Barragem tem risco de rompimento em SP; MP pede esvaziamento
Reservatório de água está em assentamento rural e, em caso de colapso, poderia atingir dezenas de famílias na cidade de Iaras
SOROCABA - O Ministério Público Federal (MPF) entrou com ação civil pública para obrigar o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) a esvaziar uma barragem com risco elevado de colapso no município de Iaras, no sudoeste paulista. O reservatório de água está no assentamento rural Zumbi dos Palmares e, em caso de rompimento, atingiria um núcleo de famílias assentadas pela União. Na ação, distribuída à 1ª Vara Federal de Avaré, o MPF pede a remoção imediata das famílias ameaçadas e obras emergenciais até ser iniciado o processo de esvaziamento.
Conforme o MPF divulgou nesta quarta-feira, 17, em outubro de 2018 técnicos do Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee) constataram o risco severo de rompimento do reservatório Lagoa Rica e indicaram a necessidade de obras urgentes na barragem, que estava sem manutenção há vários anos.
"Até agora, no entanto, as únicas intervenções na estrutura foram realizadas pela prefeitura de Iaras, de maneira pontual", informou, citando o risco de colapso iminente. Dezenas de famílias estão na rota de escoamento da água, em caso de rompimento. Eventual desastre destruiria também plantações agrícolas e reservas ambientais.
Segundo o laudo do Daee, as ações para garantir a segurança do reservatório custariam cerca de R$ 1,9 milhão. Ainda de acordo com a procuradoria da República, a alternativa mais barata e solução definitiva seria esvaziar o lago, com custo estimado em R$ 260 mil, mas o Incra alegou não dispor de recursos para contratar o serviço.
Conforme o procurador federal Fabrício Carrer, a restrição de recursos não é motivo para a omissão dos responsáveis. "A autonomia orçamentária das autarquias não impede que haja dotações extraordinárias concedidas pelo governo federal para a realização das obras", disse.
A barragem tem cerca de 400 metros de extensão e espelho d'água de 240 mil m², área equivalente a 250 campos de futebol. O MPF pede que as famílias sejam transferidas para locais mais seguros e que o Incra apresente de forma imediata os planos de segurança de barragem e de ação de emergência, obrigatórios para esse tipo de estrutura.
A reportagem entrou em contato com o Incra, em Brasília, e ainda aguarda o retorno.
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