MP-SP investigará mais 2 auditores por fraude no ISS
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) investigará mais dois auditores fiscais da prefeitura da capital paulista suspeitos de participação no esquema de fraude ao Imposto Sobre Serviços (ISS) na cidade.
Segundo o promotor Roberto Bodini, responsável pelas investigações do esquema, Amilcar José Cançado Lemos e Fábio Camargo Remesso - exonerado da prefeitura no último dia 2 - se juntarão aos outros quatro auditores já investigados - o ex-diretor do Departamento de Arrecadação e Cobrança Eduardo Horle Barcellos, o ex-diretor da Divisão de Cadastro de Imóveis Carlos Di Lallo Leite do Amaral, o ex-subsecretário da Receita Municipal Ronilson Bezerra Rodrigues e o agente de fiscalização Luiz Alexandre Cardoso Magalhães.
"Com a oitiva do Eduardo Barcellos e de uma testemunha protegida, e com o próprio relato do Luiz Alexandre, temos elementos para incluí-los nessa investigação. Vão ser chamados e ouvidos como último ato da investigação", afirmou o promotor.
De acordo com Bodini, os dois serão chamados para depor. “No nosso procedimento de investigação, já são seis auditores. Amilcar Cançado e Fábio Remesso ocupam posição de investigados. Com a oitiva do Eduardo Barcellos, de uma testemunha protegida e do Luiz Alexandre, há elementos para incluí-los nessa investigação”, disse.
Segundo as investigações, Amilcar chegou a fazer a função de di Lallo no esquema, enquanto Remesso exercia papel semelhante ao de Ronílson. "O Amilcar era o chefe da sala e trabalhava com o Luiz Alexandre. O Remesso substituía o Ronilson no período de férias, e as empresas que se indispunham com o Luiz Alexandre o procuravam para que ele intermediasse junto ao subsecretário para continuar o esquema”, afirmou o promotor.
O promotor afirmou também que Amilcar foi um dos primeiros a fazer parte do esquema e que parte dos pagamentos eram feitos na casa de Ronilson. “Na época do Amilcar, esses pagamentos eram feitos às sextas-feiras, na casa do Ronilson. Ele já está com os bens sequestrados e responde a um procedimento civil na Promotoria do Patrimônio Público e Social.”
Dinheiro ficava escondido em armário
Com base no depoimento de Barcellos, Bodini afirmou que o dinheiro da propina arrecadada pelo grupo era guardado em um armário na subsecretaria da Receita Municipal, que fica no prédio da prefeitura.
"Ele fala que quando o Ronilson saía de férias, os pagamentos continuavam. Os envelopes com dinheiro eram guardados num armário existente dentro da subsecretaria aguardando o Ronilson voltar e assumir as suas funções", disse.
Segundo o promotor, a quadrilha montou um QG (quartel general) no edifício. “Eles montaram naquela sala, no 11º andar do edifício sede da prefeitura, um QG para arrecadar dinheiro. O gabinete funcionou como subsecretaria de receita pessoal, porque recebiam dinheiro para eles. E com essa confirmação também deveremos prosseguir na investigação a respeito da ciência do secretário (Mauro Ricardo). Se não por ação, na sua omissão. Foram anos com dinheiro sendo entregue no andar de baixo do seu local de trabalho, dentro do prédio público, R$ 60 mil, 100 mil por semana em dinheiro guardado dentro do armário", disse o promotor.
Para Bonidi, Mauro Ricardo terá que dar explicações. "Vai ser chamado, não sei quando. Ele tem que explicar como aconteceu isso. Ele era o superior direito do Ronilson. Era um subordinado direto recebendo quantias semanais de dinheiro dentro de seu local de trabalho. E ele não sabia e nem procurou saber?", completou.