Mulher diz que vendeu loja e mudou de cidade após polêmica com morador de rua
Sandra Mara Fernandes classificou como humilhantes os ataques que passou a sofrer depois da repercussão do caso
Sandra Mara Fernandes, 34 anos, virou notícia em março deste ano após ter tido relação sexual com o morador em situação de rua Givaldo Alves de Souza, 31 anos, dentro de um carro, na cidade de Planaltina (DF). Em entrevista à Folha de S. Paulo, ela contou que, depois desse episódio, passou a sofrer ataques, que classifica com humilhantes, nas redes sociais e em aplicativos de conversa. Além disso, precisou vender sua loja de roupas e mudar-se de cidade.
Na Justiça, a empreendedora obteve uma liminar que proíbe Givaldo de falar publicamente sobre ela. "Ele me expôs como mulher, como ser humano, ele me atacou de todas as maneiras possíveis, então, ele acabou ali com a minha moral. Criaram perfis falsos em meu nome usando as minhas fotos. A população acreditou que tudo aquilo que ele falou era verdade", falou a mulher ao jornal.
"Vivemos numa sociedade machista e por isso tenho sofrido ataques. O que mais me dói nesses ataques é quando eu sou atacada por outras mulheres. Porque vir de outra mulher é muito sofrido", disse ainda.
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Sandra está em tratamento psiquiátrico e disse que evita sair à rua. À Folha, ela relatou o que se passou naquele dia. Segundo a mulher, ela, a sogra e a filha estavam na rua no fim de tarde quando Givaldo apareceu querendo ver a Bíblia que ela lia.
Ela disse que viu naquele homem a representação de Deus e também de seu marido – mais tarde, isso foi diagnosticado como um surto psicótico, fruto de um transtorno bipolar que ela não sabia que tinha. Momentos depois, sem a filha e a sogra, ela voltou a encontrar o homem e os dois foram de carro até um local deserto, onde ocorreu o ato sexual.
De acordo com Sandra, ela imaginou que consumar o ato sexual com aquele homem – que enxergava ser a figura de Deus e do marido – poderia concretizar o sonho da família de mudar de vida financeira. Em sua alucinação, ela acreditou que isso a levaria a ganhar na Mega-Sena.
Ainda conforme contou à Folha, o seu marido Eduardo encontrou os dois no carro e agrediu o homem. Ela foi levada ao hospital, sem entender o que aconteceu, e passou a receber atendimento dado a pessoas vítimas de abuso sexual. Após ser medicada e já em casa, ela teve mais dois surtos e precisou ser internada para tratamento.
Ela afirmou ao jornal que só foi saber o nome de Givaldo 15 dias depois e percebeu que não se tratava de uma "divindade".
"Comecei a ter crises de ansiedade e tiveram que reforçar um medicamento. Comecei a dormir mais do que ficar acordada. Como mulher, comecei a sentir nojo de mim. Tive uma crise em que me perfurei 28 vezes com uma caneta, por não aceitar aquilo. Eu não queria aceitar que aquilo tinha acontecido realmente."
Sandra teve alta após um mês e se isolou de notícias sobre o caso. Ela também contratou uma equipe para cuidar de suas redes sociais, pois teme que voltar a lidar com o mundo virtual desencadeie uma nova crise psicótica.
A empreendedora disse ainda que não se encontrou com a sogra depois do episódio, pois ainda não está preparada, e que se afastou da igreja, mas não perdeu a fé.
"Não estou preparada para continuar em uma religião. Não sei como vai ser futuramente, mas por enquanto a única certeza é que não preciso me colocar dentro de uma igreja para que minha fé em Deus se mantenha", falou.
Já Givaldo vive atualmente no Rio de Janeiro. Depois que o caso veio à tona, ele já apareceu em vários programas de televisões e jornais, além de passar a ser agenciado por um empresário, Diego Aguiar, conhecido por intermediar negociações de bitcoins. Givaldo não respondeu aos questionamentos da Folha e o empresário não foi localizado até a publicação da reportagem.
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