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Mudanças climáticas agravaram condições para incêndios no Pantanal em 40%

A pesquisa, realizada pela WWA (World Weather Attribution), apontou que as alterações causadas pelas ações humanas aumentaram de quatro a cinco vezes as chances de queimadas catastróficas no bioma

8 ago 2024 - 15h16
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As mudanças climáticas agravaram em 40% as condições de seca, calor e vento no Pantanal em 2024, conforme estudo divulgado nesta quinta-feira (8). A pesquisa, realizada pela rede internacional de cientistas WWA (World Weather Attribution), apontou que as alterações no clima causadas pelas ações humanas aumentaram de quatro a cinco vezes as chances de queimadas catastróficas no bioma.

O estudo destaca que o mês de junho foi utilizado para a análise, momento em que o Pantanal já enfrentava incêndios recorde
O estudo destaca que o mês de junho foi utilizado para a análise, momento em que o Pantanal já enfrentava incêndios recorde
Foto: Joédson Alves/Agência Brasil / Perfil Brasil

O estudo destaca que o mês de junho foi utilizado para a análise, momento em que o Pantanal já enfrentava incêndios recorde. Durante o período das festas juninas, um vídeo do Arraial do Banho de São João, em Corumbá (MS), com labaredas ao fundo, viralizou nas redes sociais.

Impacto das mudanças climáticas no Pantanal

De acordo com Filippe Lemos Maia Santos, cientista brasileiro que participou do estudo, em entrevista à Folha, os incêndios massivos estão se tornando a nova realidade do bioma. A área alagada, característica da região, está diminuindo à medida que as temperaturas aumentam, tornando a vegetação mais seca e inflamável.

"Esses fatores combinados criaram condições perfeitas para incêndios florestais de grandes proporções, pois a vegetação seca se torna altamente inflamável e as condições meteorológicas são favoráveis à propagação rápida das chamas", afirmou Santos.

O alerta dos pesquisadores é que a temporada de seca ainda não chegou ao seu auge, o que pode agravar a situação nos próximos meses. Tradicionalmente, o pico das queimadas no Pantanal ocorre em setembro, mas este ano, a temporada de fogo está antecipada.

O que causa os incêndios no Pantanal?

A temporada atual de incêndios no Pantanal geralmente ocorre entre julho e novembro e está frequentemente associada a ignições humanas. Segundo os estudos, apenas 1% dos incêndios florestais são causados por raios, destacando a predominância da atividade humana.

Para mitigar os efeitos das mudanças climáticas, os cientistas enfatizam a urgência da substituição dos combustíveis fósseis por energia renovável, além de reduzir o desmatamento e reforçar as proibições de queimadas controladas.

Como a atribuição climática funciona?

A atribuição climática busca determinar a influência do aquecimento global em eventos climáticos extremos. O grupo WWA é pioneiro nesse campo, realizando estudos rápidos com a participação de cientistas globais. Primeiramente, é verificado se o evento foi extremo em comparação a registros históricos.

Os cientistas utilizam um método revisado por pares para comparar cenários "com e sem" a influência humana no aquecimento global. Eventos extremos fazem parte da variabilidade climática natural e sempre têm várias causas, mas é possível criar modelos porque se sabe a quantidade de gases de efeito estufa lançados na atmosfera desde a Revolução Industrial.

Antes das mudanças climáticas que já aqueceram o mundo em ao menos 1,2°C desde a era pré-industrial, as condições de clima para incêndios observadas em junho eram extremamente raras e esperadas apenas cerca de uma vez a cada 161 anos. Atualmente, são quase cinco vezes mais prováveis, estimadas para ocorrer cerca de uma vez a cada 35 anos.

Se o aquecimento global alcançar 2°C, como previsto por estudiosos, condições semelhantes se tornarão 17% mais intensas e ocorrerão em média uma vez a cada 18 anos. "À medida que as emissões de combustíveis fósseis aquecem o clima, o Pantanal está esquentando, secando e se transformando em um barril de pólvora", explica Clair Barnes, pesquisadora do Instituto Grantham do Imperial College de Londres, à Folha.

Estatísticas dos incêndios

Os incêndios no Pantanal começaram no fim de maio, mais cedo que o normal, segundo a WWA. De janeiro até esta terça-feira, 6 de fevereiro, o bioma registrou 6.655 focos de calor, representando um aumento de 1.973% comparado ao mesmo período do ano passado. O acumulado atual também supera o de 2020, considerado o ano mais crítico da história, quando 30% do bioma foi consumido pelo fogo.

Em relatório recente, o MMA (Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas) informou que a área queimada no Pantanal, neste ano, varia entre 1.027.075 a 1.245.175 hectares, cerca de 6,8% a 8,3% do território total do bioma. A análise foi feita com dados do Laboratório de Aplicação de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa/UFRJ).

Perfil Brasil
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