênero, Doméstica e Familiar contra a Mulher abriu um procedimento de investigação criminal.

Com 36 anos de carreira e mais de 10 mil partos realizados, Renato Kalil é investigado pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), após o vazamento de um áudio de Shantal Verdelho.

Médico nega as acusações e diz estar à disposição das autoridades

Procurado pelo Estadão, Renato Kalil não quis dar entrevista. Em nota enviada à reportagem, ele nega as acusações.

"O médico Renato Kalil, ginecologista e obstetra, formado há mais de trinta anos, jamais recebeu nenhum tipo de reclamação no CRM ou em qualquer hospital. Reconhecido como um dos principais médicos do País em sua área, com mais de dez mil partos realizados, tem uma trajetória baseada em inúmeras recomendações das próprias pacientes, graças à sua atenção, dedicação e profissionalismo", declarou.

"Acrescento que durante sua vida profissional jamais teve a intenção de ofender ou magoar qualquer pessoa, em especial suas pacientes. Se, por algum motivo, alguém se sentiu ofendido, pede as mais sinceras desculpas."

Sobre os vídeos exibidos disse que, se "analisados na íntegra e em seu contexto, eles mostrarão o comprometimento do Dr. Renato Kalil com a prática clínica e restabelecerão a verdade".

"O Dr. Renato Kalil repudia veementemente os relatos mentirosos que aludem a atos com conotação sexual. Enfatiza que, como sabem suas pacientes, os atendimentos ginecológicos e obstétricos, em consultório, clínica ou hospital, são sempre acompanhados por uma equipe de enfermagem", apontou.

Ele disse ter se colocado à disposição do Cremesp, "a fim de comprovar sua ética e retidão profissional". "Ele está à disposição das autoridades e colaborará com todas as investigações para demonstrar sua inocência. Tomará também as medidas judiciais cabíveis contra qualquer um que faça acusações caluniosas."

Estadão
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