MPF investiga presença de agente da PRF em hospital onde menina de três anos recebeu socorro
Heloísa dos Santos, de 3 anos, foi atingida por duas balas de um agente da Polícia Rodoviária Federal, que confessou os disparos
O Ministério Público Federal (MPF) e a corregedoria da Polícia Rodoviária Federal (PRF) estão investigando a presença de um agente da corporação que foi visto entrando à paisana no hospital em que Heloísa dos Santos Silva, de três anos, estava internada. A menina morreu neste sábado, 16, após nove dias na UTI.
A TV Globo teve acesso às imagens das câmeras do hospital que mostram o homem entrando sem se identificar. Um funcionário percebe e avisa a um dos seguranças, que vai atrás do policial. Pouco depois, em outro corredor, o homem já aparece com o distintivo pendurado no pescoço.
Segundo a prefeitura de Duque de Caxias, porém, o agente não teria entrado no CTI onde a menina estava internada, já que foi barrado pelos funcionários do hospital.
Segundo o procurador da Repúlica, Eduardo Benones, ouvido pela emissora, caso seja comprovado que o agente ingressou no local sem autorização médica, ele pode ter cometido crime de abuso de autoridade.
Depoimento do pai e confissão de agente da PRF
De acordo com Benones, que falou sobre o depoimento dado pelo pai da menina, William Silva, nesta segunda-feira, 11, os agentes teriam atirado contra o carro antes da família descer do veículo.
"Segundo ele [o pai de Heloísa], ele percebeu a viatura, mas a viatura estaria com as luzes apagadas, atrás dele com as luzes apagadas, e daí ligaram o giroflex. Segundo ele, quando ele percebeu a presença da viatura muito próximo pelo retrovisor, ele deu seta, parou no acostamento e a partir daí em poucos segundos os fatos se desencadearam com os tiros", disse. Ainda com base no depoimento de William, os policiais não teriam dado nenhum sinal de parada para o carro e não teria tido nenhum barulho externo antes dos disparos.
Um agente da PRF admitiu ter sido o autor dos disparos que acertaram Heloísa. Fabiano Menacho Ferreira disse, em depoimento, que os policiais voltaram as atenções para o veículo de William, um Peugeout 207, depois de verem que a placa constava como produto de roubo.
Segundo Menacho, a partir daí, os agentes teriam ligado o giroflex e passado a seguir o veículo. Cerca de 10 segundos depois, eles teriam ouvido barulhos de tiro, chegando a se abaixar na viatura. Em sequência, Fabiano Menacho conta ter dado os três disparos, em razão das circunstâncias.
Próximos passos da investigação
À TV Globo, a Polícia Civil confirmou que a placa era de um veículo que foi roubado em agosto do ano passado, em Petrópolis. Uma investigação foi aberta sobre o caso e os envolvidos na negociação do veículo, que teria sido comprado há cerca de dois meses pela família de Heloísa, já foram ouvidos.